Capítulo 6. Onde você vai, mocinha?

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3 meses de sofrimento, haviam se passado. Eu continuava sem beijar ninguém, com o trauma crescente dentro de mim. 9° ano do ensino fundamental, pertinho do ensino médio, perto de prestar vestibulares para medicina. A minha vida ia passando cada vez mais rápida. Eu mal sabia que seria um dos melhores anos de minha vida.
Como Ananda, Any, Débora e eu erámos da última série do ensino fundamental, nos candidatamos para ser fiscais do nosso turno. Era uma espécie de alunos padrões que fiscalizava os demais, auxiliando na disciplina do colégio. Todas nós passamos na seleção dos militares, e começou nosso trabalho. Nos dias de aulas tínhamos que recepcionar os novatos, organizar as filas para o intervalo e delatar o que percebíamos que era fora das regras do colégio militar.

Em algum dos primeiros dias de aula, enquanto uma das turmas de 8° ano descia das escadas para ir para o recreio, Ananda e eu estávamos na fiscalização dos corredores que dava acesso ao refeitório. Foi aí que levei o susto, um dos alunos novatos que passaram ali era ninguém mais, ninguém menos que Guto. Sim, aquele do dia do parque, há 2 anos atrás, o feinho, par da Clara. Mas, por algum motivo Guto estava muito diferente, cara fechada, ficou alto, com cara de playboysinho. Eu não sabia, mas... era meu tipo de garoto. Guto estava lindo, chamava atenções e era o novo galinha do vespertino. Quando eu o reconheci, comentei com Ananda:

__ Melhor, olha ali, aquele alto, eu conheço esse rosto... MEU DEUS, É O GUTO!!!

__ Que Guto, menina?

__ Aquele do dia do parque, que foi com a minha prima, a Clara.

__ Aaaah, lembrei! Nossa, tá diferente, né?

__ Nem me fale, Ananda. Tá gato, né?

Ele era um ano mais novo, e eu sempre disse que não ficaria com pessoas mais novas... Isabela, cuidado para não pagar mais língua.

No recreio daquele dia, ele estava lá, sentado em um dos banquinhos do pátio. Rodeado de meninas. Mas, eu queria ir perguntar se ele lembrava de mim. Engoli a vergonha, e fui lá, verificar se ele me reconhecia:

__ Você é o Guto, né?

__ Sou – respondeu ele, pensando "Quem é essa doida?"

__ Você já ficou com a minha prima!

Parabéns, Isabela, solta uma bomba dessa na primeira conversa de reencontro na frente daquelas menininhas tudo.

__ Quem é sua prima? - perguntou ele, querendo enfiar sua cara num buraco.

__ A Clara, aquela do dia do parque em 2017.

__ Nossa! Ecaaaaa.

Guto nunca gostou que eu falasse da Clara, ele tinha nojo dela, devido ela estar com ele e com o primo dele ao mesmo tempo na época.

__ Você tava lá? - continuou ele

__ Sim, com a minha outra prima, Duda.

__ Se colocasse a Duda na minha frente eu lembrava na hora, mas você... não reconheci quando te vi!

É, eu tava diferente, mais alta, talvez com mais corpo, triste e com o cabelo diferente, num tom moreno iluminado.

__ Você foi com um menino, né? - perguntou Guto.
Puuuts! Pra que me lembrar disso??

__ Sim, meu ex.

O sinal tocou, marcando o fim do intervalo.

Eu, como fiscal, tinha que observar os alunos indo para suas salas em ordem. Quando Guto levantou do banco e foi em direção as escadas, as meninas que estavam lá vieram falar comigo:

Por nossos filhos - baseado na música de Zé Neto e Cristiano Where stories live. Discover now