Ain't No Mountain High Enough

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Olá, meus amores! Gostaria primeiramente de agradecer as mais de duas mil leituras. Estou muito feliz com esse carinho e com o feedback recebido. Muito obrigada! Amo vocês!

Este capítulo acabou de ser escrito. Está quentinho, quentinho. E posso confessar? Está lindo! Eu simplesmente me emocionei quando li na íntegra. Espero de verdade que gostem, porque para mim foi o melhor que escrevi até agora.

Ah, sugiro dar o play quando o link do Youtube aparecer mais abaixo, ok? Caso ele pare de reproduzir conforme vão rolando a página para ler, tentem ouvir a música no Spotify. O resultado levou a autora à emoção.

Um beijo no coração. Boa leitura!

************************************

Os meses se passaram em um ritmo intenso. As gravações de Outlander estavam a todo vapor e cada vez mais cansativas, mas isso não impedia Sam e Caitriona de estarem colados todos os dias mesmo que não fosse a trabalho. Eram os melhores amigos, faziam piada de tudo, riam juntos, estavam sempre abraçados nos intervalos e transbordavam sentimento. Sam queria que as coisas ficassem sérias, porque conforme o tempo passava ele não conseguia se sentir satisfeito com aquele título que Cait deu ao relacionamento deles. Eles eram amigos, mas eram muito mais do que isso. Não ousava aprofundar as coisas, prometera a ela que não forçaria a barra e não faria isso. Porém não era fácil quando todos os dias ela acordava ao seu lado e ele não podia apresentá-la as pessoas mais próximas como sua namorada.

As gravações da segunda parte da primeira temporada estavam em curso e o aniversário de Sam estava chegando. Na semana anterior eles haviam passado sete dias gravando o episódio "The Wedding", algo extremamente cansativo e embaraçoso porque Sam insistia em chamar o nome de Cait e não de Claire durante as cenas íntimas. Felizmente Caitriona com o seu maravilhoso senso de humor caía na gargalhada quando isso acontecia, enquanto Sam se justificava dizendo que ela não desgrudava dele um só segundo e por isso ele estava constantemente confundindo ficção com realidade. A equipe sabia que era mentira, mas não tinham o porquê falar sobre isso. Estavam diante de dois excelentes atores e só queriam deles o melhor que podiam dar. Na ocasião a seguir Caitriona estava no seu lado do trailer sendo maquiada quando ouviu batidinhas na porta. Ela sabia que era ele, sem que ele precisasse se anunciar.

– Atrapalho? – Sam perguntou olhando para ela.

– Como sempre. – Brincou Caitriona, sem se mexer.

– Eu te trago café e é assim que você me trata mulher? – Ele se fez de indignado, arrancando uma risada da maquiadora. – E você é cúmplice dela? – Acusou.

– Estou apenas trabalhando, Sam. – Ann disse ainda rindo. Era uma das que tinha certeza de que ali não rolava só amizade. – E que bom que você trouxe café porque ela hoje está muito mal humorada.

– Não precisa dar ao Sam o gostinho de saber que ele vai me salvar, Ann.

– Mulher ingrata, partiu meu coração em dois. – Sam suspirou teatralmente.

– Cait, vou deixar você tomar o seu café e já volto pra terminar sua make. – Ann disse antes de sair.

– Hum. – Cait falou entre o selinho que ele lhe dava. – Como foi a sua gravação noturna?

Pela primeira vez em dias eles não tinham dormido juntos. Sam passou a madrugada inteira filmando e agora estava livre para ir para o seu flat descansar, mas nem por isso deixou de ir vê-la e levar o café forte que ela tanto amava.

– Eu to morto. Minhas costas doem, mas eu acho que ainda dá tempo correr antes de ir pra casa.

– Samwise, você vai direto pra casa. – Caitriona disse autoritária e séria. – Não tem necessidade de ir correr nessa chuva depois de uma madrugada inteira nesse frio cortante no meio do nada.

– Sinto muito, mas não vou te obedecer hoje. Preciso correr pra me sentir realmente livre. – Ele sorriu, beijou-a e foi em direção à porta do trailer. – Nos vemos mais tarde?

– Acho que prefiro ir pra minha casa hoje. – Cait disse simplesmente. – Você se importa?

– Não. – Na verdade, Sam se importava sim. Não por ela querer ir para sua própria casa, mas pelo motivo que acabara de surgir. Ela não queria que ele corresse porque estava chovendo? Que ideia absurda! – Nos vemos depois.

– Cait? – Ann a chamou quando entrou novamente no trailer. – Está tudo bem? Sam saiu irritado daqui.

– Está sim. Vamos terminar logo isso.

