Ei, amor.

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Bianca- POV

Chorei! Eu chorei como jamais pude imaginar que um aparelho lacrimal pudesse ser capaz de produzir tanto líquido. Segui com passos moles, pernas tremendo e entrei naquela sala, fria, olhando-a imóvel, mas ao menos, sentia novamente meu coração pulsar, ouvindo os, ainda fracos, batimentos do dela pelos aparelhos.

Sentei-me numa poltrona ao seu lado e segurei sua mão com delicadeza. Ainda mais lágrimas escorreram instantaneamente ao vê-la com aqueles tubos. Jamais havia imaginado minha Rafa dessa forma, nunca mesmo.

Ela não estava sedada, o efeito da anestesia já tinha passado. Ela apenas dormia sem explicação alguma, talvez, eu no fundo soubesse. Mesmo assim, eu esperava que ela me ouvisse, que ela acordasse... Mas também sabia da gravidade do trauma que ela tinha sofrido, e sabia que precisaria de tempo para se recuperar, e eu pacientemente, estaria aqui, esperaria por ela.

— Oi, meu amor... Como está se sentindo? — Conversar com ela sem que ela quisesse me matar era bem mais fácil ( Alívio cômico). Beijei sua testa e sentei novamente na poltrona. Fiquei um bom tempo observando-, antes de abrir a boca de novo, pensando em todos os momentos que tínhamos vividos.

Ri baixo. — Lembrei da nossa dança, você também lembra? Nós dançamos lentamente e eu te conduzi. Foi aquele noite que eu me perdi completamente nos teus olhos, eles eram como o céu todinho me olhando. Foi ali que eu percebi que não podia evitar de te amar. — Deixei uma lágrima livre para escapar, e me veio uma música na cabeça que descrevia exatamente o que eu havia sentido, então comecei a cantar bem baixinho.

— Take my hand, take my whole life too... For I can't help, falling in love with you.

Rafaella tinha se tornado meu universo inteiro, meu lar. E mesmo que se ela estivesse há milhas de distância, eu sempre iria poder sentir tudo dela, tudo que ela fizesse, tudo que ela dizesse.

— Eu preciso que você acorde, amor. Eu preciso que me mande um sinal que está aqui comigo.

Rafaella - POV

Deixei um beco escuro em questão de segundos, e por que agora estava tão claro?

Era quente, insolarado, parecia um dia de verão daqueles. Bia estava andando ao meu lado pela beira da água. Era um mar?

Eu não me lembrava da sensação de ter pisado descalça na areia antes, mas era bom, muito bom. Ela apontou para um barraquinha de água de côco e depois de churros. A gente estava feliz demais, eu ria tanto que minhas bochechas doíam. Minhas asas estavam abertas, elas tinham rasgado minha blusa, mas eu não parecia me importar com aquilo. Eu desfilava elas com orgulho, sem medo algum, e ninguém me olhava estranho, porque elas eram lindas, e não havia nada de errado.

Bianca comprou os churros e nós sentamos em cima de uns tecidos para comer. Era uma praia bonita. Onde nós estávamos? Eu não sabia, mas Gizelly estava lá com um cara, jogando uma bola de um lado para o outro. Nunca havia falado com ele, mas sabia que era amigo de Bia. Manu e Mari não tinham vindo? Onde elas estavam?

Do nada, senti uma súbita vontade de voar. Eu podia fazer aquilo? Podia, e era tão natural quanto respirar. Meus pés saíram do chão e Bia sorria em minha direção. Era bonito me ver voar?

Quando voltei ao chão, ela me abraçou e afundou seu rosto na curva do meu pescoço, e a sensação de tê-la abraçada comigo era perfeita. Amava sentir ela tão perto. Amava ela.

Bianca- POV

— Sei la, sabe... eu não sou nada, Rafa. — Continuei a conversar com ela, e eu não parava 1 segundo sequer.

Brigdes Where stories live. Discover now