Capítulo 10

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Capítulo 10


P.O.V Narrador


O Sol encontrava-se no topo do céu, indicando que metade do dia já havia se passado. Apenas uma parte do caminho havia sido percorrida pelos garotos, que pareciam ser os únicos no local. Não parecia a mesma Lacombrade que sempre viam, estava quieto demais, geralmente havia diversos estudantes na área externa do colégio quando as aulas acabavam. Aquilo despertou em Carl uma sensação de liberdade, era diferente de tudo que ele havia sentido, sentia um misto de adrenalina com medo e empolgação.Cortando caminho por dentro da floresta, afim de evitarem serem vistos caso andassem em uma área mais aberta, o trajeto até a estufa era feito silenciosamente. O garoto religioso pedia perdão internamente diversas vezes por estar saindo durante a aula.O garoto mais velho, que liderava o caminho, resolveu iniciar uma conversa, para que talvez o amigo pudesse se acalmar e sentir-se menos culpado.


"Você me surpreende ás vezes." - O ruivo falou ainda andando, o que chamou a atenção do garoto de cabelos escuros.


"De que maneira?" - Perguntou o mais novo, aliviado por uma conversa ter sido iniciada e aquele silêncio ensurdecedor do ambiente ter sido quebrado.


"Pensei que passar algum tempo com Serge era o que você queria, mas você não somente recusou a oferta dele, como aceitou ir até a estufa comigo." - Pascal respondeu sorrindo um pouco.


"Nunca havia te visto tomar tantos riscos em um período tão curto de tempo." - O cientista novamente diz em meio a uma risada, deixando o amigo um pouco envergonhado.


Carl não sabia como responder, era fato que estar com Serge tinha sido sua maior vontade em todos os tempos, mas parece que ele não enxergava mais isso como uma prioridade. O que era estranho, pois a única coisa que sentia era o desejo de passar mais tempo com Pascal, o que o fez se sentir um pouco acanhado por isso.Demonstrar afeto não era sua maior qualidade, mas o ruivo já estava acostumado e conseguia perceber as pequenas atitudes com que Carl manifestava sua amizade.


"Eu apenas pensei que seria melhor me afastar um pouco até esse sentimentos indesejados desaparecerem." - O garoto religioso respondeu, desviando de um galho que estava no meio do caminho.


Após alguns minutos de caminhada, os dois garotos se encontravam em um local com um pequeno caminho de terra até a estufa, que refletia os raios de Sol nas paredes envidraçadas.Aquele lugar era um contraste de Lacombrade, que costumava ser tão fria e sempre com uma atmosfera tão solitária. Parecia que a estufa era um pequeno pedaço do paraíso na Terra, um lugar que parecia de outro mundo de tão acolhedor que era.Adentrando na sala de vidro, a paisagem que era tão comum de se ver, ainda sim conseguiu impressionar os dois amigos. Havia diversas plantas, umas caindo sobre as outras, criando um aspecto bagunçado mas reconfortante ao mesmo tempo.


O que mais se destacava no local era uma pimenteira, radiante, que levava seus longos galhos até o mais alto que podia. Os raios de Sol estavam contra a planta, o que a deixava com uma aparência ainda mais encantadora.Encantado em como demorou para perceber a beleza daquele lugar que frequentava diversas vezes, o garoto de cabelos escuros tocou os pequenos frutos da pimenteira que refletiam ao Sol, decepcionado consigo mesmo por não ter notado o quão belo era aquele lugar.Não pareciam que estavam em um lugar familiar, nem em Lacombrade e muito menos fazendo algo errado, eram apenas os dois diante daquela deslumbrante paisagem que a estufa os proporcionava. Passar a tarde analisando e colhendo diferentes espécies de flores era um dos passatempos favoritos do cientista, e mesmo não concordando muito com essa atitude, Carl parecia entender o motivo do amigo gostar de passar tanto tempo naquele lugar.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now