Além do tempo (parte I)

Capítulo 11: Sucumbidos

Olá, querida leitora, como vai?

Faça uma ótima leitura desse belo capítulo com a visão de Jamie.

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POV JAMIE

A cabana não nos deixou longe do corpo um do outro por muito tempo, mas afinal, nossa pele já clamava por toques e nossos lábios vinham salivando. Foi maravilhoso finalmente sentir a maciez do beijo dela, juntamente de sua pele perfeita e fria, como se o meu calor se fizesse necessário e se tornasse um acalento em nossas almas. Nos apoderamos fisicamente e mentalmente um do outro e por alguns momentos, quebramos a barreira do tempo e espaço. Havíamos só nós dois ali e nada parecia capaz de afetar a bolha que criamos nos braços um do outro.

Conexão. A palavra ia e vinha na minha cabeça. Ligação, junção, união, contato, liga... vínculo... laço...

— No que você está pensando, Jamie? ‒ Claire interrompeu meus devaneios.

— Na verdade, não estava pensando em nada, só usando energia para olhar você. ‒ Ela remexia nos livros e filmes das prateleiras.

— Me fala desse aqui? ‒ Me mostrou um livro pequeno de capa vermelha.

— Deve ser da Jenny, não me lembro dele.

— É sobre amor e tragédia.

— Se sabe, então por que me perguntou?

— Quis saber se você leu e poderíamos debater sobre como ressignificar o amor. ‒ Claire falou e sorriu brevemente.

— Isso me parece complexo, porque o amor apesar de tão falado é tão mal interpretado.

Ela me deu um daqueles olhares de pura surpresa e curiosidade.

— Por que mal interpretado?

— Porque amor não precisa ser algo para uma vida, e muita gente acha que só é amor se for duradouro. Há pessoas que acreditam que amor é algo perfeito e passam a vida inteira buscando algo que não existe. E tem aqueles que perderam um amor e acreditam que nunca mais vão ser dignos novamente.

— Está falando do seu pai?

Devo ter tido alguma reação, apesar da tentativa de me manter firme.

— Sim, sim. Ele seguiu os exatos passos do meu avô, perdeu um amor e se afundou em si, não deixou mais ninguém entrar.

— Como é a relação de vocês, Jamie?

— Ele é um ótimo pai, tem defeitos como qualquer outro, mas é difícil vê-lo carregar tanta tristeza por tantos anos. Jenny acabou permanecendo mais com ele, eu me afastei um pouco, só não consegui ficar longe muito tempo. ‒ Claire sentou-se ao meu lado no sofá. — Voltei da França porque ele estava doente e me assustava a ideia de não estar aqui caso ele morresse.

Havia uma certa tensão dentro de mim, mesmo o assunto não sendo um problema.

— Ele está bem hoje? ‒ Claire segurou a minha mão, seus dedos frios mais pareciam estacas finas de gelo.

— Sim, foi apenas um susto. ‒ Ela sorriu e meu corpo se aliviou quase instantaneamente.

— Seu pai nunca amou outra mulher?

— Nunca, assim como meu avô.

— É pra soar bonito, se pensar em um amor pra vida toda, mas é realmente triste, se considerar que uma das partes pode vir a faltar e a outra nunca se recuperar.