Capítulo 12

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As Lágrimas da Rosa Azul

Capítulo 12

P.O.V Narrador

Os tons de laranja no céu deixavam ainda mais evidente o fato daquele dia estar chegando ao fim, o que de certa forma transmitia uma sensação de alívio para Carl. Ele apenas teria de se preocupar em se controlar durante o jantar e logo depois poderia voltar para seu quarto.

Uma noite de sono e descanso era tudo que precisava no momento, estava transtornado pelos acontecimentos recentes, mas colocaria uma expressão neutra em seu rosto para não preocupar ninguém ou não causar suspeitas.

Caminhando em direção ao refeitório, o garoto de cabelos escuros reconhecia que seus amigos já haviam problemas o suficiente, especialmente o pianista e seu companheiro loiro, não queria ser mais uma preocupação na vida deles.

Havia feito isso desde que conseguia se lembrar, ignorava os próprios medo e vontades afim de ajudar quem precisasse, o que o levou a um cansaço crônico. Se estivessem em um livro, pensou Carl, provavelmente seria um personagem secundário sem grande relevância para a história dos protagonistas.

Esse tipo de pensamento o deprimia, mas ele foi se acostumando com o passar do tempo, guardar o que sentia para si mesmo era um hábito em sua vida, e não era como se ele se sentisse confortável para compartilhar mesmo que tivesse a oportunidade.


O local onde as refeições eram feitas estava repleto de alunos, como sempre foi, o excesso de pessoas aumentava a temperatura do lugar, o que era bom durante os dias mais frios.

Enquanto procurava um lugar para se sentar, de preferência perto de seus amigos, Carl recordou-se que o inverno se aproximava. A chegada do clima frio trazia muitas coisas, como neve e as férias de fim de ano, mas era acompanhada das provas finais e da graduação dos veteranos.

Esse último pensamento o fez se lembrar do cientista, que ainda não havia aparecido para jantar, o garoto religioso questionava-se se o amigo reprovaria mais um ano. Não era dúvida, o ruivo assumia sua decisão de continuar em Lacombrade, e dessa vez não seria diferente.

Seria?

Suas ponderações melancólicas são novamente afastadas de sua mente ao avistar rosto familiares sentados em uma mesa um tanto vazia. Surpreendeu-se um pouco ao ver Gilbert ao lado de Serge, pois não o havia visto desde que acordou, talvez a insistência do pianista o teria feito ceder e comparecer ao jantar.


Estava a alguns metros de distância, mas podia observar com clareza a maneira que tratavam um ao outro. Sempre eram próximos, tanto fisicamente quanto emocionalmente, bastava olhar com um pouco mais de atenção para perceber que realmente possuíam sentimentos pelo outro.

O que mais encantava Carl era como a presença de Serge conseguiu transformar Gilbert, mesmo que as mudanças não fossem perceptíveis a todos, o garoto religioso conseguia ver uma alteração no semblante do garoto loiro.

Dizia constantemente para si mesmo e para os outros, especialmente quando Gilbert era encontrado em situações um tanto quanto "complicadas", que o garoto mais jovem não era uma pessoa ruim, apenas um pouco estranho.

Orgulhava-se do fato de estar certo, e por mais que duvidasse de seus próprios pensamentos, alegrava-se pelo garoto loiro ter conseguido se reerguer e a experenciar coisas que nunca havia tido antes, como amizade ou amor.


Talvez fosse egoísmo de sua parte desejar ter a presença do pianista de uma forma que fosse além da simples amizade, quando imaginava uma realidade alternada de uma maneira mais realista, apenas não parecia certo.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now