ℂ𝕒𝕡𝕚́𝕥𝕦𝕝𝕠 𝕏

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As duas semanas passaram voando, Jimin estava tremendo quando saiu do carro que o pegou no aeroporto e respirou lenta e profundamente. Japão, Fujiyoshida. Esse não era o cenário que ele esperava que Jungkook tivesse providenciado. Na verdade, Jimin achava que eles passariam o fim de semana no apartamento dele. Nada parecido como a grande casa fortificada com uma vista deslumbrante do monte Fuji em Fujiyoshida.

Mesmo com o sol começando a se pôr em uma chama de ouro, a paisagem era magnífica, arvores de cerejeira floridas. Quase tão linda quanto à casa japonesa contemporânea com telhados verdes e vigas vermelhas. Esse com certeza não era o pano de fundo em que Jimin imaginaria Jungkook, pois ele acreditava que Jungkook só sabia viver no ritmo insano da cidade.

Um criado de baixa estatura já estava pegando a pequena mala de Jimin e, com um expansivo aceno de mão, cumprimentou-o em coreano, apresentando-se como Kenjiro. Ele convidou Jimin a segui-lo pelo salão de madeira polida, o acompanhando pela escadaria até um quarto finamente decorado em tons masculinos de ouro e verde. As bochechas de Jimin queimaram ao ver a cama de ouro drapeado. Rapidamente, ele desviou o olhar, seguindo Kenjiro até o grande banheiro moderno e sorrindo com educação e admiração.

Será que aquele homem sabia para o que ele estava ali? Ou ele simplesmente suspeitava que Jimin era apenas mais um dos amantes de Jungkook? Mas, afinal, o que importa o que ele sabia?

Jimin olhou o próprio reflexo tenso e sentiu-se desprezível.

"Controle-se", disse a si mesmo. Jimin nunca pensou que faria sexo por motivos tão desprezíveis, mas, no fim das contas, sexo era apenas sexo, mesmo com Jungkook, e não valia à pena arriscar sua vida segura tentando escapar da situação. Ele estava sendo objetivo, escolhendo a opção mais segura...

Nas últimas duas semanas, as negociações sobre a compra da empresa de Donghae aceleraram e chegaram ao fim. O acordo foi assinado e carimbado, e Jimin, querendo ou não, trabalharia para Jeon Jungkook outra vez, embora supostamente só depois que a equipe de contabilidade forense o convencesse de que ele era de confiança. Mas a certeza que Jungkook tinha de que ele era um ladrão ainda o incomodava, assim como o fato de ter de mentir para seu omma. Isso era o que mais atormentava a consciência de Jimin.

Ainda perturbado, Jimin tirou o leve casaco e concordou em descer para tomar o café que Kenjiro oferecera. Ele disse ao seu omma que estava indo para a Namgu visitar Minho e Taemin, que tiveram uma filha, Nari. O que mais ele poderia ter dito? Park Jungsu teria um ataque cardíaco se soubesse a verdade sobre o que o filho estava prestes a fazer, e a culpa incomodava Jimin. Com certeza, às vezes, uma mentira pode ser melhor do que a verdade ele ponderou com incerteza. Mas isso não oferecia nenhum conforto para Jimin, que fora sido criado para: "dizer a verdade e envergonhar-se da mentira".

O café foi servido no terraço, no calor do início da noite, e Jimin pensou em Hyunjin e Haneul, ressentindo-se por perder um fim de semana com os gêmeos. Quando ele, de forma distraída, desfrutava da vista fabulosa, com sombras cobrindo lentamente as colinas e copas das árvores, o telefone vibrou.

Espere-me no quarto. O texto dizia.

Jungkook o estava tratando como um brinquedo com um papel de destaque. O sabor do café amargou em sua boca. De repente Jimin se sentia enojado, com os nervos à flor da pele. Jeon Jungkook fora o homem que Jimin mais amou, ele o amou como nunca pensou amar alguém um dia. E embora se esforçasse para renegar esse sentimento, ele simplesmente amava Jungkook, e perder sua virgindade com ele só elevou para outra dimensão esse amor. Mas claro que com esse encontro humilhante e sem emoção, destruiria até mesmo as boas lembranças que tinha do tempo em que estiveram juntos.

Contudo, talvez toda essa chantagem fosse uma dádiva de Deus. Afinal, Jungkook o estava transformando todo aquele amor em ódio ao querer trata-lo como um objeto que podia manejar quando e como quisesse.

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