Capítulo 9

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Capítulo 9


P.O.V Narrador


O garoto que antes se concentrava nas explicações do professor agora se encontrava trocando recados com o amigo ao seu lado. Cada movimento de Carl era feito com apreensão e cuidado, receoso de que fossem descobertos.Por outro lado, o garoto de cabelos avermelhados não se importava tanto com a discrição. A indiferença em relação às aulas era evidente: todas as vezes em que comparecia à classe, sempre contava os minutos para sair e ir ao laboratório.O garoto de cabelos escuros discretamente abre o papel que lhe foi dado, evitando com que o ato de desdobrá-lo fizesse algum barulho, e escondendo-o em uma das páginas do livro.A caligrafia quase ilegível era uma das características do cientista, era preciso um certo esforço para conseguir compreender o que ele escrevia. Carl já havia se acostumado com aquilo, ler o que estava no papel não era um problema.


Carl começa a ler o bilhete que escondia dentro do livro:


"Latim é realmente uma língua morta, poderiam nos ensinar coisas realmente úteis como Biologia, ne in vobis? (você não concorda?)"


A última parte da frase foi escrita em Latim. O ruivo gostava de deixar claro que o fato de achar a matéria inútil não significava que era ignorante em relação à ela. As reclamações por parte do amigo já eram comuns, Carl só não pensava que ele exporia suas lamúrias durante a aula.Pascal o olhava como se esperasse uma resposta. O garoto de cabelos escuros precisava pensar no que dizer e devolver o papel sem causar suspeitas. O lápis desliza pela superfície do papel rapidamente, enquanto o escritor se esforçava para fazer o mínimo de barulho possível.O ruivo fica satisfeito ao receber o pequeno pedaço de papel novamente, ele o abre e prepara-se para ler e responder. A caligrafia cuidadosa e extremamente arredondada de Carl estava presente nas palavras que o cientista já esperava.


"Sei que prefere estudar outras coisas, mas precisa aprender Latim se pretende se formar algum dia."


As palavras de Carl eram previsíveis, e Pascal já havia formulado uma resposta. Ele só precisava saber se era a hora certa de fazer sua proposta.O pequeno pedaço de papel é passado novamente para o amigo, que tinha medo de ser flagrado, mas ao mesmo tempo estava curioso para continuar a conversa.


"Ainda temos outra aula após o almoço, os professores devem estar tentando destruir nossos cérebros, desse jeito. Estava pensando em ir até a estufa para colher novas espécies de flores após o meio dia. Gostaria de se juntar a mim?"


O garoto religioso releu o que foi escrito novamente, com receio de ter se enganado. Pascal havia o convidado para ir a estufa durante a aula? O hábito de amigo de reprovar propositalmente era conhecido por todos, e ninguém mais se surpreendia quando não o via nas aulas.Mas com Carl era diferente, ele era o completo oposto de Pascal, podia contar nos dedos de uma mão quantas faltas tinha em um ano. Seria arriscado, poderiam ser pegos, punidos, advertidos, e talvez até suas famílias seriam informadas.Sua boa índole e morais rigidamente construídas o diziam para recusar o convite, e o medo e a emoção de estar fazendo algo errado se misturavam. Mas a vontade de passar um tempo com o ruivo se mostrou maior que tudo isso.Torcendo fervorosamente para que não fossem vistos ou descobertos, o garoto de cabelos escuros internamente pedia perdão pelo que estava prestes a fazer, sentindo uma culpa inimaginável. Mas a sua curiosidade tomou conta de suas ações.O bilhete é devolvido lentamente. Carl não podia acreditar no que havia escrito, ainda havia tempo para de mudar de ideia, mas ele não o fez.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now