Capítulo 4

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Capítulo 4


P.O.V Narrador


Aquilo era tudo que Pascal precisava ouvir, ele sorri calmamente, antes se dirigir ao amigo.


"Que bom, primeiro, eu preciso que feche os olhos." - O garoto ruivo diz, vendo o amigo seguir suas instruções.


Carl faz o que lhe é dito, aquela apreensão de não saber o que iria acontecer só o deixava mais curioso.


"Certo, agora imagine que Serge está em sua frente." - O mais velho diz, guiando o gartoto.


A imaginação de Carl o permitiu visualizar a figura do cigano em sua frente, ele conseguia enxergar cada detalhe da aparência do pianista com clareza.


Mentalizá-lo com toda aquela concentração o deixava um pouco nervoso, pois as cenas que aconteceram mais cedo passavam pela sua cabeça. Ele tentava focar no que Pascal estava dizendo, a fim de realizar o experimento e entender o que estava sentindo.


" Continue imaginando, me diga o que sente quando o imagina tão perto de você." - Pascal disse, esperando a resposta


O que ele poderia sentir? Carl sentia-se um pouco envergonhado de se imaginar tão próximo á ele, claro que ele já havia se imaginado com o pianista, mas fazer isso com outra pessoa por perto o deixava nervoso.


" Eu..eu não sei! Ao mesmo tempo que quero me aproximar, eu não sei se é a coisa certa a fazer." - O garoto de cabelos escuros responde, expondo suas dúvidas.


A verdade é que Carl nunca conseguiu entender muito bem seus sentimentos, ele reprimia tanto o que sentia pelas pessoas que não entendia mais o que era amor e o que não era. Ele era um garoto tímido, isso melhorou conforme ele foi crescendo, mas era um problema durante sua infância. Ao mesmo tempo que ele se imaginava com uma garota, ás vezes ele se imaginava com os garotos que conhecia. Esses dois pensamentos o faziam se sentir culpado, principalmente o segundo.


Esse era o preço de nascer e crescer numa sociedade extremamente conservadora.


Pascal, vendo o que o amigo estava passando, decidiu ajudá-lo a entender de uma vez por todas por quem ele sentia atração. Ele conhecia Carl, e desconfiava que talvez ele pudesse sentir tanta atração por homens quanto sentia pelas mulheres, ele só reprimia muito bem. O cientista ruivo já havia percebido o modo que ele olhava as pessoas do ambos os sexos, sempre com aquele olhar de encantamento, curiosidade e principalmente, culpa.


O mais velho já queria fazer isso a algum tempo, e esse era o momento perfeito. Pascal gentilmente coloca suas mãos nos ombros do amigo, e inclina sua cabeça levemente para frente. Um pouco surpreso com esse toque repentino, Carl fica curioso mas não reclama. No fundo, ele sabia o que estava por vir. Uma parte dele o dizia para ir embora dali e fingir que aquela conversa nunca aconteceu, mas a outra ansiava por algo que ele nem sabia o que era.


"Continue imaginando que Serge está no meu lugar." - Pascal fala isso ficando a centímetros de distância do garoto de cabelos escuros, os dois podiam sentir a respiração um do outro.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now