***

Caitriona terminou suas gravações no começo da noite. O clima ainda era chuvoso e muito frio, então ela aproveitou para passar em uma padaria e comprar uma bela sopa, já que não tinha disposição para cozinhar. Chegou em seu flat e encontrou Eddie atrás da porta. Percebeu o olhar da gatinha de quem esperava por mais alguém.

– Hoje somos você e eu, Eddie. – Disse ao se abaixar e acariciar aquela bola de pelos.

Eddie ronronou e saiu, subindo no sofá em seguida. Caitriona reconhecia que estava mal acostumada, porque todas as noites ela chegava com Sam ao seu flat. Ou ao dele. Tomou um longo banho, lavou os cabelos e foi tomar a sua sopa ao lado da gata no sofá. Ligou a televisão em um filme qualquer e verificou as suas mensagens. Nada dele. Bom, ela não deveria esperar que ele a entendesse. Quando finalmente ela estava bem alimentada e aquecida e o sono lhe vencia, o seu telefone tocou.

If you need me, call me
No matter where you are
No matter how far

– Diga. – Tentou parecer indiferente.

Cait... – A voz do outro lado era fraca. – Eu não to me sentindo bem.

– O que você tem Sam? – O tom de voz dela mudou de falsamente despreocupado para tenso.

Eu não sei, mas eu não to bem. Você pode vir pra cá?

– Eu só vou vestir uma roupa e já chego.

Não demore.

Just call my name
I'll be there in a hurry
On that you can depend and never worry

Caitriona percebeu que não se tratava de uma brincadeira quando ele não fez piada dizendo que ela não precisava vestir uma roupa. Fez isso em pouco tempo e em seguida desceu. Não tinha certeza se conseguiria dirigir, mas não tinha outra alternativa. A pé ela demoraria mais e se fosse esperar um táxi também, então agradeceu de ter conseguido ligar o carro e dar partida. Em pouco tempo chegou ao flat de Sam. Quando ele abriu a porta ela percebeu que ele estava mais vermelho do que de costume e com uma aparência nada sadia.

– O que aconteceu, Sam? – Cait jogou a bolsa numa poltrona da sala dele e tocou o seu rosto. – Meu Deus do céu, você está ardendo em febre.

– Não estou. – Disse como uma criança birrenta. – É só o calor do meu corpo.

– Eu conheço o calor natural do seu corpo. E não é esse. – Caitriona falou irritada. – Onde tem um termômetro?

– No banheiro do meu quarto. – Ele a viu sair em direção ao cômodo e voltar com a testa franzida. – Cait, não é necessário. – Ele disse quando ela colocou o termômetro debaixo do seu braço.

– Cale a boca! – Ela gritou e viu quando ele franziu o cenho em protesto ao que sentia. – O que você está sentindo?

– Muita dor no corpo. – Assumiu derrotado. – E muita dor de cabeça. Meus olhos estão ardendo e minha garganta está doendo muito.

– Parabéns, Sam Heughan. – Caitriona disse sem nenhum humor. – Você está com uma bela de uma gripe. Está com quase 39 graus de febre. – Ela verificou o visor do termômetro.

– Eu mereço!

– Sim, você merece. – Rugiu irritada. – Esse sofá não é confortável para você. Venha.

You see, my love is alive
It's like a seed that only needs the thought of you
To grow

Caitriona o ajudou a chegar até o seu quarto. Ele deitou na cama e ela pegou o telefone para fazer uma ligação. Um dos seus cunhados é médico e para evitar ter que levá-lo a um hospital ela preferiu ligar para ele. Recebeu uma série de recomendações e após verificar as alergias medicamentosas de Sam, o  recebeu a prescrição de alguns remédios que não necessitavam de receita e também vitaminas para ele.

– Aonde você vai? – Ele perguntou ao ouvi-la dizer "já volto".

– Vou à farmácia da esquina. Não demoro.

Antes que ele protestasse, Caitriona já havia deixado o flat. Voltou poucos minutos depois com algumas sacolas cheias de antitérmicos, antigripais, analgésicos e muitas vitaminas. Ele estava todo enrolado e com muito frio. Sua febre parecia ter aumentado e ela verificou mais uma vez. Lhe deu os remédios conforme o seu cunhado recomendou e depois algumas vitaminas.

– Você comeu? – Cait perguntou em pé ao lado da sua cama.

– Não consegui comer nada. – Confessou. – Na verdade não estou nem com fome.

– Eu vou usar a sua cozinha. Você come muito e não ter se alimentado durante o dia te fez piorar. – Ela saiu do quarto.

