Capítulo 13

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As Lágrimas da Rosa AzulCapítulo 13


P.O.V NarradorAs palavras que saíram de seu monólogo não provocaram reação imediata, a quietude do laboratório era perturbadora, como se ambos refletissem o que ouviram. Ele havia feito o que tanto temia, disse tudo que o atormentava e que estava em sua mente, criou um distanciamento tanto físico, quanto emocional. Os dois garotos não mais envolviam seus braços ao redor um do outro, mal podiam manter contato visual. A sensação de perceber o que acabara de acontecer demorou para atingi-los, mas quando o fez, desolou o interior de ambos, afogando-os ainda mais em dúvidas.Carl arrependia-se profundamente por cada sílaba proferida por ele, mas não havia coragem para voltar atrás, ver o semblante soturno do cientista era o suficiente para fazê-lo se sentir ainda mais desprezível.


A face Pascal estava marcada por uma expressão de vazio, não era similar a quando mais um de seus experimentos falhava, ou quando irritava-se com alguém, nem sequer poderia ser comparado a frustação dos próprios fracassos. Uma parte de si o deixou no momento que ouvi o monólogo do garoto religioso, sentia-se totalmente desvalido, o que mais temia e o que fora a razão de seus preocupações, havia finalmente acontecido. Por um segundo, no fundo de seus pensamentos mais íntimos, o garoto ruivo ainda pensava que havia uma esperança. Imaginava-se com um final diferente, que pudesse estar com quem tanto almejava. Frustações sempre o acompanhavam, e a sensação de vazio foi substituída por desolação.Estava á deriva agora, sua mente brilhante não conseguia raciocinar em nenhuma solução possível, não era algo que envolvendo números ou fórmulas exatas. Humanos eram criaturas intrigáveis, ele mesmo já havia pensado isso diversas vezes, podem abater-se por algo considerado tão superficial.


"Eu sinto muito..." - A voz de Carl, que tanto expressava infelicidade dizia, numa tentativa falha de diminuir o sofrimento do cientista.


O que ele havia feito era considerado inimizade e até poderia ser pior do que uma traição, havia renegado sua amizade. O aroma de lavanda não mais tão agradável como parecia, fazia-os ficarem nauseados, talvez graças ao estresse repentino.O que mais surpreendeu o cientista foi a maneira que recebeu esta notícia, esperava ver um semblante de raiva ou no mínimo desgosto no rosto de Carl, mas a única coisa que pôde observar foi o abatimento.Pascal esboçava uma expressão de contentamento, juntamente de um olhar vazio. Imaginara que teria a possibilidade de algo do tipo acontecer, mas não expectava que a realidade poderia ser tão angustiante assim.Sentia raiva, não de Carl, mas de si mesmo. Em outros tempos, poderia tê-lo por perto sem sequer preocupar-se, mas agora havia arruinado a relação que ambos possuíam, a culpa agora o assombrava.


"Tem certeza disto?" - Ainda sentia uma esperança dentro de si, uma expectativa que se recusava a morrer, ansiando pela mudança de ideia por parte do garoto religioso.


Recordava-se de todos os momentos que compartilharam, era como se estivessem sendo reduzidos á poeira, quem mais esteve ao seu lado estava prestes á abandoná-lo.Podia perceber que o garoto mais jovem não sentia-se bem naquela situação, seus olhos levemente marejados demonstravam tudo que guardava para si próprio. Controlava-se intensamente para não retirar tudo que dissera e pedir perdão, mas sucumbir aos seus desejos estava fora de questão.Repetia para si mesmo que apenas faria aquilo para o bem de Pascal, porque o bem-queria tanto que não hesitaria em garantir a salvação dele, mesmo que isso significasse magoá-lo.


"Não há outra alternativa, é a única maneira de nos salvarmos..." - Após acenar o positivamente com a cabeça, o garoto de cabelos escuros responde a pergunta que lhe foi feita, esperando que o ruivo compreendesse suas reais intenções.

As Lágrimas da Rosa AzulWhere stories live. Discover now