Capítulo 16: Vamos arder até o último segundo

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Olá, querida leitora.

Espero que goste e ao final me deixem um recadinho, que vou adorar responder.

Boa leitura!  

***




O atordoamento não melhorou muito no pequeno trajeto a pé até o carro estacionado.

— Podemos não falar de nada disso até a segurança da cabana? ‒ Minha voz soou trêmula.

Jamie nem respondeu. Abriu a porta e entrou, deu partida em direção ao hotel, onde sem conseguir pensar muito, peguei algumas roupas e coisas pessoais. Meu corpo estava estranho, me traindo mais uma vez, eu sentia meus músculos doerem, rígidos por toda tensão que criei. Meus olhos ardiam e havia um nó na minha garganta, tornando o momento sufocante. Eu queria gritar.

No começo, até pensei que riria de toda a situação com Graham, e fui muito movida por uma curiosidade irreprimível. Estava crente que não daria credibilidade a ela, mas ali estava eu, descendo as escadas e saindo do hotel, totalmente desconcertada e acreditando que aquele homem a minha frente, era a minha alma gêmea. Me sentia uma completa ridícula. A senhora Graham definitivamente era uma bruxa, e mexer com o psicológico certamente era seu maior poder.

Jamie também estava mexido e visivelmente tenso. Enquanto eu empacotava minhas coisas, ele lia compulsivamente o livreto entregue por Graham.

— Posso dirigir? ‒ Eu disse num impulso quando vi o carro.

— Claro. ‒ Sua voz soou doce, livre da tensão que eu esperava.

Não houve muita conversa durante o trajeto, o som ficou ligado embalando nossos pensamentos, e pela primeira vez, Jamie não cantarolou, nem comentou sobre as músicas. Mas o silêncio entre nós não era desconfortável, nunca foi. Ele sabia que eu estava refletindo e absorvendo da forma como dava conta, e eu sabia que ele fazia o mesmo.

Pouco conhecia a crença de Jamie, ele me contou que não frequentava nenhuma igreja, e nunca perguntei se ele se inclinava para uma doutrina. O papo da velha me pareceu meio espírita, e esse lado sempre foi pra mim o mais complicado. Eu já vira coisas sem explicação e ouvi palavras que martelaram e moldaram partes da minha vida; e dessa vez não foi diferente. ‒ Minha querida. ‒ A voz doce de Graham invadiu minha cabeça, enquanto entrava na estrada de terra até a cabana.

Estacionei em frente às pedras espalhadas, que faziam parte da decoração despretensiosa de Jamie. Eu conseguia ver o cuidado em todos os detalhes, a escadinha numa árvore próxima, um jardim delimitado por tijolinhos, onde as flores lutavam para sobreviver em meio a tanta sombra, e bem no meio, resquícios de uma fogueira acesa em outra ocasião.

— Podemos fazer fogo aqui mais tarde?

— Nós vamos. ‒ Estávamos numa sintonia estranha, eu podia sentir alguma coisa no ar.

— Gosto de... ‒ Fui interrompida e prensada contra a porta do carro as minhas costas. — Jamie... ‒ Minha voz era só um sussurro.

— Não quero falar, Sassenach.

— Também não.

Ele me apertou mais forte e soltei o peso do meu corpo no dele.

— Só quero beijar você. ‒ E sua boca tomou a minha, quente e macia como sempre.

Alguns segundos e eu já não ouvia mais meus pensamentos, nem os mais insistentes e barulhentos. Só conseguia sentir os lábios habilidosos e insaciáveis daquele rapaz igualmente habilidoso e insaciável, mas também gentil e leal a seus princípios.

Além do tempo (parte I)Место, где живут истории. Откройте их для себя