Eu amo você

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Bianca - POV

É incrível como em um dia sua vida pode virar de cabeça para baixo. Seus sentimentos e emoções se misturam, existem dúvidas, há escolhas para serem feitas e decisões a serem tomadas, mas estranhamente, a única coisa que você consegue prestar atenção no momento, é o jeito que a pessoa devora um balde de pipoca inteiro em minutos, como seus olhos ficam presos num filme de animação e como eles sorriem por si só. Durante todo o resto do dia, eu e Rafaella não fizemos muita coisa além de comer e ver filmes juntas, e aquilo me parecia suficiente, mas cada hora que se passava, tinha um gosto esquisito a mais de despedida. E meu coração ficava cada vez mais frio e melancólico.

Ao invés de estar surtando pelo meu encontro com Bárbara, eu finalmente parecia ter aceitado algumas coisas dentro de mim. A gente vai deixando de querer algo que antes queria mais que tudo. Ou talvez, eu só estivesse maluca, afinal de contas, Rafaella é uma cupido, e não haveria um ''depois'' pra nós. Ela desapareceria e eu nunca mais a veria. Não era como um conto de fadas ou pó de pirlipimpim, que tudo magicamente se acerta. Não era mesmo, porque logo era desapareceria para mim.

Rafaella me colocou diante do espelho para que eu visse o vestido que ela mesma havia escolhido. Ele era preto, justo, com alças finas e de tecido macio. Ela tinha jeito para a coisa. Eu estava me sentindo bonita, e fiquei me questionando se ao olhos dela eu também estava.

— Você está perfeita,Bia. —Senti minhas bochechas pegarem fogo.

— Dou todo crédito a você, olha só a obra prima que este vestido ficou! — Nos duas rimos, mas sabíamos que aquilo não seria fácil para ninguém. Pego meu celular para olhar a hora e eu já estava praticamente atrasada, eu odiava não ser pontual.

— Já está na hora de irmos?

— Ah, Rafa... Acho que você não precisa ir. — Falei e ela me olhou confusa.

— Não? Mas e se você precisar de mim? Essa noite pode ser a chave para tudo, e se...

— Ei, não se preocupa, eu vou fazer tudo certo. E caso eu precise de você, basta te chamar, não é? — Perguntei já calçando os saltos. Rafaella assentiu, mas não pareceu muito convencida, mesmo assim, me deixou ir sozinha. Então eu fui. Não sabia ao certo o porquê de não quere-la lá comigo, mas meu sexto sentido dizia que eu precisava fazer aquilo sozinha, e por mim.

Antes de sair de vez, ela apareceu no estacionamento acenando para mim, com um sorriso mínimo nos lábios. Nós duas sabíamos que tudo isso estava chegando ao fim.

Cheguei no restaurante bem na hora, às 20 hrs em ponto. Passeei com meus olhos sobre o salão a fim de encontrar Bárbara, mas falhei miseravelmente. Eu quase fiquei perdida, mas um senhor cortez se aproximou com uma listinha na mão, perguntando se eu era Bianca Andrade, e dizendo que Bárbara estava me esperando na cobertura. Eu segui o mais velho até lá, e sentada num canto mais reservado estava ela, que abriu um sorriso enorme assim que me viu. Eu me aproximei e o mesmo senhor puxou a cadeira para que eu sentasse. — Obrigada. — O agradeci e ele nos deixou a sós.

— Obrigada por fazer isso. — Bárbara disse.

— O que? Por vir? — Perguntei enquanto ela pegava uma taça de champanhe trazida por um garçon. Eu a acompanhei.

— Sim... Por um momento achei que não viesse, e fiquei aqui sentada lembrando da primeira vez que estivemos aqui.

— Você me pediu em namoro naquela pista de dança, Bárbara. — Sorri. — Pé de valsa. — Dei um gole na taça com a bebida e suspirei.

— A gente vai dançar, vem. — Mal terminei de engolir o champanhe e ela já tinha me puxado para levantar. A cobertura do restaurante era perfeita,  agora de pé, nós conseguíamos ver quase tudo da cidade.

Brigdes Where stories live. Discover now