Capítulo 8

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Capítulo 8


P.O.V Narrador


A lua estava brilhando no ceú durante uma noite escura na Academia Lacombrade, ela era a única fonte de luz que iluminava os quartos que estavam com as cortinas abertas. Já se passava da meia-noite, o silêncio chegava a ser ensurdecedor, todos os alunos já estavam em seus quartos descansando após mais um dia. As noites naquela escola costumavam ser muito diferente do que as manhãs, que eram sempre movimentadas e barulhentas.


Os corredores que durante o dia estavam cheios de alunos correndo, estavam vazios e escuros, eram poucos os que se atreviam a sair á noite no meio daquela escuridão. Em meio á toda aquela paz e silêncio, havia alguém que estava com dificuldades de repousar tranquilamente. A expressão de Carl não era mais de cansaço ou de relaxamento como no começo da noite, estava mais parecida com desconforto.


Os cobertores já estavam desarrumados por causa dos movimentos que não paravam, era como se o garoto estivesse sendo perturbado em seu sono. A expressão era franzida e demonstrava agonia, a respiração dele estava mais intensa. Dentro de sua cabeça, ele sonhava que estava sozinho, em um espaço branco que não possuía começo nem fim. Aquele lugar era vazio e silêncio, possuía um tom de branco tão claro que os olhos doíam de tanto encarar. O silêncio chegava a ser agonizante, ele andava sempre em linha reta mas era como se não saísse do lugar. Apesar de ser um lugar vazio, aquilo o transmitia uma sensação de tristeza, ou até de incapacidade de não conseguir sair.


Mas foi nessa hora que a tranquilidade do espaço branco desapareceu, Carl continuava caminhando, mas conforme ele pisava, rachaduras apareciam no chão. O piso branco aparentemente infinito começou a rachar e quebrar, fazendo com que pedaços caíssem num limbo escuro sem fim. O garoto se assustou e começou a correr na direção oposto de onde veio, apenas para ver que cada vez mais pedaços do chão quebravam e caíam. O que aconteceria se ele caísse naquele abismo? A resposta era incerta, e isso o assustava. Não havia mais para onde correr, o único espaço branco estava sendo destruído aos poucos, a tristeza e o vazio que sentia antes haviam se transformado em medo.


Agora havia apenas um pequeno pedaço do chão, onde ele mal conseguia se equilibrar para não cair. Foi inevitável, o último pedaço se partiu o levando para o que ele acreditava ser uma queda sem fim. Mas Carl não sentiu o impacto do chão ou a sensação de cair, a única coisa que ele sentiu foi algo o segurando pelo pelo antebraço. O garoto estava com os olhos fechados se preparando para enfrentar o abismo, e após sentir ser segurado pelo braço, levanta a cabeça para encarar o que o impediu de cair. Era o braço de alguém, provavelmente de um aluno da escola, pois a manga do casaco do uniforme era facilmente reconhecível. Porém, ele não fazia ideia de quem poderia

 ter o salvado e nem mesmo como isso era possível, seu primeiro impulso foi perguntar.

"Serge?" - O garoto de cabelos escuros perguntou sem pensar, para ele parecia um pouco óbvio que o pianista teria essa atitude de ajudá-lo.


Ele não obteve resposta, foi quando ele olhou com mais atenção para a mão que o segurava. Não se parecia com as mãos de Serge, a cor da pele era mais clara e não eram tão finas e delicadas como as mãos do cigano. Carl não fazia ideia de quem poderia ser, ele tentava reconhecer a figura misteriosa, mas quanto mais ele olhava para cima, mais a visão dele ficava embaçada.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now