💕 Cap 33 💕

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Sarahlima35
Toda sua meu amor ❤️

Como eu amava estar com os meus filhos, cuidar deles, conversar, saber de tudo e lhes incentivar a seguir os seus sonhos. Havia me perdido de fato em um dado momento de nossas vidas. Passei a cobrar, a exigir, a querer o melhor deles. Não fiz com uma má intenção e sim na tentativa de lhes tornar seres humanos dignos de enfrentar o mundo, um mundo completamente ambicioso, concorrido, cheio de maldades. Nem sempre eu e Inês estaríamos aqui para lhes socorrer.

Nós como pais temos essa visão de querer proteger nossos filhos de todo e qualquer mal, mas a verdade é que muitas vezes somos nós a causar esse mal, quando interferimos em seus sonhos, em seus passos. Temos apenas que confiar e permitir que eles tracem o seu próprio caminho. Ensinar a serem independentes, a cair e levar. Não parar nunca de lutar. Porque a vida é isso, é uma constante batalha, de aprendizado. Meus filhos me enfrentaram, saíram de casa e foram em busca de seus sonhos.

Pouco a pouco fui percebendo o quão cego e errado estava com eles e com tudo que pensava. Apesar de tudo estava feliz de poder consertar os meus erros e tê-los ao meu lado. De saber que eu e Inês poderíamos descansar tranquilos, sabendo que cumprimos a nossa missão com eles. Mas que agora começariamos uma nova, estávamos a espera do nosso potrinho, que viria para completar a nossa família.

Fiquei um bom tempo no colo de meu pai, sentindo e desfrutando de suas carícias, de seus afagos. Como sentia falta desse momento, de estar em seus braços, me sentir acolhida, protegida de tudo. Ele tinha razão em falar que meu espírito era livre. Não nasci para viver ali, mas era a minha origem, a minha família e apesar de não gostar muito dali, era o lugar onde eu tinha proteção, onde não estaria sozinha. Vivi muitos anos assim, sozinha e não era nada bom. Agora que estava ali não queria mais sair. Ainda não era nada definitivo, mas provavelmente seria. Entramos em casa e fomos para os nossos quartos. Hoje com toda a certeza do mundo, dormiria tranquilamente, por saber que estava tudo bem e que tudo tinha sido resolvido. Mau esperava que o dia amanhecesse e eu poderia voltar a cavalgar ao lado do todo imponente Don Victoriano Santos.

Tempos depois...

Foram os meses mais angustiantes de nossas vidas. Kassandra já estava em seu sétimo mês de gestação e eu próximo do terceiro. As coisas não estavam fáceis e eu sabia. Algo me dizia que o fim de todo aquele sofrimento estava próximo e eu não gostava nada de como provavelmente tudo terminaria. Naquele dia em específico acordei de madrugada com uma terrível crise de choro e não importava o que Victoriano me dissesse, eu só chorava e sentia tudo me sufocar. Tive que tomar um calmamente para descansar e parar de chorar, o que não foi muito fácil.

Kassandra não estava nada bem e nenhum dos seus remédios faziam mais efeitos. Ela estava de cama e não conseguia mais fazer nada, finalmente a doença lhe deixou debilitada. Ela sentia as dores cada vez mais fortes, tinha febre constantemente e mau se alimentava. Por mais que tentasse ser forte eu não conseguia, tudo em mim gritava em desespero por ver minha filha se esvaindo, dando a própria vida para salvar o seu filho. Eu sei o que ela estava fazendo, era mãe e faria o mesmo por qualquer um de meus filhos. Mas como mãe, eu não era forte o suficiente para ver tudo aquilo sem sofrer.

Na sala...

Victoriano: Ela conseguiu dormir - respirei fundo sentando ao lado da minha mãe e de meu sogro - já nem sei mais de onde tirar forças para tudo isso - passei a mão em meu rosto.

Isabela: Ai meu filho... eu nem imagino o quão forte você está sendo nesse momento... nós que somos avôs estamos sofrendo, mas vocês como pais estão bem mais... Inês está sofrendo, deixando tudo sair... mas você... você está guardando tudo e isso me assusta - suspirei acariciando suas costas - não precisa carregar o mundo nas costas meu filho... eu e o Gabriel estamos aqui, nos permita lhe ajudar.

