Talvez não seja o Fim

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Rafaella- POV

— Eu amo você! E não consigo mais evitar isso. — Ela me explicou com os olhos cheios d'água. Era realmente inevitável que chegássemos a esse ponto, fosse comigo ou Bárbara. E era exatamente por isso que eu estava desenhando. Seria meu presente de despedida.

Sua confissão me deixou totalmente sem ação, eu realmente não esperava que ela fosse chegar ali e jogar aquelas palavras na minha cara. — O que vai acontecer? — Ela perguntou receosa.

— Você não vai mais poder me ver. — Falei baixo.

— Agora?

— Não, eu acho que só vão arquivar o caso pela manhã.

— Então nós ainda temos tempo, pouco, mas temos. — Seus olhos me fuzilavam, castanhos e iluminados como nunca.

Nós temos o último tempo da nossa vida juntas.

Eu soltei o desenho em cima da cômoda para me aproximar mais dela. Precisávamos estar perto uma da outra.

— O que você sente por mim, Rafa? — Minha cabeça queria hesitar, mas meu coração queria sair de dentro do peito por causa dela. Eu não podia aguentar mais, deveria, mas não estava conseguindo.

— O que eu sinto por você? — Sorri e me aproximei mais, estávamos tão perto uma da outra, que eu sentia sua respiração ainda quente. Uma de minhas mãos se entrelaçou em uma das dela, e então continuei. — O que eu sinto por você é algo tão forte que eu seria capaz de abandonar todos os meus sonhos,tudo,só para viver-lo

Ela sorriu, provavelmente pensando que minhas palavras tinham um significado mais poético do que deveriam, mas não, era real. Eu teria que passar por uma lavagem cerebral ou ser condenada a passar a eternidade no tártaro. Eu não queria que ela soubesse que o que estávamos prestes a fazer, me desgraçaria para sempre, porque se soubesse, provavelmente não me deixaria seguir em frente. Mas eu estava disposta a amar aquela mulher.

— Bianca... eu te amo! — Respondi por fim.

E sem hesitar mais, a beijei. Colei nossos lábios como se minha vida dependesse daquilo, e talvez, dependesse. E foi de longe, a coisa mais incrível que eu já senti em milhares de anos, a maciez dos lábios dela. Era como ter pedaços de algodão doce derretendo na minha boca, fogos de artifícios explodindo atrás de mim, como se eu estivesse descobrindo um mundo novo, e nesse mundo só existisse apenas eu e Bianca. Minha vontade era de não parar aquele beijo nunca mais, sentia meu coração querer rasgar, mas agora era repleto de um sentimento bom, e pelo que eu sentia emanando do coração dela, Bianca se sentia da mesma forma.

Nos beijamos por muito tempo e com muita intensidade. Nosso amor era tanto e, tão repreendido, que eu chorava e Bianca chorava ainda mais, seus lábios tremiam, e eu já não pensava em mais nada. Eu só queria aquilo, só queria permanecer vivendo para sentir sua língua indo de encontro da minha, e nada mais tinha importância. Agora eu sabia exatamente como Babu havia se sentido.

Minhas mãos subiam e desciam por suas costas, ora ou outra puxando-a mais para mim, até irem de encontro as alças de seu vestido, as quais eu fiz questão de descer lentamente por seus ombros, vendo a vestimenta cair aos seus pés, deixando o resto de seu corpo exposto a mim, e mais que isso, eu também já não tinha algo que me cobrisse, minhas asas estavam totalmente abertas, e eu as guardaria, mas Bianca pareceu achar incrível e pediu que eu as deixasse daquela forma.

— Vamos pra cama. — Ela falou e eu obedeci, empurrando-a até lá enquanto ainda nos beijávamos. E então ela me olhou novamente. Suas íris estavam mais escuras, as pupilas totalmente dilatadas, cintilando desejo, e a pouca luz do luar que adentrava pela janela, deixa-a ainda mais surreal.

Bianca me fitou meu corpo tão intensamente que senti minhas pernas tremerem e meu corpo todo pegar fogo. Suas mão quentes dominaram minha cintura e eu já estava entregue naquele momento. Ela beijou meu pescoço, beijou minha clavícula e se deleitou sobre meu colo. E eu não tenho palavras para descrever o que senti.

Eu pequei, e cada mínimo detalhe daquela noite estava sendo um pecado maravilhoso. Eu jamais me arrependeria daquilo, jamais trocaria  essa noite por mais milhares de anos como cupido.

Quando pensamos em conversar, na verdade, nem fazíamos questão daquilo, então era melhor mesmo NÃO falar.

Bianca e eu nos amamos noite a dentro, por horas e horas, até os primeiros raios de sol surgirem no horizonte. Eu tinha aprendido muito aquela noite, sensações novas, coisas que eu desconhecia e que ela me mostrou, me levou a um mundo completamente novo.

Aquela noite eu a amei, e ela tocou em minhas asas pela última vez. Bianca trouxe sorrisos e lágrimas ao meu rosto. Nós nos divertimos, rimos, choramos outra vez e nos amados de novo, repetidas vezes perdidamente apaixonadas. Não existe reabilitação e lavagem cerebral no mundo que me faça esquecer ou apagar as coisas que eu vivi hoje, que eu senti, e eu tinha certeza que carregaria para sempre esses sentimentos em meu coração.

Ela adormeceu em meus braços, e eu fiquei admirando o quanto ela era linda, o quanto nosso encaixe era perfeito, e do quanto eu a amava.  Era tão incrível sentir sua pele na minha, sentir seu cheiro, o cheiro dos cabelos dela, eles cheiravam a camomila e flor de laranjeira, eu amava.  Amava o jeito ela estava enraizada em mim, e o modo como ela já tinha dominado meu ser por inteiro.

— Meus braços te abraçam pela última vez, meus lábios te beijam pela última vez. Pela última vez, eu estou contigo, e pela última vez, estou dizendo que te amo, Bianca Andrade .— Ela estava dormindo, mas eu dei um jeito de que isso ficasse com ela, de certa forma.

Eu certamente, iria morrer de saudade, mesmo que ainda estivesse aqui, porque quando ela acordasse, eu sabia que não poderia mais me ver.

Nunca mais.

                           ~Fim~

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