Capítulo 11

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Capítulo 11


P.O.V Narrador


Os olhos do garoto religioso são abertos lentamente após o final do ato, sua percepção do tempo ainda estava alterada, mas ainda restaram alguns segundos para perceber o que tinha acontecido.Seu coração palpitava mais rápido do que já havia batido em toda sua vida, uma onde de fortes emoções o atingiu, o deixando em estado de choque. Não podia acreditar no que havia feito, ou melhor, ele não queria acreditar no que acabara de fazer.Por pouco tempo, sua mente ficou livre de qualquer preocupação ou pensamento negativo, deixando apenas as sensações se aflorarem. Era inevitável o que aconteceria depois: voltaria à dura realidade, onde afogava-se em arrependimento e culpa.Pensamentos sobre as piores coisas que poderiam lhe acontecer invadiram sua mente, o deixando com dificuldade de respirar e com um olhar assustado. Não era sua intenção, havia conseguido esses anos todos guardar o que sentia, não se permitia sequer pensar e muito menos falar sobre isso, mas aqui estava ele, colocando tudo a perder por um pequeno deslize.Carl poderia ter se afastado, ele sabia disso. Mas mesmo assim, foi como se algo o atraísse, algo que nem ele mesmo sabia que desejava.


O garoto de cabelos avermelhados observou a maneira como o amigo reagiu, não era nada parecido com o que aconteceu no dia anterior. Ele parecia assustado, provavelmente se culpava novamente, e não esboçava uma reação clara.Pascal sentia-se culpado. Ele sabia dos problemas que Carl possuía em relação aos próprios sentimentos, e mesmo assim deixou suas emoções o guiarem. Havia sido negligente, mas não se preocupava muito consigo mesmo, o foco de sua atenção era o amigo, que continuava estático.As mãos do cientista, que antes repousavam nos ombros do garoto mais novo haviam sido afastadas pelo mesmo. Ele encarava um lugar fixo enquanto seus pensamentos o perturbavam.Em meio às suas dúvidas, questionamentos e frases autodepreciativas misturavam-se, fazendo o garoto se culpar por ter se rendido à "tentação".Sentia como se sua garganta estivesse fechada, impedindo parcialmente a passagem do ar. Palavras queriam sair, mas o silêncio continuava. O cientista preocupava-se com o estado do garoto mais jovem.


"Está tudo bem?"- O mais velho pergunta, tentando olhar nos olhos do garoto de cabelos escuros, que pareciam estar cheios d'água.


Ele não conseguia sequer pensar em uma resposta, não estava nada bem, sentia um remorso profundo que o corroía por dentro, era uma sensação similar ao que sentiu durante o passeio pela floresta no dia anterior.Não possuía estrutura para continuar ali, mesmo que quisesse aproveitar da presença de seu melhor amigo. O medo das possíveis consequências era maior, e foi esse medo que o fez recuar.Pascal podia sentir a agonia do garoto religioso, sabia que havia cometido um erro e que deveria ter levado em conta as possíveis preocupações do amigo. Normalmente não sentia-se culpado por obedecer às próprias vontades, mesmo que isso significasse desagradar alguém. Mas desta vez, era diferente.Era inevitável sentir-se mal ao ver o sofrimento de Carl, importava-se com o bem-estar dele mais do que de qualquer outra pessoa, talvez até de si mesmo. Geralmente conseguia resolver os problemas de um modo racional, mas esse estava fora de seu alcance.


"Me desculpe..." - O garoto de cabelos escuros disse, quase que sussurrando, enquanto mantinha seu olhar direcionado para o chão.


O cientista não tinha total certeza de que o amigo estava se dirigindo à ele, já que não havia motivo para se desculpar, mas ao pensar mais um pouco, o ruivo descobriu com quem ele possivelmente estava falando.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now