Victoriano: Eu sei mãe - respirei fundo - e de verdade eu agradeço por estarem aqui, não está sendo fácil e a medida que o tempo passa tudo só piora... eu estou bem... agora eu tenho que me manter centrado, não posso me dar ao luxo de desabar e deixar a Inês pior, muito menos a Kassandra... alguém tem que ser forte e de nós dois esse alguém sou eu... além de tudo ela está grávida e não é uma gravidez simples.

Gabriel: Não é meu genro... sabemos o quão complicado tudo está sendo... estamos aqui para ajudar em tudo... não se preocupe que eu vou cuidar da empresa, fique em casa e cuide da sua esposa - lhe olhava - sei que está sendo forte, mas as vezes precisamos desabafar... não aguentamos levar tudo calado... eu vou tentar descansar um pouco, o dia está quase amanhecendo... se ela acordar me chame novamente - beijei o rosto de meu amor e me levantei - tente descansar também... Emiliano cuida da fazenda... aproveite para descansar, você precisa.

Victoriano: Muito obrigado por tudo que estão fazendo... eu vou ficar com ela e não se preocupe, Inês vai dormir até tarde... esse calmamente foi o Octavio quem receitou... farei o mesmo também, irei descansar e se precisar de assinatura pode mandar pelo motorista... vá descansar também mãe, vocês basicamente passaram a madrugada me ajudando com a Inês, estão cansados - beijei o seu rosto e me levantei com ela - amanhã será um novo dia e ela estará bem - dei um meio sorriso.

Isadora: Está bem meu filho, qualquer coisa nos chame... durma bem - lhe abracei e sai com o Gabriel.

Não vou negar que estava cansada, quase não havia dormido e meu velho corpo já reclamava do cansaço. Entrei em meu quarto e fui direto para cama, assim como Gabriel. Me ajeitei ali e logo senti ele deitar junto a mim. Lhe abracei como pude e fiquei lhe acariciando.

Isadora: Eu sei meu amor - suspirei triste - eles estão sofrendo e isso acaba com nós dois... somos pais e avós - sussurrei - eu só espero que isso tudo passe e que a nossa menina fique bem... ela tem que ficar - falei pensativa.

Gabriel: Nunca pensei que veria a minha filha assim, não depois que a mãe dela faleceu - respirei fundo - mas nos enganamos com a vida, ela sempre dá um jeito de virar tudo... vamos ter fé Isa - a olhei e passei a mão em seu rosto - fé de que nossa neta vai ficar bem e que isso vai passar - lhe dei um meio sorriso - agora vamos dormir, estamos cansados, sim?!

Isadora: Claro! Eu te amo e juntos vamos sair dessa - lhe sorri com amor - descansa minha vida - beijei ele como pude e nos ajeitamos na cama dormindo pouco tempo depois.

Horas depois...

Acordei sentindo a claridade da janela iluminar o quarto. Me virei com cuidado e vi o Victor ao meu lado. Passei a mão em seu rosto e me levantei com cuidado. Apesar de estar um pouco sonolenta, precisava saber como a Kassandra estava. Fechei a cortina da janela, para o Victor dormir um pouco mais e fui ao banheiro. Tomei um banho e me troquei sem fazer muito barulho, sabia que ele estava cansado e precisava descansar. Sai do quarto e fui ao de Kassandra. Bati na porta e entrei após ser autorizada.

Inês: Oi meu amor... como vocês estão? - perguntei me sentando ao seu lado na cama - conseguiu descansar?

Kassandra: Oi mãe - sorri fraco - dormi um pouco... estamos bem... como a Sra está? - segurei sua mão.

Inês: Estou bem meu amor - passei a outra mão em seu rosto e sorri - conseguiu comer alguma coisa?

Kassandra: Antes de sair o Luís me trouxe o café, comi um pouquinho... não consigo comer muito - suspirei - mamãe... deita aqui comigo.

Inês: Claro meu amor - tirei minhas sandálias, me ajeitei na cama e trouxe ela para deitar em meus braços - quer um pouco do colinho da sua mãe? Sabe meu amor... quando você era pequena e não queria ir para o colégio, fingia que estava doente e sempre, sempre pedia o meu colo... eu sabia que não era uma febre de verdade, era só a minha menina querendo um pouco da atenção de sua mãe e eu nunca te negava... eu amava tê-la assim comigo... cuidar de você... de cada machucado que tinha em seu corpinho - sorri nostálgica - hoje eu daria o que fosse necessário para tirar as suas dores e te ver sair pela casa sorrindo e cantando, como sempre fez.

Continua...

¿Quién Diría? - Inês y Victoriano (Concluído)Where stories live. Discover now