Capítulo 11. A decisão

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"E se a gente deixasse de lado a amizade, e se a gente assumir que quando tem saudade, não é só de conversar, é saudade de se tocar". Fred e Gustavo – Minha vontade.   

Eu tomei a decisão. Decidi superar, seguir em frente e talvez até me apegar em outra pessoa. Pra conseguir esquecê-lo bastava apenas escolher. E escolhi. Como prova de que eu era capaz de fazer isso, eu me afastei um pouco. Ia controlando meu coração. Quando chegava mensagem dele eu me forçava a sentir raiva, já que eu tentava me distrair e não pensar nele.   

Em uma noite fria, Guto me liga pra contar sua experiência no estádio de futebol que ele foi assistir seu time do coração, flamengo, jogar. Me contou que teve que correr no final do jogo, porque a torcida do time adversário partia pra violência... Quase que ele é atacado.   

Ah, como era bom uma ligação com ele! Ali, no escuro do meu quarto, eu só me concentrava em ouvir o som de sua voz no meu fone. Sua risada era como música para meus ouvidos. O assunto rendeu bastante, ficamos grande parte da madrugada conversando, rindo de coisas bobas e esquecendo as tristezas do dia-a-dia. Ele cochilou na ligação, e eu fiquei quietinha apenas ouvindo o som de sua respiração. Era como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. E a vida dele era de fato, muito importante para mim.   

Um dos assuntos comentados daquele dia foi sobre sentimentos.  Guto disparou: "Ah, Isa, quando alguém gosta da gente, a gente sente, sabe?". Quando ele falou isso eu fiquei sem palavras... Seria uma indireta pra mim? Ele sabia então?... Agi naturalmente, acho que se ele soubesse mesmo, teria insistido pra conseguir arrancar algo de mim com o objetivo de que eu assumisse tudo.   

•••   

Um pouco antes do último dia de aula daquele ano, Guto queria ficar novamente com Ananda. Como sempre, me pediu pra arrumar ela. Falei com Ananda, insisti muito. Ela não queria, se preocupou com meus sentimentos. Mas eu disse que era necessário pra eu poder trabalhar comigo mesma, me acostumando ao ver ele ficar com outras meninas. Eu garanti que não sentia mais nada, Ananda já estava ficando com o Samuel, mas nada assumido ainda. Então marcamos no sigilo. Era um dos dias de prova, que saíamos mais cedo do colégio, umas 15h da tarde.   

Yasmine morava lá perto, em um apartamento. Então pedimos ela pra deixar a gente ir pra lá. Quando terminamos a prova, Guto e eu passamos na lanchonete enquanto esperávamos por Ananda. Pedi um milkshake, e dei um pouco para Guto. Mateus, nosso amigo estava junto.

Mateus pegando no meu pé ficou perguntando sobre Gregório:   

__ É, eu tenho um gosto muito ruim viu. - afirmei.   

Guto me olhou, me encarou e me deu um sorriso lerdo. Essa carinha dele dizia: "Como assim? E eu?"   
__ Ah é, Isabela? - perguntou Guto com tom de provocação.   

__ Existem exceções, não tô falando de você. - respondi sem pensar.   

Caímos na risada, e eu ria olhando pra ele e ele pra mim. Nossos momentos de riso é como se passasse em câmera lenta. Pelo menos é com certeza assim que fica gravado na minha mente.   

Ananda e Yasmine chegaram. Fomos subir a rua pra chegar no apartamento de Yasmine. A cada passo que eu dava ao lado de Guto e Ananda, meu coração começava a querer doer. O nó na minha garganta insistia em se formar. Lutava contra esse sentimento, chega de sentir tanto por quem nem imagina o que sinto, né?
Chegamos lá, entramos no apartamento. Guto e Ananda largaram suas mochilas. Ficamos na garagem e Yasmine ficava de olho para garantir que nenhum morador desceria para lá. Eu fiquei segurando a porta da entrada da garagem. Guto puxou Ananda e eles se beijaram. Ele descia sua mão pra bunda dela. Ninguém se importou que eu estava vendo. A culpa não é de Guto. Ele nunca me iludiu, nunca me deu a entender que poderia sentir algo. Ver aquele beijo significou que a cada segundo que passava, mais fundo eu respirava. Eu trabalhava a minha mente pra aquilo não mexer comigo. Fui me acostumando, forçando meu cérebro a entender que nunca seríamos mais que amigos que já se pegaram.   
Quando o beijo terminou, Guto se despediu de todo mundo. Deu um selinho em Ananda e veio até mim... Pegou em minha mão e me deu um beijo na bochecha. Horas depois, Guto me conta que gostou muito do beijo e que Ananda havia evoluído. Eu pedi pra ele deixar baixo porque Samuel não sabia do que acontecera hoje. Guto elogiava tanto a Ananda, seu corpo, sua beleza... Vivia dizendo que se Ananda quisesse namorar com ele, até se casariam. Aliás, ele falava assim de várias meninas, as quais ele sentia tesão.

Por nossos filhos - baseado na música de Zé Neto e Cristiano Where stories live. Discover now