43- Caítulo narrado por Uttara

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!!!AVISO!!!

   Caros leitores, por favor, não tentem nenhuma das atividades apresentadas nesse capítulo, saúde não é brincadeira. Se você está emocionalmente instável, procure ajuda, por favor! Amo vocês ok? Agora para o capítulo:


   Era como parte do nosso treinamento na ilha ingerir pequenas doses de sedativo por dia, para tentar nos imunizar contra ele, ou no mínimo diminuir seu efeito em nós, então não eram apenas os medicamentos que estavam acabando comigo.

   Assim que os irmãos do terror saíram do calabouço o guarda responsável por me dar os sedativos me agarrou e empurrou contra a parede fazendo com que  meu crânio se chocasse contra ela. Em seguida injetou uma quantidade exagerada com a seringa na veia no meu braço. 

   O tempo já não fazia mais sentido e tudo parecia estar se embaralhando. Mas fui treinada minha vida inteira para sobreviver em situações como essa e, na verdade, pensei até que seria pior.

   - Onde estão os equipamentos de interrogatório e os sedativos? - ouvi uma voz dizer, uma mulher? Uma criança? Não sei distinguir, meu sistema ainda estava se recuperando da última dose.

   A pessoa adentrou a cela e despejou um balde de água fria em meu rosto, me afoguei e meus sentidos foram ativados na mesma hora.

   - Você tem duas opções, a primeira, onde você colabora comigo e eu não preciso utilizar ferramentas de tortura, ou a segunda, na qual você continua sendo uma teimosa nem um pouco cooperativa e torce pra eu deixar você ter uma morte rápida.

   - Eu não... - falei ainda tossindo - não entendi metade das suas palavras. - tentei me endireitar e abrir os olhos.

   - Você deve saber o que eu tenho nessa bandeja. 

   Olhei para a tal bandeja mencionada e sim, eu reconhecia cada um daqueles líquidos, até os de frascos sem rótulo consegui reconhecer apenas pela aparência.

   - Você quer me torturar para dizer a verdade. - afirmei e ela apenas continuou me encarando na espera de respostas. - O problema aqui é: você não quer a verdade, você quer uma resposta que simule a realidade que está criando na sua mente, quer algo que eu não posso oferecer.

   Ela pareceu desapontada, mas tudo que fez foi pegar uma seringa e enchê-la com ar, simplesmente ar.

   - Você sabe o que é embolia gasosa? - perguntou agarrando meu braço e aproximando a seringa de uma veia bem aparente. - É quando bolhas de ar são formadas em veias ou artérias, isso pode matar em 30% dos casos, quer experimentar? 

   - O que aconteceu com a doce Sofia que as revistas mostram? - essa menina parece uma maníaca, e eu já vi vários maníacos antes. 

   - Não tem nada que eu não faria pela minha melhor amiga, ela é como uma irmã para mim, você entenderia o que eu estou falando se realmente fosse quem diz ser. 

   Eu entendo o que ela quer dizer, Meira é como uma irmã para mim, Nicolly não é realmente minha irmã, eu não cresci com ela, não lutamos juntas, nem formamos memórias, não tenho motivos para considerá-la minha irmã. Sei que não é sua culpa, mas dependemos dela para uma causa maior.

   Ela fincou a agulha na veia, mas não apertou a seringa. 

   - Vou começar com uma pergunta fácil: onde está Nicolly?

   - Farytopia. Ah não, esqueça, lá é onde a Barbie fada mora. - abri um sorriso como quem diz "oops, erro meu" e inclinei a cabeça para trás sabendo o que me aguardava. 

   Sofia pareceu muito irritada e fria, apertou meu pulso e injetou uma quantidade "pequena" de ar na minha veia, ela não tinha intenção de me matar, se tivesse teria injetado mais e diretamente na artéria.