Sam ficou ali deitado sem conseguir entender. Ela ainda parecia irritada, ele não compreendeu o que aconteceu aquela manhã quando ela parecia estar enraivecida por ele dizer que ia correr e agora compreendia menos ainda o porquê de mesmo chateada ela estar ali. Adormeceu vencido pela febre e só acordou quando ela entrou no quarto e o chamou.

– Sam, sente-se. Coma! – Falou baixinho.

– Cait, eu não consigo. – Falou sinceramente. – Não sinto gosto de nada e dói a garganta.

– Você vai conseguir. Se você não comer vai ficar cada vez mais fraco. – Ela ordenou.

Ela colocou a bandeja com suporte na frente dele e sentou na cama observando-o comer. Não tinha cozinhado nem para ela ao chegar em casa, mas estava ali cuidando daquele homem teimoso e birrento que não a ouviu durante a manhã. Estava tão cansada, tudo o que desejava era despencar naquela cama e dormir por horas. Seu orgulho dizia que ela deixasse ele se virar sozinho, mas o amor por aquela criatura era tão grande que ela não se permitiria pregar os olhos enquanto ele precisasse dela. Um homem alto, forte, cuja cama se tornava pequena diante de seu tamanho, mas que agora se portava como uma criança indefesa. Ela riu desse pensamento e o seu riso o alcançou, fazendo com que ele desviasse os olhos da sopa para ela.

– Por que está rindo?

– Não posso rir? – Cait perguntou na defensiva.

– Eu gosto do som do seu riso. – Ele colocou o prato na bandeja. – O que você tem?

– Se sente melhor? – Desconversou e aproximou-se dele, tocando a sua testa. Ainda estava quente, mas menos que antes.

– Cait, por que você ficou tão irritada comigo hoje de manhã? – A voz de Sam saía baixa e rouca.

– Por isso, Sam! Você é tão teimoso! Eu sei muito bem sobre a sua facilidade em ficar doente. – Cait falava isso baixo, mas o seu tom era ainda raivoso. – Você tem uma imunidade baixíssima, passou a noite inteira gravando e depois ainda saiu para correr naquela chuva e naquele frio e olha só. Por que você acha que eu fiquei chateada quando você não atendeu ao meu pedido?

– Eu pensei que estava com raiva por eu não te "obedecer". – Ele falou dando de ombros.

– Você não me deve obediência, Sam Heughan. Você não é minha posse. E eu jamais ficaria chateada por você não fazer algo que eu peça se eu não tivesse motivos para isso.

– Você não explicou esses motivos, então eu não sabia o que pensar.

– Eu não sabia também que um homem na sua idade precisasse de alguém para lembrar sobre isso. Olha só para você agora. Aparentemente é só uma gripe, mas poderia ser pior. – Caitriona levantou da cama e ficou de pé ao lado dele. – Uma pneumonia ou algo mais grave. Você é muito cabeça dura e não escuta ninguém. Eu nem sei por que estou aqui.

– Não me deixe! – Ele agarrou levemente o braço dela. – Me desculpe Cait! Eu não me toquei que uma simples corrida me deixaria assim.

Ela viu a mão dele em seu braço e depois o olhar irresistível que ele lhe dava. Não, ela não o deixaria. Mesmo que por sua teimosia ele devesse ficar sozinho, ela não o deixaria. Maldito escocês. Nem por decreto ela o deixaria doente e solitário.

So if you feel the need for company
Please, my darling, let it be me

– Eu não vou. – Ela sentou ao lado dele na cama e deu um beijo em sua testa. – Me desculpe por não ter me expressado bem.

– Não importa. – Ele sorriu. – Pelo menos valeu a pena. Você está aqui cuidando de mim.

Caitriona não dormiu a noite inteira. Ela estava sempre alerta ao horário dos remédios de Sam, que inicialmente os tomaria de quatro em quatro horas para a febre. Esta, por fim, baixou, mas ainda estava por ali presente. Ela aproveitou que o dia já amanhecia e ligou para Ronald Moore informando que Sam estava doente e que não conseguiria gravar por causa da gripe, o que resultou em dois dias de folga para ambos, já que ela já estava interpretando Claire na vida real, segundo Ron. Ela acordou Sam apenas para dizer que iria até o seu flat buscar algumas coisas suas e ver Eddie, mas que não demoraria. Ela voltaria para cuidar dele até que ele ficasse bom novamente.

