Capítulo 15. As 8 noites

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   "Eu sabia que te amava, mas você nunca soube... Eu sei que precisava de você, mas nunca demonstrei". James Arthur – Say you won't let go.   

Os meses se passaram... 2021 chegou e com ele fortes emoções viriam. Guto e Sophy continuavam firmes e fortes. Eu era do 2° e eles do 1° ano do ensino médio. Foram pro mesmo turno que o meu. Eu via o casal da minha tristeza todo dia. Nunca deixei de ficar feliz de certa forma por Guto.    Gregório e eu voltamos a nos falar. Ele nunca desistiu de me conquistar. Mesmo sabendo que eu era apenas mais uma de sua lista, ficava com ele. Não podia ficar esperando a superação por Guto chegar até o fim do ensino médio.   

Num sábado qualquer, Arthur e Guto foram para minha casa almoçar e passar a tarde comigo. O dia foi ótimo. Sempre que nosso trio se unia tirávamos fotos. Quando Arthur foi tirar uma foto de Guto e eu juntos, tendo ciência que ele era um garoto comprometido, nem encostei nele. De repente, sinto uma mão se encostando em volta da minha cintura, me puxando pra perto, encostando nossos corpos.  Foi ele, eu não ia me aproximar tanto, mas já que ele quis, deixei. Tiramos a foto, que guardo até hoje para contar essa história e me lembrar dos detalhes. Quando foram ir de volta para suas casas, despediram-se de mim. Guto me abraçou forte, me tinha em seus braços enquanto dizia em meu ouvido:   

__ Tchau, coisa linda! - dispara ele.   

__ Tchau, amigo! - respondo, confusa.   

•••   

Mais um ano se passou. 
A situação era a mesma. Meu coração ainda se despedaçava ao vê-lo e se juntava ao abraçar aquele garoto apaixonado por outra. Guto e Sophy ainda juntos... se amavam! 

Era meu último ano do ensino médio. Eu não tinha muito tempo para pensar, só estudava pra conseguir passar no vestibular. Depois de tanto tempo me prendendo, resolvi dar uma chance a Gregório. Sexta-feira, depois da aula fui para a casa dele, estudar... Não foi bem isso que aconteceu. Nos beijamos, o beijo foi acelerando... as coisas foram saindo do controle. Greg desliga a luz e sobe em cima de mim, que acabo cedendo e me deitando em seu sofá. Naquele escurinho, não pensei em muita coisa. Mas, imaginei como seria com Guto. Senti dor, bastante dor, era minha primeira vez. Revoltada com Deus e com a minha vida amorosa, acabei me deixando levar pelo momento. Greg me garantiu que não gozaria dentro. Mas também, não usamos camisinha.   

__ Só relaxa, Isa. - falou em meu ouvido   

__ Cala a boca e me beija - respondi.   

Eu só queria imaginar outra pessoa naquele momento.   

__ Gata, tem certeza que é comigo que quer fazer isso?   

__ Só vai logo Greg, não me faça perguntas.   

Quando anoiteceu, peguei minhas coisas e fui embora caminhando. A noite era fria, mas eu nem se quer sentia o vento. Só pensava no que eu acabara de fazer por puro impulso e sem vontade. Chorei, quis gritar. Ligo para minha melhor amiga, Ananda, ela não atende. Eu só tinha a alternativa de ligar para Guto. Precisava contar pra alguém o que acabara de acontecer comigo.   

__ Oi, amiga, o que houve? - pergunta com voz de sono.   

__ Eu... eu... eu... não sei onde eu tô - respondi chorando, perdida do rumo de casa.   

__ O que houve? Como assim? Respira Isa. 
__ Amor, vem aqui subir o zíper do meu vestido - escuto Sophy dizer. 

Fiquei sem reação, eu não queria mais contar isso dessa forma.   

__ Isa??? Me fala o que acontec...   

Foi a última voz que escutei, a última memória antes de um par de luz alta desgovernada me acertar em cheio. Um motorista bêbado me atropelou e nem se quer parou para prestar socorro. Típico no Brasil, esse tipo de acontecimento, né? Eu sentia que estava perdendo sangue pelo tórax, minha cabeça também sangrava. Só enxergava as estrelas girarem. Arrastei para perto de mim meu celular, mas antes que eu conseguisse ligar pedindo ajuda, perdi as forças do meu corpo. Bati minha cabeça no chão. Não sentia mais nada, tudo foi se escurecendo e a última lágrima escorreu... apaguei.   

Por nossos filhos - baseado na música de Zé Neto e Cristiano Donde viven las historias. Descúbrelo ahora