Eros

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Pyong - POV

Hoje o dia seria marcado de grandes trabalhos. A cidade dos anjos e cupidos estava movimentada, a padaria cheia e o conselho repleto de problemas para "o senhor bonzão" aqui resolver (Rafaella e Harmonia sempre me chamam, eu sempre sinto falta demais da loira quando sai para as missões). Ah, hoje também iria dar aula da minha matéria favorita: tratamento das flechas e propriedades sanguíneas. É isso, como podem ver, eu sou um faz tudo.

Harmonia, minha irmã mais nova me ajudava a lidar com as confusões no conselho, ela não é uma cupido, mas que bom que não. Talvez o pobre eu não suportasse o fato de ter as duas irmãs tão longe. Durante séculos eu fui muito sozinho, sempre quis ter irmãos, alguém para conversar, partilhar sentimentos, brigar encher o saco e, ainda assim, amar incondicionalmente. Então quando Rafaella nasceu eu me senti o cupido mais feliz do mundo, e logo após, veio Harmonia. Minhas irmãs são absolutamente tudo pra mim, e eu daria minha vida por elas se fosse preciso.

Pego minha maleta com flechas e saio de casa. Aqui era uma cidade tão comum quanto as da terra (E não, não é repleto de nuvens, elas existem apenas no céu). Nós temos prédios, casas, escolas, praças, árvores... a diferença é que existe magia e, em vez de carros, todos usam as asas, ou estão aprendendo a usa-las. É muito gratificante não ouvir aquelas buzinas chatas todos os dias. Sinceramente, o trânsito da terra me dá nos nervos. Meu voo não seria longo, e então decido ir ao conselho a pé mesmo.

Logo na entrada estava ela, Harmonia. — Bom dia, irmão. Temos 3 problemas pra resolver hoje.

— Ah, quais são?

— Bom, você ja deve ter sido comunicado sobre o Sales, era primeira missão dele na Terra, mas simplesmente desistiu.— Harmonia disse e continuou. — Ana, a sua estagiária, acabou se autoflechando na aula de alvo, nada grave, mas vai ter que descansar hoje e não vai poder te ajudar na aula. E finalmente o Pedro, ele saiu faz 15 min, levou nossa comida para a Terra. Vai ter que conversar com ele depois, a pontuação dele ja baixou. Outra vez. Lembra quando você sempre fazia isso?

— O motivo de mamãe ainda me odiar. — Eu ri e ela negou com a cabeça. — Então é só? Até que hoje está razoável. Acho que podemos substituir o Sales pelo Wells, mais experiente, mais sábio, certamente ajudará seu humano ou humana muito bem. Bom, o Paulo eu resolvo depois, ele vai aprender a lidar com isso aos poucos.

— Okay. Eu vou contatar o Wells em 5 minutos, onde ele está?

— Na vinda, eu vi ele na oficina fabricando pontas de flechas.

— Falarei com ele. E Rafaella , irmão? Ela não veio nos visitar nesses últimos 3 dias. Acha que está tudo bem?

— Claro, é a Rafaella, lembra?  Mas estou sentindo falta dela, acho que vou chama-la hoje. — Harmonia fica animada com a proposta, eu olho para meu relógio de pulso e aciono o comando por voz. — Convocando a cupido numero seis, Rafaella, a comparecer a cidade hoje, o mais breve possível. — Mensagem enviada com sucesso, senhor Eros. — A voz robótica me responde e assim eu concluo o serviço no conselho, bem na hora de começar a aula.

— Até logo! — Me despedi da minha irmã e fui para o centro escolar. Fica localizado na área mais alta da cidade, de onde podemos observar tudo o que acontece, inclusive quem entra ou sai pelos portões. A escola parece um templo grego, com grandes colunas dóricas, imponentes, mas na verdade, nós costumamos usar mais os diversos pátios e o campo de treinamento.

"Bom dia, senhor Eros" "Bom dia, Cupido" "Tenha um bom dia senhor." "Ótimo dia, Eros"  — Recebia as falas enquanto passava pelos corredores até chegar na minha sala. Quando eu entro, todos ja estão organizados e sentados com suas carteiras lado a lado.

— Bom dia, Turma C. — Espero eles me responderem e assim eles o fazem em uníssono. — A aula será no pátio hoje, e após vamos para o campo de treinamento atirar as flechas que vocês mesmos vão aprender a preparar. O que estão esperando? Vamos.

A pequena porção de jovens cupidos me segue até chegarmos ao pátio principal, o maior e o mais bonito. Começo a aula mostrando-lhes seu material de trabalho: as flechas. Ensino-os que elas não são necessariamente parte do nosso oficio, podemos escolher. Cupidos com dons avançados, como Rafaella, não precisavam utilizavam. Mas ainda assim, é de suma importância que saibam usá-las, pois um dia poderão precisar.

— Querem aprender a preparar uma? — Todos balançam a cabeça que sim. — É simples, mas tem que ser preciso. Banhar a ponta da flecha no nosso sangue é necessário. — Peguei uma delas e abri uma pequena fenda na mão direita com sua ponta, permitindo que o sangue de cor preto azulado escorresse, peguei outra flecha passei no sangue com cuidado. — O sangue em contato com a ponta da flecha vai secar quase que instantaneamente, e assim, você já vai ter uma prontinha para usar.

— O sangue humano e o sangue de cupido são bem diferentes, além da coloração,  o nosso é bem menos espesso, parece que foi diluído em água. E se acalmem, os cortes também vão se curar sozinho devido a propriedades especiais contidas no sangue.
Como vocês acham que nosso elixir é preparado?

Brigdes Where stories live. Discover now