O ômega errado

Prólogo

As ruas de Yiling estavam cheias pessoas indo e vindo, apesar de estarem no meio do inverno, o clima ainda era agradável e as pessoas andavam de um lado para o outro.

Um homem muito bonito andava calmamente pelas ruas, seu rosto elegante e refinado ostentava um cavanhaque longo e bem cuidado, seus olhos eram rígidos e na sua testa tinha uma fita branca com nuvens azuis. Muitos ômegas e, até mesmo algumas betas, paravam para admirar a beleza dos homens daquele clã, mas ao verem os olhos afiados, eles chegavam a se afastar de medo.

Atrás do Alfa, vinha duas crianças de sete e dez anos, ambos os meninos tinham a beleza incomparável do Alfa mais velho e a mesma fita branca com padrão de nuvens.

O menino mais velho andava com um espeto doce nas mãos, comendo-o sem pressa, saltitando vez ou outra, antes de ser repreendido por seu tio. Seus olhos eram gentis e convidativos e ele sorria para todo mundo.

O menino mais novo, andava de cabeça baixa, ele girava um pequeno tambor na mão, fazendo as duas contas de jade presas nele por um fio vermelho, baterem ritmicamente. Na outra mão, ele segurava um bolinho quente, que ele assoprava, tentando esfriar. Seus olhos dourados eram mais frios e tristes, ignorando as pessoas a sua volta.

Quando o menino mais novo sentiu um cheiro sutil que chamou sua atenção, levantou a cabeça para olhar em volta, uma figura pequena e magra acabou se destacando em um beco. O menino parou por um momento, se desviando do seu caminho e entrando no beco.

Encolhido em um canto, estava outro menino, vestindo trapos e tremendo de frio, ele abraçava a própria barriga, todo encolhido. Quando o menino o viu, se encolheu ainda mais, como se temesse que o outro fosse machucá-lo.

-Você quer? - Ele estendeu o bolinho que estava na sua mão, quando notou que o menino maltrapilho não parava de encarar. -Pega, é pra você... Você quer ir pra Gusu comigo? -

-Gusu? -

-É onde eu moro. Aqui, come, eu vou pedir pro meu tio e venho te buscar. - Ele entregou o tamborino e o bolinho para o menino, que guardou o brinquedo dentro da roupa, antes de dar uma pequena mordida no bolinho salgado. O pequeno alfa saiu correndo para buscar o alfa mais velho.

Quando o menino magro e faminto foi dar outra mordida no bolinho, ele começou a ouvir rosnados a vido da entrada do beco, por onde o menino bonito tinha vindo. O garoto então se levantou em um pulo, vendo que tinham três cães magros ali, cobiçando o salgado, o garoto não teve outra saída, a não ser começar a correr.

Jiang FengMian estava andando pelas ruas de Yiling, havia recebido uma dica que um jovem Ômega estava vagando pelas ruas de Yiling, tinha a idade correta e os olhos prateados, que ele tanto havia amado no passado.

Enquanto ele entrava de beco em beco, ele sentiu algo pequeno trombar com a sua perna. Quando ele olhou para baixo, viu um garoto, sujo, magro, com dois enormes olhos prateados e um cheiro sutil de ômega, lhe encarando.

Antes que o menino pudesse voltar a correr, Jiang FengMian o segurou pela roupa e se abaixou na sua frente. O mais velho liberou um pouco dos seus feromônios ômega para acalmar a criança, que olhava em volta, muito assustado.

-Oi... você é Wei Ying, não é? - O homem perguntou, com sua voz cheia de esperança.

-Quem é você? Como sabe meu nome? - O menino ficou ainda mais assustado, tentando fugir.

-Meu nome é Jiang FengMian, eu conhecia seus pais... Eu estive procurando por você, Wei Ying. - Ao ouvir sobre seus pais, o Wei Ying parou de tentar sair.

-Você conhece meus pais? Eles sumiram, me deixaram numa pousada e foram lutar com um monstro, mas eles não voltaram... - O menino fez um bico, triste, quando lembrou dos pais.

-Eu sei, mas agora eu estou aqui para cuidar de você, você está com fome? -

-Eu tinha um bolinho que meu amigo me deu, mas os cães comeram, mesmo assim eles queriam me pegar... - Wei Ying mostrou a mão machucada,

-Eu vou comprar um novo bolinho pra você... -

-Aqui não, eles estão por perto... Eles sentem o cheiro da comida – A criança sussurrou, tentando sair correndo.

-Espera, ninguém vai pegar sua comida Wei Ying, confia em mim... Nunca mais vou deixar faltar nada para você -

-Nem comida? - Seus olhos brilharam.

-Nunca, venha comigo para a Seita YunmengJiang, Wei Ying, lá você terá toda a comida que conseguir comer, terá muitos lugares para brincar e muitos amigos -

-Promete? Nunca mais passar fome? Nunca mais se esconder? -Sua voz animada ficou ainda mais alta.

-Eu prometo... - Jiang FengMian sorriu ao ver o menino ficar animado. Wei Ying pulou nos braços do ômega, que jurou proteger e cuidar daquela criança a partir daquele dia.