   Meu peito começou a doer e me faltou o ar, me senti sufocando e pontos pretos surgiram na minha visão, senti tontura e uma vontade enorme de vomitar, eu teria feito isso se tivesse comido antes. Sou uma transmorfa que consegue controlar não só a própria pele como também o próprio sangue, então inconsientemente meu corpo expeliu o ar sem necessitar de uma cirurgia como qualquer pessoa normal precisaria.

   - Vou dar apenas alguns minutos para você se recuperar e reconsiderar responder minha pergunta. Enquanto isso, verei qual dos bisturis é mais afiado. 

   Eu ofegava depois de ter conseguido puxar ar, minha cabeça parecia prestes à explodir. Nunca quis tanto receber uma sentença de morte de uma vez para acabar com isso, mas meu povo precisa de mim, não posso deixar isso acontecer.

   - Se te serve de consolo, sua rainha não passou por nada parecido com isso. - falei entre arfadas. 

   - E eu devo acreditar em você por que...? - perguntou arqueando a sobrancelha e admirando um bisturi atentamente.

   - Não tenho como provar isso pra você, então terá que acreditar na minha palavra.

   - Acreditar na palavra de uma prisioneira que sequestrou minha amiga e que diria qualquer coisa para diminuir seu sofrimento.

   - Você tem um ponto, mas eu não tenho motivos para mentir pra você, afinal, também é uma de nós, não? Além do mais se eu fosse inventar algo seria mais criativa. 

   - Não ouse me comparar com você! Não somos nada parecidas. - esbravejou desviando os olhos das laminas.

   - Verdade, eu não encheria as veias de uma pessoa de ar, por pior que ela fosse. Mas sabe do que estou falando, você também é uma despertada, não é mesmo princesa?

   Ela se inclinou e me enforcou contra a parede, provavelmente se perguntando se deveria me matar ali mesmo.

   - De onde você tirou isso? 

   - Você realmente não sabe não é? - falei rindo - O motivo de eu estar aqui, meus ancestrais e de Nicolly, você não sabe nada.

   - Está me enrolando. - falou me soltando e finalmente selecionando um bisturi do conjunto ainda com uma mão no meu pulso.

   - Não mesmo, se bem que poderia. Mas me diga, por que não usa seus poderes pra me ferir? A não ser que você não tenha realmente nenhum poder útil... - interrompi minha fala quando senti um formigamento na mão que ela segurava.

   A visão me chocou: minha pele ficara enrrugada e manchada como se tivesse envelhecido pelo menos cinquenta anos. 

   - Satisfeita? Ou prefere que eu faça isso em seu rosto? - perguntou me encarando no fundo da alma.

   - Seu poder por algum acaso seria transformar adolescentes em vovozinhas? - disse incrédula.

   Tentei retransformar minha mão ao normal, mas não funcionou.

   - Controlo o tempo sua imbecil. Agora vou te dar mais uma chance: onde está Nicolly?

   Ponderei minhas opções, eu poderia dizer a verdade expondo minha família apenas pra salvar a minha pele, ou poderia ficar calada e receber torturas inimagináveis, mas pelo menos todos estariam seguros. Escolhi a terceira opção: enrolação.

   - Não se pode dar a mão que já quer o braço, - ela não riu diante do trocadilho - olha, já te disse minha identidade, se quiser confirmar você pode simplesmente, sei lá, mexer os dedos e me transformar de volta em criança. 

   - Não funciona assim, e mesmo se você for idêntica à princesa Natália, não prova nada, até porque ela está morta. - ela fincou a pota do bisturi em meu braço e começou a deslisar a lâmina.

   - AI AI OK ESPERA! - berrei de dor. - Eu... eu posso provar! 

   - Vai jogar fatos aleatórios ao ar novamente na esperança de que eu acredite? - arqueou a sobrancelha.

   - Não, eu realmente posso. Só preciso que me leve até Katherine, minha mãe.

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Foi isso por hoje meus amores, espero que tenham gostado, muito obrigada pelas palavras de incentivo, amo vocês <3

Uma Rainha Em ApurosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora