Capítulo 09: A Cabana

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Duas pessoas famintas... Uma cabana no meio do nada...

O que pode acontecer, não é?

👀👀👀

Aprecie sem moderação! 

***




Estava afundada em pensamentos, minha conversa com Jamie indo e voltando, como se fosse necessário repassar cada frase, reter as palavras e talvez explicar o que acontecia comigo... conosco. A espera me deixou ansiosa, a possibilidade de passar a noite sob o mesmo teto que ele, me assustava, eu não sabia que tipo de impulsos meu corpo teria e como reagir a eles, afinal desde que coloquei os pés na Escócia, as coisas pareciam ter se bagunçado, e com Jamie entrando no cenário, ganhou proporções inimagináveis.

Antes de viajar, enquanto planejava e fazia a reserva da hospedagem, só pensava em como seria bom passar um tempo sozinha, respirar ar fresco fora do coração de Londres, e criar um momento de memórias só minhas. O principal era limpar os filtros da mente e voltar renovada e pronta para retomar o controle da vida. Mas de repente... um cara, mas não um rapaz qualquer, e sim, um de presença tão enigmática e, ao mesmo tempo, tão familiar. Me pego envolvida em seus encantos.

Ainda era dia, mas a paisagem estava banhada por uma luz turva e acinzentada. Pingos pesados começaram a cair, esparsos e violentos, um atingiu o meio da minha cabeça e me fez grunhir de surpresa. Jamie chegou mais perto, e numa confusão de um único braço, tentou nos envolver no tartan. Juntos, cobrimos as cabeças e ombros, e ele passou a me sustentar com sua mão firme no meu antebraço. Já estávamos molhados, mas pelo menos o tecido impedia a chuva gelada de nos atingir diretamente.

— Seu tartan nos serviu de diversas formas hoje, Jamie, preciso me lembrar de adquirir um, na loja dos Fraser antes de partir. ‒ Achando graça, ele fez um som nasal muito característico, e eu sorri.

Meu corpo doía de frio e de desconforto da caminhada e meus mamilos estavam enrijecidos e ardiam em contato com a roupa molhada.

— Você disse que tem ducha com água quente, certo? ‒ Olhei para ele de soslaio.

— Tem, sim, Sassenach e comida também.

— Isso é realmente reconfortante porque estou faminta e sei que você também está, sua barriga não para de roncar.

— Estou tentando me lembrar o que há no freezer e pensar em comida...

— Fiquei curiosa, você disse que sua cabana foi construída quando tinha oito anos e que você usava o chuveiro da casa do seu avô. Agora me promete um banho quente e comida congelada.

— A cabana evoluiu, Sassenach, não é mais um quadrado frio com apenas uma cama como quando eu tinha oito anos. Hoje está mais para um chalé espaçoso e muito bem equipado. ‒ Jamie fez uma pausa, pensativo, eu não via seu rosto, mas tinha plena percepção de como seu corpo reagia, e era estranho ter essa sensibilidade sobre ele.

— Houve um tempo em que não me senti confortável em lugar nenhum, nem na casa do meu avô, nem no meu pai, então decidi construir um lar de verdade, um em que me sentisse feliz. Veio a calhar com a época em que meu pai dividia a herança do meu avô, ele ficou só com a loja pra si, procurou pelo meio-irmão e lhe deu uma parte do dinheiro. Jenny deve ter guardado a parte dela pra se casar um dia, e eu... Consegui as autorizações para construir, comprei um chalé de estrutura pré-moldada e levantei tudo numa semana. Uns amigos ajudaram, bebemos ao final para comemorar e batizar minha casa.

Além do tempo (parte I)Onde histórias criam vida. Descubra agora