Capítulo 3. A chuva molhando o vidro

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Algum tempo depois daquele dia tão marcante, eu abro os olhos, depois de uma noite de sono até boa. Me levanto, escovo os dentes, não tomo café da manhã, já que eu não possuía o costume. Vou tomar banho e me arrumar para mais um dia de aula em um colégio militar. A escola não é coisa de outro mundo e nem tão diferente dos outros, só é cheio de regras desnecessárias e dão punição do tipo advertência por escrito que precisa da assinatura dos pais. A cada regra descumprida os alunos recebem uma dessa. Mas, como regra de todo adolescente, ninguém cumpre tudo. Arrumamos nosso jeito para fazer algumas coisas sem que ninguém veja, como mascar chiclete e contato físico que não é permitido lá.

Converso com Ananda pelo Whats sobre as fofocas do dia, enquanto chamo meu pai pra me levar ao colégio mais cedo, assim eu poderia passar na minha lanchonete preferida, Cyber, que fica na mesma rua bem em frente à escola. Todos os dias vou nesse lugar antes da aula começar.

Chegando lá, Theo já estava me esperando. A namorada dele não havia chegado, então tudo bem encontrar a melhor amiga, certo?... ERRADO! Todos os dias aquele sentimento crescia em mim, era definitivamente a primeira vez que eu sentia aquilo.

Minha mãe, doce e guerreira Fabi, me avisava todos os dias. Ela não gostava de Theo, não confiava nele, dizia que nossa amizade era errada e dizia que eu iria sofrer. Eu bobinha de paixão, quis arriscar e confiar no que eu estava sentindo.
Sempre escute as mães, a forte intuição delas não costuma falhar.

Theo me deu um abraço muito forte enquanto deslizava suas mãos pelas minhas costas e cintura como sempre fazia. E então, logo me contou:

__ Eu e Helena terminamos de vez. Tentei, mas não era pra ser... estou tão triste!

Eu já sabia que eles não estavam bem a um tempinho... Helena morria de ciúmes de mim, e não estava errada, todo mundo percebia o jeito que ele me tratava. E qualquer pessoa merece ser tratada como primeira opção em um namoro, coisa que Helena não era. Ela fez bem em ter se livrado dele, já que Theo não a amava.
Ele amava a mim secretamente, mas não tão secreto assim... Ou eu pensava que ele me amava.

Quase três anos da minha pré-adolescência com esse garoto. Não conseguia me interessar por mais ninguém. Mesmo ele nem sendo tão bonito assim...

Naquele dia, eu o consolei, o abracei, perguntei o motivo do término, mesmo já sabendo. Me despedi dele com outro abraço e entrei para o colégio.
Ele foi embora, já que estudava de manhã no primeiro ano do ensino médio e eu a tarde na sétima série.

Dias se passaram... a minha rotina nunca mudava. Eu era inocente, vivia como uma criança. Todo mundo se pegava e eu não beijava nem uma mosca. Sentia medo de mudar de fase e de perder a virgindade antes do casamento, já que é um pecado grave segundo a minha crença. Mas, nunca senti medo de querer fazer sexo com Theo, porque eu nem sabia que sensação era essa de "sentir vontade de fazer isso", aliás eu nunca tinha nem dado um selinho em alguém.

Naquele mesmo ano, aconteceram muitos outros encontros em que rolavam alguns climas entre nós, mas nunca assumidos, sempre camuflado com um sorriso sem graça dele ou meu.

No dia 19 de dezembro era aniversário de Clara, ela quis que a gente fosse comemorar no shopping e ir ao cinema. Então, lá vai a turminha se encontrar de novo, só que dessa vez reduzidamente. Eu, Duda, Clara e sua mãe fomos de uber até o shopping. Chegando lá, encontramos Theo, Tom e a Talia (irmã deles e amiga de Clara).

Eu estava com o look típico: blusa preta com alguns bordados delicados e uma calça jeans que não valorizava minhas curvas de 1,70m. A mãe de Clara nos deixou ir andar sozinhos pelo lugar. Fomos escolher o que íamos assistir e pegar a fila. Escolhemos um filme com o título interessante: "o assassinato no expresso do oriente"..., mas, era chato, não fazia meu estilo.

Por nossos filhos - baseado na música de Zé Neto e Cristiano Onde histórias criam vida. Descubra agora