Ela vai ficar bem?

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Bianca - POV

O corpo de Rafaella parou de tremer, e eu desejei com todas as forças que ela voltasse para mim, mas não aconteceu, ela permanecia desacordada. A pulsação estava fraca, e ela perdia cada vez mais sangue.

— Ela precisa de um hospital, urgente. Se agora ela é humana, ela corre risco de vida, não é? — Miguel disse e nem esperou eu falar algo. Mas ele estava certo, mais que certo. Ele tirou Rafa dos meus braços e passou para os dele, colocando -a no banco traseiro do carro, e eu entrei junto, para tentar estancar aquele sangue e manter a cabeça de Rafa apoiada. Pyong agora ia na frente com Miguel.

— Ela vai ficar bem? Eu preciso que ela viva, Bia. — o deus disse e eu assenti. — Eu também preciso, Pyong. — Eu a amo.

Apertava o máximo possível tentando parar aquele sangramento, mas era quase em vão. Seus lábios já estavam esbranquiçados, eu não podia perde-la. Não outra vez. — Mais rápido, Miguel. Por favor. — Lágrimas escorreram dos meus olhos, e meu amigo acelerou o automóvel.

Quando chegamos ao hospital mais próximo, Miguel saiu do carro e pegou Rafa no colo novamente. Nós fomos direto para a emergência, então, um de vários médicos que esperaram, provavelmente, uma ambulância com um trauma maior, veio nos atender.

— UMA MACA AQUI, POR FAVOR— O de jaleco gritou, e quando a maca chegou,Miguel pos Rafa em cima, enquanto eu, continuava com minha mão pressionando o ferimento. Assistir todas as temporadas de Greys anatomy haviam me ensinado uns truques.

O médico se aproximou e eu tirei minha mão do ferimento para que ele pudesse vê-lo, mas começou a literalmente, jorrar sangue. — Hemorragia e braquicardia. Não tire sua mão dai. Senta na maca, porque você vai entrar comigo. — O Dr. ordenou e eu assenti com a cabeça, fiquei um pouco assustada.

Nós seguiamos pelo corredor e ele me enchia de perguntas. Como tinha acontecido, se eu a conhecia, como eu a encontrei, o que tinha causado aquele ferimento, era algo que ele nunca havia visto. Miguel não pode ir muito longe, então me despedi dele com um olhar, assim como Eros.

— Mulher com identidade desconhecida, atende por Rafaella, aparentemente entre 20 a 25 anos, hemorragia e escoriações, perfuração no tórax. Atingiu o coração, se quisermos que ela viva, precisamos operar agora. — O doutor falou com uma equipe maior. E um desespero interno correu dentro de mim, foi como se meu sangue inteiro tivesse congelado.

Queria um abraço do Miguel agora, queria ouvir de Eros que tudo ficaria bem.

Eles iriam transferir ela pra maça cirúrgica, e leva-la para a operação, agora era minha hora de deixa-la ir. — No 3 você tira a mão, ok.

— Okay. — Recebi a ordem e o fiz. Tirei minhas mãos do ferimento e a equipe começou uma corrida contra o tempo. E eu fiquei ali, no meio daquela sala, em choque enquanto olhava o sangue dela em minhas mãos. Como se sua vida escorresse entre meus dedos e eu não pudesse fazer nada.

— Srta. Andrade? — A enfermeira chamou. — Vou te ajudar a se limpar, venha comigo, os policiais já chegaram.

Depois que me limpei, fui levada para uma sala reservada onde pudesse conversar com as autoridades. Eu já imaginava que aquilo iria acontecer, o que me restava era inventar alguma mentira, ou eles iriam acreditar que eu tinha me apaixonado por uma cupido e que o irmão dela a salvou, mas agora ela estava morrendo?

Miguel já estava lá. — Por favor, sente-se também. Nós só queremos nos certificar de como tudo aconteceu. — O homem fardado falou, e eu e Miguel nos olhamos. Caralho, o que eu ia dizer?

— Nós simplesmente a encontramos na ponte, ela já estava daquele jeito. — Meu amigo falou.

— E vocês a conhecem?

— Não. — SIM. — Miguel negou e eu confirmei. Então continuei para tentar explicar, aquilo não era mentira. — Eu a conheço. Mas o Miguel não, ele só estava me dando carona, nós iriamos para um evento da vogue, e vimos a Rafaella caída no chão.

— E de onde você a conhece?

— Da rua. Ela é moradora de rua, e evitou uma vez que eu fosse assaltada. Desde então eu a ajudava, as vezes. — Um dos policiais assentiu com a cabeça, eles estavam anotando tudo. Perguntaram também se eu sabia de alguém que poderia ter feito aquilo com ela, o motivo. Mas eu neguei, era melhor parar de mentir alí, afinal de contas, eles nunca descobririam nada mesmo, não adiantaria enfeitar a história.

— Obrigada pela colaboração de vocês. Iremos investigar o caso e tentar achar informações sobre ela.— Dei um sorriso fraco concordando e sai da sala com o Miguel, depois fui levada para outra, assinando os termos da cirurgia e as despesas do hospital. Não me importava em pagar a quantia que fosse, desde que eles a mantivessem viva.

Agora, Miguel estava na sala de espera, e Eros ja tinha ido embora, deixando um recado para que eu cuidasse da irmã até que ele voltasse. E era isso que eu iria fazer. Não sairia de perto dela.

Eu estava com medo.

Narrador - POV

Já era madrugada, e já estavam entrando na quinta hora de cirurgia. Rafaella estava com um rombo no coração, e aquilo dificultaria qualquer recuperação, mas o médicos tentariam até o fim.

Bianca estava muito aflita, e agradeceu por ter Miguel do seu lado. Eles não faziam ideia se Rafaella reagiria ou não depois de tudo que havia passado. A morena aproveitou para contar toda sua história com a loira ao amigo, que se comoveu com a situação e abraçou fortemente muitas vezes aquela madrugada. Ele não a deixaria sozinha. E sabia que o medo de Bianca seria perder Rafaella para sempre.

Brigdes Where stories live. Discover now