você pode ficar?

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Bianca- POV

Eram 2hrs da manhã, para a hora que chegamos no bar ja era tempo suficiente permanecido ali. Manu e Mari pararam de beber bem mais cedo, Marcela estava claramente alterada, assim como eu. Minha cabeça doía um pouco e eu estava zonza, e apesar disso ainda me mantia de pé, mas tinha certeza que quando chegasse em casa ficaria mal.

Seguimos para casa de taxi, todos juntos outra vez. Primeiro Marcela, depois Manu, e por último, eu. Mari me ajudou até a porta de casa e eu garanti que ficaria bem, qualquer coisa eu ligaria. Então ela me deixou e eu tentei manter minha pose de sóbria até a mesma "sumir" no elevador.
Eu entrei, mas percebi que havia deixado a chave do lado de fora, ainda bem que notei.

Quando abro a porta novamente para pegar... ué, eu a tinha deixado cair??
Cocei a cabeça e me abaixei com calma para tatear o piso, já que minha visão estava um pouco embaçada. — Droga, não acredito que perdi minha chave.

— Procurando por isso? — Oh, eu nunca fiquei tão feliz de ouvir a voz de Rafaella.

— Ainda bem que você achou. Eu. preciso. fechar. isso aqui. — Falei pausadamente, meu estômago estava embrulhado demais, e eu estava forçando para me levantar.

Rafaella - POV.

Meu trabalho como cupido não me dava garantias para ficar ao lado de Bianca, eu já tinha terminado meu serviço bem antes, na verdade. Mas ela parecia tão mal, tão fraca, e apesar de saber que ela era responsável, eu não podia simplesmente dar as costas e ir embora, não vendo-a naquela situação.

— Ei, vem! Tenta levantar devagar. Segura nos meus braços. — Ela mantinha a cabeça baixa e parecia ser forças. O sangue tinha esfriado, era sempre assim, a pessoa simplesmente "morre" se ela para por 5s depois de beber. Antes que eu pudesse falar algo com ela novamente, aconteceu uma surpresa um tanto desagradável. Bianca simplesmente vomitou nos meus pés, bem na porta do apartamento.

— Rafa, me, me desculpa por isso. Eu não...
— Shhiiiu. — A interrompi. — Ta tudo bem, eu vou limpar isso e você vai ficar bem.— Fiz um coque mal arrumado em seus cabelos, para impedir de que os fios sujassem no vômito que estava presente em parte de sua blusa.

— Consegue levantar agora? — Ela afirma positivamente e então o fizemos assim.
Subimos as escadas devagar e com certa dificuldade, mas no fim deu certo. Estávamos no quarto agora. — Você precisa de um banho, e eu preciso lavar os pés. O que você está sentindo? — Pergunto enquanto ela ainda está apoiada em mim. Sento-a na cama e ela põe as mãos na cabeça.

— Dói tudo, parece que vai explodir. Estou um pouco tonta também, mas o enjoo passou, obviamente. Desculpa de novo.

— Relaxa. — Falei alto já do box do banheiro para que ela pudesse ouvir. Volto então para o quarto. — Acha que consegue tomar banho sozinha enquanto preparo algo pra você?

— É, acho que sim. — Bianca levantou e tentou retomar o equilíbrio, mas a tentativa foi meio falha. Acabou por sentar na cama outra vez.

— Uma ova! Não consegue nem ficar de pé. Você precisa do meu remédio logo, mas primeiro, vou te colocar debaixo do chuveiro. — Analisei o quarto e peguei uma banqueta de madeira que tinha ali, acho que não teria problema em molha-la. Enquanto eu arrumava as coisas no box e separava uma tolha, Bianca se tentava se despir, e de novo, não deu muito certo.

— Rafae..... Eu não consigo.

— Tô vendo isso. — Aproximei-me e então pedi para que ela levantasse os braços, a fim de que eu tirasse a blusa melada. — Pronto, a pior parte ja foi. Se quiser pode entrar assim.

— Só me ajuda a tirar essa calça, por favor. — Deixei que ela desabotoasse a calça jeans e ajudei ela a se apoiar para que conseguisse tirar.

— Pronto, agora eu vou te deixar no banheiro, e vê se fica quieta debaixo da água até eu voltar, okay? — Bianca assentiu e eu então o fiz. Deixei ela no chuveiro e desci para a cozinha, nunca tinha reparado o quanto ela era organizada. Fofa.

Coloquei um pouco d'água esquentar e peguei um vidrinho que havia dentro do bolso do meu casaco. Dentro dele havia uma espécie de líquido que os humanos costumam chamar "elixir", mas na verdade, era o líquido da vida, vindo diretamente da mais pura fonte da cidade dos anjos cupidos. Capaz de curar qualquer coisa, até mesmo atrasar a morte de um cupido ou humano, se Bianca tomasse, em questão de minutos estaria bem e dormindo.

Deixei a água ferver, escolhi uma xícara e com a ajuda de um conta gotas, depositei dois pingos do elixir dentro do líquido quente, que ao entrar em contato, tornou instantaneamente a água em um chá de coloração azul. — Feito.

Segundos depois eu estava no quarto outra vez com a caneca na mão, coloquei-a em cima da cômoda e fui verificar se Bianca ainda estava viva. A porta do banheiro não estava aberta como eu havia deixado. — Bianca , tá tudo bem? Posso entrar?

— Pode. — Ela concordou e então eu ri da cena que vi ao abrir a esquadria. Bianca estava sentada na tampa vaso, enrolada numa toalha e tentava enxugar seus cabelos com outra que estava jogada em cima da sua cabeça. — Por favor, se seu remedio por me ajudar, me dá logo. Não devia ter bebido tanto.

— Está esfriando, ainda está bastante quente. Vamos secar seu cabelo?

— O secado tá nesse armário. Não consegui levantar pra pegar, eu tô uma merda!

— Eu estaria mentindo se não concordasse com você.

Peguei o secador, um pente e então comecei o processo, nada muito demorado, seus cabelos eram poucos. 10 minutos depois não havia mais trabalho a ser feito. — Vou buscar um pijama pra você. — Busquei e a deixei só para que se vestisse. Quando ela saiu do banheiro veio direto para a cama, eu peguei a xícara e lhe entreguei. Ela não encarou o chá com uma cara boa. — Você cuspiu aqui dentro, Rafaella?

— Tá cheia de gracinha, já está ficando boa, não é!? Bebe logo, não é tão ruim quanto imagina. Na verdade, esse é o melhor chá que vai beber em toda a vida. — Logo após minha fala, Bianca deu o primeiro gole e constatou o que eu havia dito.

— Nada mal. — Ela comentou.

— Agora você tem que descansar, e eu preciso ir.

— Desculpa por vomitar em você. — Bianca me encarou de forma tão triste, não sabia se ainda era efeito da bebida ou se ela realmente estava preocupada em eu não desculpa-la por aquilo, mesmo eu dizendo outras duas vezes que não tinha problema. — Você pode ficar?

Brigdes Where stories live. Discover now