Proteção

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A lâmina se aproximava de seus pulsos quando a mão de América veio e a arrancou das suas, o envolvendo num abraço que o afagava e lhe impedia de se fazer mal. Rússia sentiu as lágrimas se secarem de seus olhos e sentiu uma paz tomar seu coração ao estar no afago do menor que o livrara de lhe fazer mal. A imagem de seu falecido pai, da arma e do sangue, dos chicotes, dos cortes, íam e voltavam em sua mente lhe causando desconforto, e todas as recordações das torturas que sofreram naquele lugar atingiam sua mente com tudo, ele se consumia na agonia, no medo, e a culpa corroía seu coração de forma que ele não suportava tal dor, mas ela se aliviava quando olhava para o americano encostado em seu peito, unindo seus corpos um no outro naquele abraço bem apertado e mirava a si com aqueles olhinhos azuis que mesmo tão indefesos eram capazes de protegê-lo de todos os fantasmas de seu passado que o atormentavam. Ele queria cuidar de seu pequeno, mantê-lo ao seu lado, deixá-lo seguro, para que aquele luz e aquela paz que o acompanhavam nunca deixasse de existir. Rússia geralmente não se abria e não costumava se apoiar em ninguém, mas mesmo que não deixasse sua guarda abaixar, era inegável que quando estava com América, seu coração ficava mais leve, ele era como um porto seguro para ele, seu ponto de salvação em meio àquele caos que afligia sua alma, ele era como seu anjo protetor.

Seus olhos se abriram com aquele sonho tão diferente dos que costumava ter normalmente, Rússia olhou em volta, ainda estava naquele quarto escuro onde há poucas horas atrás havia feito amor com o mesmo rapaz que acabava de ver em sua mente e que nos últimos dias vinha dominando seus pensamentos. A porta e as janelas estavam trancadas, só assim para que ele conseguisse dormir com um pouco mais de tranquilidade, o lençol ainda possuía o cheiro da pele de Estados Unidos grudado em seu tecido e um pouco do líquido de ambos ainda estava manchado ali. Quantas lembranças aquilo lhe trouxe. O soviético puxou a extensão do lençol com suas mãos fazendo uma elevação no tecido e aproximou seu nariz, sentindo o perfume do rapaz tão claramente outra vez.

Rus: Na pele dele era mais doce - pensou alto, se lembrando e desejando sentir o cheiro de seu pequeno outra vez, era tão atrativo e doce para si.

Não relutou contra seus sentimentos naquele instante mas permitiu que estes fluíssem naturalmente, mesmo que sempre com aquele ligeiro empecilho de sua defesa lhe incomodando de admitir o que realmente sentia, ele não relutava em dizer para si próprio que sentia falta do jovem e o queria por perto. Podia não ser amor, mas com certeza Rússia sentia algo muito especial por ele, se sentia seguro com ele, mesmo sendo o mais alto, forte e até chegando a ver o rapaz como alguém indefeso e frágil, aquele mesmo rapaz fraco ainda era o que mais trazia conforto ao jovem na sua vida, era ele quem lhe trazia todos os sentimentos que nunca havia experimentado antes. Russ deitou sua cabeça sobre o lençol onde sentia o cheiro do menor com tanta clareza e fechou os seus olhos, imaginando como se ele estivesse ali consigo.

Longe dali, o dono de seus pensamentos também tinha sua mente nele, ele cheirava suas próprias roupas sentado sobre a cama, o cheiro de seu amado havia grudado nelas.

Eua: Rusky...- chamou por seu nome.

Toc toc toc

O som de batidas na porta foram ouvidas, roubando sua atenção para fora.

Ing: Filho?

Eua: Oi, papai - respondeu com tranquilidade e um sorriso sereno nos lábios - Chegou cedo - falou deixando as roupas sobre a cama e indo em direção à porta.

Ing: Mudei meus horários - falou enquanto a porta se abria em sua frente - Quer tomar um café com o seu pai?

Eua: Claro - respondeu saindo do quarto e fechando a porta.

Ing: Aconteceu alguma coisa de especial? - indagou enquanto seguiam pelo corredor.

Eua: Nada, por quê? - respondia com leveza, se sentia nas nuvens.

Amor em CaosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora