Capítulo 2. O parque com clima amoroso

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Dia 15 de julho de 2017, dois anos antes de tudo...
Era um dia ensolarado em São Paulo, sem previsões de chuva. Acordei antes do despertador, já que a ansiedade não me deixou dormir.
Eu e minhas duas primas: Clara, Duda e minha melhor amiga, Ananda; iríamos ao parque de diversões. Adolescentes saindo pela primeira vez sem a companhia dos pais era significado de maravilha. Duda iria se encontrar com Tom, e eu com o Theo, e sim os dois eram irmãos.
Quando eu e Duda éramos crianças sempre brincamos que a gente era irmãs e namorava dois irmãos... humm, parece que a brincadeira virou realidade na juventude, né?
Clara disse que iria com um amigo. Duda até o conhecia, pois já ficou de vela para Clara que já tinha ficado com esse "amigo" em outras ocasiões.
Iríamos todas encontrar nossos pares no local, menos a Ananda, que só ia para ficar de vela mesmo.
A mãe de Duda levaria nós 4 em seu carro. Quando ouvi o toque de sua buzina super reconhecível, peguei minha bolsa e respirei fundo. Eu estava pulando de alegria, já que iria matar a saudade de Theo, nas férias.

Não precisa nem dizer que eu era apaixonada por ele, né? Mas éramos "melhores amigos", ficava era na friendzone. Detalhe: O Theo estava namorando, mas sempre rolava um clima tenso entre a gente. Ele não me olhava só como melhor amiga. As vezes seu olhar brilhava me olhando, outras vezes parecia que ele estava a ponto de tirar a minha roupa depois de um beijo super intenso. Normal, ele não era virgem, e eu era uma menina que nunca havia tocado a boca nos lábios de alguém.

Descemos do carro, entramos no parque e lá estavam eles, Tom e Theo. Corri e abracei Theo, um abraço intenso. Acelerando meu coração, eu sentia a força de suas mãos se movimentando em minhas costas em forma de carinho. Sentia o cheiro do seu perfume forte misturando em mim.
Depois dos cumprimentos e de matar a saudade, fomos procurar, logo, um brinquedo para entrarmos na fila, já que era sábado e o parque era lotado.
Clara... Cadê a Clara?... sumiu.

5 minutos depois aparece com o seu par, Guto. Ele era muito novo, com cara de bebê. Mais novo que eu e Clara que tínhamos a mesma idade.
Eu o vi como uma criança, que era o que ele era, com 11 aninhos. E eu tinha 12 e me achava a idosa, né?
Eu sempre pago língua em quase tudo que falo.
__ Nossa, que menino é esse que você foi arrumar, hein? Muito cara de bebê. Eu não ficaria com ele nunca. - murmurei para Clara.
__ Ah, mas quem tem que gostar é eu. - respondeu ela.
Ri. Já estava acostumada com as patadas de Clara. A gente não se dava muito bem. Brigávamos muito, mas no fundo eu a amava demais, aliás crescemos juntas. Nossas provocações eram típicas.
Naquele dia, Duda deu seu primeiro beijo da vida, na casa mal assombrada do parque, em Tom. Clara sumiu com Guto algumas vezes, deram uns beijinhos também. E eu? Eu e Theo ficava o dia todo abraçados, flertando, mas era um tipo de flerte escondido no ar. Só que ele nunca fez questão de esconder a atração que sentia por mim.

Ninguém entendia o porquê de a gente nunca ter se beijado, já que todos os dias no colégio éramos vistos abraçados, beeem grudados, agarrados. Eca! que tanto de melação.
Eu e Theo estávamos sozinhos quando levantamos do banco em que estávamos sentados, nos controlando da vontade gritante de nos tocarmos, ficamos em pé um em frente ao outro. De mãos dadas. SENHOR AMADO, meu coração não aguentava aquilo... o clima rolou, ele olhando dentro dos meus olhos e eu vendo aqueles olhos cor de mel brilhando pra mim, como se eu fosse tudo para ele.
A natureza resolveu colaborar com a gente, e veio um vento forte, mas suave, gostoso de sentir, que balançava meu cabelo levemente, nessa cena que parecia de filme.
Infelizmente, ele namorava. O beijo não aconteceu, nossos sentimentos continuavam escondidos. A gente sentia, mas simplesmente não falava.
Burrice, né? Acho que seria melhor ter guardado esse sentimento para sempre.
Aquela mistura de sensações terminou, as 18h da tarde. Eu estava suspirando de tanta paixão.

Ananda percebeu os climas, e no carro, quando a gente ia embora, disse:
__ Melhor, pareceu muito que vocês iam se beijar!
__ Naaaam! Tá doida, menina? Eu, hein, somos só melhores amigos e ele namora, tá? - respondi confiante, mas confusa por dentro. Muito confusa
__ Ah, sei! Então tá, me escuta não. - retrucou com ironia.
Duda comentou:
__ Guto perdeu o celular no cine 4d, foi engraçado o desespero dele.
__ A única que tem o número dele é a Clara mesmo! - respondi sem me importar.
__ Nossa, Isabela! Pra que essa grosseria?
__ Me desculpa, Duda, não foi minha intenção... eu tô pensando em outra coisa.
__ Théo, né? - perguntou ela com cara de desconfiada.
__ Naaaao! - mas na verdade, era sim.
E foi assim que se encerrou o dia, cada uma de nós fomos para nossas casas.

Depois desse episódio, Clara deve ter ficado com Guto outras duas vezes, mas ninguém perguntou e nem teve notícias sobre ele, até mesmo porque nem morava perto da gente. Não havia como nos encontrarmos atoa.
As duas horas da madrugada, o celular de Ananda apita com uma mensagem minha falando sobre como estava me sentindo sobre Theo. Conversamos até tarde, e eu fui dormir sorrindo... Só a Ananda pra aguentar meu falatório sobre ele.
Ficava me perguntando, será que ele sente o que eu senti? Mas e a namorada dele?... É, ele a ama e ponto final, esquece, Isabela!
O que Theo me fazia sentir era tudo novo. Me fazia leve, me sentia desejada. Não chegava a ser tesão, eu era nova demais pra saber o significado disso.
Nós conversávamos vinte e quatro horas por dia. Quando o celular apitava eu sentia um frio na barriga muito gostoso.
Nosso romance tinha um ar proibido, ele era quase ateu e eu cristã. Meus pais extremamente religiosos, então nunca permitiriam, e isso deixaria nossa paixão ainda mais interessante.

Por nossos filhos - baseado na música de Zé Neto e Cristiano Where stories live. Discover now