I may not be able to express
The depth of the love I feel for you

***

Sob os cuidados da amada Sam se curou rápido daquela gripe chata. Ela era autoritária na dose certa, fazendo-o comer e tomar os remédios na hora certa. Voltaram ao trabalho logo após Sam passar por um médico e fazer alguns exames exigidos pela produção. Caitriona agora carregava em sua bolsa todas as vitaminas necessárias para mantê-lo saudável e sempre pedia pausa nas gravações para que eles as tomasse, arrancando risadas dos colegas e levantando ainda mais suposições sobre um romance entre eles. O aniversário de Sam anunciou-se em uma manhã fria e com neblina e naquele dia eles deveriam gravar o pós-núpcias de Jamie e Claire no topo de uma montanha. Cait estava preocupada com a possibilidade de Sam ficar doente mais uma vez com aquele clima, mas ele parecia tão animado que ela apenas relaxou. Fizeram amor ao amanhecer, com ela desejando-lhe feliz aniversário após o gozo intenso. Sam havia recebido felicitações de todos os que estavam na produção naquele dia.

– Você não sabe o quanto estou feliz, Cait.

Sam e Caitriona estavam sentados sobre um pedaço enorme de tecido que imitava um tartan, a uma distância segura do beiral da montanha. A vista era incrível. Eles estavam caracterizados como Jamie e Claire, mas ambos cobertos com os seus casacos que os protegiam do vento gelado. As gravações iam começar em alguns minutos e eles estavam ali apenas entrando no clima de romance que os seus personagens precisavam transmitir também. Quem os via não duvidava que fossem um casal apaixonado, tamanha intimidade que transbordava daquela conversa descontraída e leve. A vista era incrível. O dia, por mais frio que estivesse, estava perfeito. Sam parecia ter ganhado o seu melhor presente: estava no alto de uma montanha, o seu lugar preferido no mundo. Estava saudável, realizando sonhos e mais do que isso, tinha a mulher que amava ao seu lado. Quebrar a muralha que era Caitriona parecia impossível no começo, mas encontrou naquela "rainha do gelo" uma fonte de amor inesgotável que só crescia. Se lhe perguntassem qual o dia mais especial de sua vida, poderia facilmente dizer que era aquele.

– Eu consigo ver em seus olhos, hon. – Ela sorriu feliz em vê-lo sorrir também. – Você transborda felicidade. É só pelo seu aniversário? – Cait também estava caracterizada.

– Também. Mas é que... – Sam sorria tão larga e genuinamente que ela ria dele. – Estar no topo de uma montanha ao lado da mulher que eu amo me deixa tão feliz que mal consigo parar de sorrir.

– E nem deveria. – Ela segurou em sua mão e por momentos esqueceu que outras pessoas estavam vendo isso. – O seu sorriso é lindo, Sam. Eu amo vê-lo tão feliz.

– E eu amo você.

Sam beijou a mão dela em seguida e não a soltou. Ficaram se namorando pelo olhar até que alguém da produção os informasse que as gravações iriam começar. A brisa gelada os atingiu em cheio naquele momento e uma leve chuva começou a cair, tão fininha que mal se percebia.

No wind, (no wind)
No rain, (no rain)
Nor winter's cold
Can stop me, babe
(Oh, babe) baby (baby)
If you're my goal

A cena ficou impecável. Não precisaram repeti-la nenhuma vez, tamanha a perfeição daquele momento em que Jamie e Claire faziam um simples piquenique para comemorar o seu casamento. O amor transcendia em meio aquela montanha e não se tratava só dos personagens. Caitriona Balfe e Sam Heughan podiam decorar falas e atuar perfeitamente, talentosos que eram, mas jamais encenariam o sentimento, porque ele era real.

– Muito bom! – Matt os tirou do transe em que se encontravam após o "corta" do diretor. – Essa cena ficou incrível.

– Obrigada, Matt! – Caitriona respondeu enquanto alguém a vestia novamente com o casaco.

– Para mim foi a melhor cena que gravamos até agora. – Anna Foerster, diretora do episódio, os parabenizou e ambos agradeceram. – Vamos agora dar uma pausa e aí voltamos para gravar a sequência com o Hugh Munro, ok?

– Ok. – Sam assentiu e levou Cait com ele para debaixo da tenda montada, onde eles sentaram em suas cadeiras. – Estava pensando, Cait, não combinei absolutamente nada com o pessoal hoje para comemorar.

– Bom, nós hoje gravaremos aqui e depois no estúdio, a Maril disse que provavelmente só terminaremos no fim da noite. Podemos comemorar no sábado, já que amanhã e sexta também gravaremos até tarde. Que tal se hoje ficarmos só você, eu e a Eddie lá em casa comendo um monte de besteira enquanto assistimos The Real Housewives of  Beverly Hills e tomamos um belo vinho?

– Eu e minhas duas gatinhas? – Sam riu da cara que ela fez. – É o melhor aniversário da minha vida.

***

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