Capítulo 2

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P.O.V Narrador

Não funcionou, a dor que Carl sentia continuava a mesma. Aquelas horas passadas na Igreja implorando perdão haviam adiantado de nada.

Seu olhar estava vazio, como se estivesse procurando algo mas ao mesmo tempo não sabia o que era. Ele não se atreveria a ir atrás de Serge outra vez, não queria se machucar ainda mais.

Provavelmente ele levaria um sermão do professor Louie Renné, teria punições como ficar de joelhos durante o intervalo ou ter o dobro de tarefas.

Isso não o incomodava.

Ao passar perto de outros estudantes, ele colocava em seu rosto a expressão calma de sempre. Todos olhavam Carl com admiração, pensando nele como um modelo de perfeição e responsabilidade.

"Se soubessem o que existe por dentro dessa face sorridente, ficariam enojados..." – Ele pensava consigo mesmo enquanto andava em direção á escola.

Tudo que ele precisava era se distrair, ele precisava pensar em alguma outra coisa que não fosse o cigano. As lições de casa estavam feitas, seu quarto estava limpo, a missa já havia acabado, não havia mais nada para ser feito.

Ele pensou e decidiu que passar um tempo com algum de seus amigos seria uma boa idéia.

Serge? Ele não queria vê-lo até se sentir melhor.

Gilbert? Ele não se sentia confortável perto dele, sabendo da relação que havia com o pianista.

Kurt e Neka? Estavam jogando futebol, e Carl nunca se deu bem com esportes.

Sebastian? Ele e seu irmão mais novo raramente passavam algum tempo juntos, tendo em vista que Sebastian gostava de sair com os garotos mais velhos.

Pascal?

"Sim, acho que passar um tempo com ele deve me fazer bem. Normalmente ele sempre está no laboratório estudando alguma coisa nova, quem sabe eu possa ajudá-lo e me distrair!" – O garoto de cabelos escuros rapidamente vai em diração ao laboratório da escola

Se sentir útil era como um alívio para Carl, já que ele geralmente tinha alguns problemas relacionados á auto-estima.

Caminhando pelos corredores de Lacombrade, ele se aproxima da porta do laboratório.

Aquele lugar só era usado durante as aulas de Química, e raramente era frequentado depois das aulas, exceto por um cientista ruivo.

Respirando profundamente, o garoto religioso bate levemente na porta, esperando por uma resposta.

"Entre." – Uma voz respondeu de dentro da sala, alguns segundos depois, só podia ouvir o barulho da velha porta de madeira sendo aberta.

O ambiente daquele laboratório era bem iluminado, graças ás janelas que ocupavam boa parte das paredes.

As diversas bancadas estavam ocupadas por frascos de vidros, livros e papéis com anotações. Qualquer um que visse aquilo ficaria confuso, mas Carl já estava acostumado.

O fato do cientista ruivo ficar a maior parte do tempo naquele local era comum para Carl, desde que o conheceu, já sabia que ele era uma pessoa excêntrica e á frente do seu tempo.

Passando calmamente entre as mesas, o garoto religioso observou uma silhueta que estava de costas para ele.

O mesmo usava um jaleco branco com as mangas dobradas até os cotovelos, os cabelos ruivos estavam despenteados e a figura se encontrava curvada para frente.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now