Eu nunca te esqueci

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Bianca - POV

Eu disse a Bárbara que a esperaria, e era isso que iria fazer. Eu lavei meu braço, e peguei uma atadura com uma das enfermeiras para amarrar na mão, que enfim, parou de sangrar. Me recompus e segui para onde ela havia digo, era um local mais afastado, perto do estacionamento, lá havia uma árvore grande e as balanças. Sentei em uma delas e esperei que ela chegasse, e foi a espera mais angustiante da minha vida.

— Bia? — Sua voz rouca e totalmente baixa, soou por meus ouvidos atingindo-me como um soco.

— Oi... — Respondi tão baixo quando ela havia me chamado. — Senta. — Ela se aproximou devagar e sentou no balanço ao meu lado. Aquilo me fez lembrar das várias vezes que tínhamos feito algo parecido.

— Lembra da vez que você me derrubou do balanço de pneu do vovô, na fazenda do México? Ele nunca te perdoou por aquilo. — Ela falou e eu ri, foi a primeira vez no dia que eu senti um resquício de felicidade.

— Você ainda tem a cicatriz no joelho, né? — Bárbara apontou para a abaixo barra da saia, mostrando que a marca nunca sairia d'alí. Balancei a cabeça em sinal negativo e pedi desculpa a ela outra vez pela queda de graça. O silêncio pairou no ar, e então ela o quebrou.

— Me fala de você. Como vão os trabalhos, sua vida...

— Eu continuo sendo modelo, mas sem passarelas agora, recentemente eu e o Miguel assinamos contrato com a Vogue, mas além disso, eu também trabalho num museu, voltei a estudar restauro depois que... depois que você foi embora. — Engoli a seco a última frase. — Você podia ter voltado antes, ou, podia nunca ter ido. — Criei coragem para encara-lá.

— Bia, é muito mais complicado. — Bárbara pareceu se envergonhar e abaixou a cabeça. — Eu, eu te traí, foi uma vez, uma noite, mas aconteceu e eu... — A interrompi antes que concluísse. — Bárbara, eu sabia. Sempre soube.

— ¿Que? — Seu sotaque espanhol apareceu. 

— Eu vi você chegando depois do plantão com o Diogo, na noite que eu presumo, que tudo aconteceu, ele beijou você antes de sair do carro... Mas eu não disse absolutamente nada, porque fui fraca, ou porque te amava demais para lidar contra isso. No outro dia, eu fingi que nada tinha acontecido, e você também o fez, eu te perdoei no meu íntimo e, foi dessa forma pelos 3 meses seguintes, até chegar o dia que você simplesmente sumiu. Foi embora sem deixar rastros. Eu cheguei  em casa e, a única coisa que você tinha me deixado era uma mensagem, e dor. Por que, Bárbara?

— Eu engravidei, Bianca. E eu não tive a mínima coragem de encarar você depois do que tinha feito e ainda com mais essa ''carga'', no dia que eu descobri eu fui embora, mas não deveria ter feito, eu deveria ter ficado, conversado. O que aconteceu entre o Diogo e eu não significou nada. — Ela começa a chorar e soluçar. — Eu fui burra.

— Se arrepende, pelo menos? — A essa altura eu também já estava com os olhos marejados.

— Me arrependo todos os dias de ter ído embora, mas de ter tido a Lily, jamais.

—Posso vê-la? — Falei e, calmamente enxuguei uma lágrima, suspirei. Era um alívio botar tudo aquilo para fora, eu não estava chateada, nem com raiva, não mais, ao menos estávamos sendo sinceras uma com a outra. Costia tirou o celular do bolso do jaleco e me mostrou uma foto da pequena. — Ela é linda demais, Bárbara. Parabéns.

— Era

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— Era. — Ela me corrigiu chorando, e uma tristeza súbita tomou conta do meu peito. — Ela nasceu com uma má formação coração, Bi. Antes de completar 2 mes de vida, ela já tinha passado por 6 cirurgias. Mas eu estava ciente que elas serviriam apenas para lhe dar mais algumas semanas de vida, e deram. Ela lutou por mais 1 mês em casa, e durante esse tempo, ela me ensinou o quanto o amor é importante. Ela me ensinou que o amor é capaz de curar, de salvar, ela me ensinou muito antes de ir, Bia. — Bárbara parou de falar pois só conseguia chorar, ela parecia que ia sufocar a qualquer momento, eu levanto e a abraço, tentando cura-la da mesmo forma que ela havia feito comigo minutos atrás. Ela descansa a cabeça na curva do meu ombro e eu sinto suas lágrimas quentes caírem.

— Eu sinto muito, Bárbara...— Abraçava-a e passava uma das mãos em seus cabelos tentando acalentá-la mais, eu também estava chorando, meu coração estava despedaçado mais uma vez.

— Acho que todos os deuses me castigaram pelo que fiz com você, tirando ela de mim. —  Ela saiu do abraço e enxugou minhas lágrimas, assim como eu fiz com as dela. — Hoje eu sei muito melhor sobre a vida e sobre como é amar. — Bárbara concluiu por fim.

— Eu te amei muito,Bárbara. E um amor como o nosso jamais é esquecido, mas... —  Era vez dela me interromper.

— Eu nunca te esqueci, Bia. Nem por 1 segundo, mas a culpa sempre tomava conta do meu ser, e eu me tornava uma covarde. — Ela se aproximou mais. — Siempre fuiste tú, y siempre serás tú.

— Bárbara. — Praticamente sussurrei seu nome, sentindo-a tão perto de mim, sua boca tão próxima a minha.

— Não precisa me dizer nada agora, só... me encontra no nosso restaurante, hoje às 20hrs, e se quiser, nós terminamos isso direito. — Ela passou a mão por trás da minha nuca e segurou bem alí, beijando-me em seguida. Um beijo ligeiro, mas totalmente avassalador. E então ela saiu sem olhar para trás.

Rafaella - POV

Nunca tinha estado neste local antes, e apesar disso, sabia que Bianca estava aqui, sentia, mas se eu pudesse prever o que eu viria, jamais teria pousado. Desejei com todas as minhas forças que não fosse Bianca beijando... BÁRBARA? Desejei fortemente que minha mente estivesse brincando comigo, que fosse alguma espécie de miragem, mas não estava.

Pude constatar que era Bárbara quando ela se virou de costas para Bianca e continuou se afastando. Eu continuei ali parada, esperando que um buraco negro surgisse e eu pudesse sumir junto dele. Eu simplesmente chorei, em milhares de anos, era a primeira vez que derramava lágrimas de verdade, e a imagem de Bianca beijando Bárbara voltava a minha mente e me atingia como um tiro.

Corri sem direção e saí dalí sem deixar que Bianca me visse. Abri minhas asas e voei o mais alto e para o mais longe que pude. Eu sentia meu peito arder. Que sentimento era esse? Era dor?

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