Conflitos Interiores

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Rus: ME SOLTA! - gritou se debatendo às forças na tentativa inútil de se soltar dos homens que o seguravam.

A figura de roupas militares aproximou-de si outra vez. Com seus punhos cerrados e um sorriso sádico em seus lábios, desferiu dezenas de socos seguidos na face do rapaz, que, impedido de revidar, recebia todos os impactos impossibilitado de desvio. Já estava ficando tonto, seus sentidos foram se nublando a cada impacto enquanto todo o seu rosto sangrava e se marcava com a intensidade dos murros. Já não tinha mais forças, foi lançado sobre o chão e ali recebeu agora dezenas de pontapés por todo o corpo, quase desfalecido sem poder fazer nada além de sujar os sapatos dos soldados com seu sangue.

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Lá estava o rapaz de face estrelada sentado em uma mesa do bar da esquina, girando o canudo em seu refrigerante com seu olhar pensativo perdido nas bolhas de gás que subiam no líquido e se desfaziam em sua superfície, enquanto escutava ao longe as pessoas em sua volta se entrosando, conversando e rindo entre si. Sua linha de pensamento rodeava a sua paz naquele instante em meio à agitação da cidade. Com a mente vazia e ao mesmo tempo tão cheia, alguém surgiu repentinamente em meio ao vácuo para lhe quebrar a distração, perdido na própria imaginação.

Br: E aí, América?! - lhe cumprimentou com seu ânimo frequente e constante, surpreendendo o rapaz que deu um salto sobre a cadeira com o susto de seu surgimento repentino.

Eua: Brasil?! E aí, cara? - lhe cumprimentou sendo logo contagiado pelo ânimo do rapaz de dreds esverdeados com quem sempre estava conversando nos intervalos da faculdade.

Br: Você parecia meio perdido aí. Tava pensando no quê, bonitão? - perguntou com seu tom brincalhão se sentando na cadeira de frente ao garoto.

Eua: No meu velho, nada demais - respondeu se ajeitando na cadeira.

Br: Como vocês estão?

Eua: Briguei com ele de novo - disse bebendo do canudo em seu refri.

Br: Por aquele mesmo motivo?

Eua: É. Ele tá o tempo todo ocupado com assuntos policiais e às vezes parece um ditador falando.

Br: Credo. Pelo menos ele tá de boa com você?

Eua: Continua distante, mas por um lado ele não tem tempo pra ficar tentando me controlar, aí eu posso fazer o que eu gosto pra passar o tempo - brincou

Br: Ele nem faz ideia do que você faz?

Eua: Acho que não, senão ele já teria enchido meu saco e me proibido. Mas não tenho culpa se é isso que me preenche.

Br: Ele piorou com aquele tal conflito lá, né?

Eua: Tá mais chato que o normal. Mas não sei o que tá acontecendo direito, ele não fala dessas coisas comigo.

Br: Caraca...Já faz tempo que a polícia tá em conflito com o União Soviética. As ondas de crime estão crescendo.

Eua: Pois é. Quero ver até onde isso vai chegar. Mas e aí? Como estão as coisas com o Angentina? - brincou se desviando daquele assunto.

Br: Aah, bem...- falou ruborizado passando a mão por trás do pescoço - Estamos saindo.

Eua: Já rolou alguma coisa? - sorria com malícia.

Br: Nós nos beijamos - respondeu com um sorrisinho tímido mas ao mesmo tempo safado.

Eua: Meu garoto! - comemorou - Sabia que tinha alguma coisa aí, sempre shippei vocês dois!

Br: (Risos) Ai, cara... eu tô muito boiola - brincou caindo na gargalhada e levando o seu amigo a fazer o mesmo.

Eua: Quando vocês vão namorar? - ria.

Amor em CaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora