ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 𝕀𝕏

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Jungkook admirava o magnífico pôr do sol no jardim daquela casa que era o segundo lar dos pais adotivos, longe do tumulto e trânsito de Seul. Era uma casa esplêndida, mas, para ele, era apenas um local de memórias aconchegantes, situada no centro de Busan, a qual Jungkook herdou quando tinha 21 anos.

Embora muito amorosos, os pais adotivos de Jungkook tinham uma visão muito retrógada da vida, para eles não existia meio-termo, e isso os tornava pessoas difíceis de conviver, ele refletiu com frustração. Song Eun e Dahye sempre foram extremamente cuidadosos para não tirar proveito financeiro da riqueza de Jungkook, que ficou sobre custódia deles quando ele ainda era apenas um menino.

Jungkook já estava a três dias trancado em um escritório com o pai, lutando para tirar a empresa dele da beira da falência, sem poder ao menos oferecer um pequeno empréstimo para ajudá-lo. Já que eles não aceitariam o dinheiro dele de forma alguma. Eles estavam tão estressados que o pai adormeceu no meio do jantar, enquanto sua mãe ainda tinha um semblante abatido, pois, embora negasse, nunca se recuperou por completo do colapso nervoso que sofrera um ano e meio antes.

Se eles soubessem de seus planos em relação à Jimin ficariam perturbados. Jungkook sabia que os pais o adorava, e sempre pensavam o melhor dele, acreditando cegamente que ele teria absorvido os valores e princípios passados por eles. Mas, desde pequeno, Jungkook aprendeu como cativar os pais com fingimentos. Afinal, achava que não cabia a ele salvar o mundo de todo o mal...

Seu corpo se retesou e seu rosto ganhou uma expressão feroz ao pensar na situação particularmente desagradável que o estava perturbando tanto. Jungkook serviu-se de uma bebida e rapidamente afastou o pequeno diabo de seus pensamentos.

Em meio a uma vida totalmente preenchida por 18 horas diárias de trabalho para cumprir todas as demandas de seu império de negócios, Jimin era uma maravilhosa distração, e isso. Porém, se ele não telefonasse nas próximas 24 horas, eles entrariam no segundo round da batalha de quem é mais esperto, e ele não teria dó. Ele já estava armando a próxima jogada, sem qualquer remorso. Era nítido que ele não possuía o gene do perdão em seu DNA. Isso estava se tornando óbvio até para ele mesmo, embora Jungkook não costumasse fazer autoanálise.

O desejo que o estava impelindo era completamente de outra natureza. Somente um beijo... 

Droga! Afinal, o que ele era? Um adolescente para ficar assim tão excitado e atormentado?

E por que estava tão perturbado pela possibilidade de que Jimin estivesse naquele mesmo instante na cama com Donghae, usando suas armas para garantir a devoção do homem?

Por que ele se importava tanto?

Por que o simples pensamento o fazia fervilhar?

Isso deveria desestimulá-lo, apagar o fogo que Jimin despertava em seu corpo - que tanto o contrariava. Mas, naquele instante, tudo o que Jungkook conseguia pensar, na verdade a única coisa que estaria em sua mente nos próximos dias, era a perspectiva daquele fim de semana.

Um fim de semana para desfrutar das mais perfeitas fantasias. Contudo, nem era preciso dizer, suas fantasias, inevitavelmente, acabariam em desastre, ele ponderou com desfaçatez.

E, então, seria o fim, ele estaria curado daquele inconveniente e incompreensível desejo de uma vez por todas.

Simples assim.

Jungkook sorriu ao pensar no fechamento dessa longa e trágica história, já que ele estava cada vez mais ansioso para conquistar o equilíbrio.

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Jimin pegou o telefone, seu sangue congelando em suas veias. Mas chorar era algo que ele não fazia mais. Demonstre fraqueza e as pessoas cairão sobre você como abutres. Ele não era mais o garoto de três anos atrás. Entretanto, ainda que estivesse mais forte, não havia o que ele pudesse fazer para desviar-se da presente situação, pois Jungkook o colocara em um beco sem saída, sem dar a ele outra escolha a não ser proteger a todo custo seus pequenos bebês.

Pequenos SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora