3-Doces

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   Chegamos em uma limusine que estava de frente para a rua principal que é nada menos nada mais que a rua que liga o castelo e a cidade; a limusine era preta com detalhes prateados  em alto relevo nas maçanetas, a mesma estava debaixo de uma grande e saudável árvore onde passarinhos cantarolavam.
   Tommy abriu gentilmente a porta para que eu pudesse entrar e se sentou ao meu lado.
   Fiquei um pouco sem reação quando a limusine começou a andar, não sabia se ajeitava o cabelo, se  apoiava as mãos sobre a saia ou se cruzava minhas mãos fingido estar despreocupada. O que eu queria mesmo era me encolher no canto dos assentos, comendo as balinhas coloridas que estavam dispostas sobre uma mesinha embutida no carro sem nenhuma preocupação.
   Senti uma sensação estranha e então percebi que era Tommy me observando. Sem saber o que fazer abri um sorriso tímido. Ele retribuiu o sorriso e então segurou minha mão entrelaçando nossos dedos, segurei o impulso de recuar, não estava acostumada a receber contato físico vindo de garotos, isso parecia errado.
   Que se dane o que é certo e errado.
   Continuamos de mãos dadas em silêncio pelo resto do percurso.
   A limusine parou e então Tommy se pôs a abrir meu lado da porta novamente para que eu saísse estendendo a mão para mim.
   A primeira coisa que vi ao sair do carro foi uma lojinha de doces, mas não qualquer loja de doces, era um paraíso enorme, colorido e de aproximadamente dez andares que cheirava à mashmallow e algodão-doce.
  
   - Uau!- suspirei encantada com aquele mundo de cores e odores. Ele riu diante da minha reação.
   - Você ainda não viu nada. - e então passou um braço pelo meu ombro - Vamos.

   Caminhamos assim até entrarmos lá. Juro que quase caí, o cheiro que pairava no ar era de arco-íris, quer dizer, sabe quando o açúcar está no ar? É exatamente essa a sensação. Todos os seus doces favoritos COM CERTEZA haviam lá. Para ter uma noção, até as paredes eram revestidas de doces coloridos.
   Algumas pessoas tomavam café em mesinhas douradas e redondas enquanto outras escolhiam doces nas bancadas. Pensei em quantas cáries eu poderia pegar, mas ainda assim, hoje é um dia especial e nada iria me impedir de comer uma enorme fatia torta de iogurte (minha torta preferida, ainda que meu doce preferido seja bolo de estrogonofe de nozes).
   Subimos por uma escada espiralada vermelha até o segundo andar, lá haviam brinquedos de playground onde crianças corriam com saquinhos repletos de doces nas mãos. No terceiro andar pudemos ver um local onde uma piscina de doces era repleta de turistas (que usavam roupas), e lá havia um aviso:
   " NÃO INGERIR OS DOCES DESTE ANDAR PELA SUA SEGURANÇA! "
   Já no quarto andar as escadas acabavam, quero dizer, as escadas permitidas acabavam, este era o último andar disponível ao público em geral. Mas não achei muita graça nele. Lá nos deparamos com uma sala vazia pintada de azul ciano onde a única mobília era uma prateleira branca pesa à parede lisa.
  
   - O que é aqui? -perguntei curiosa sem me segurar. Ele sorriu e andou até a prateleira  me puxado apenas pela mão agora.
   - Você logo verá. - dito isso ele pressionou a prateleira para baixo e ela se fixou na parede por alguns instantes como ser houvesse sido criada ali.
   - Isso é destruição de patrimônio público! - alguns segundos depois me arrependi de ter dito isso pois uma passagem se abriu na parede.
   Um leve arrepio percorreu minha espinha ao lembrar do aviso de Jade, mas esse pensamento se esvaiu rapidinho.
   - Venha, vou lhe apresentar um lugar muito especial para mim. - e assim entramos rumo à escuridão.

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   Descemos algumas escadas, fizemos algumas curvas e enfim chegamos até uma porta de madeira detalhada com ouro.

   - Onde estamos? - perguntei um pouco curiosa. Ele se virou para mim e sorriu.
   - O lugar onde eu posso me expressar sem medo. - então ele abriu a porta devagar mostrado uma sala clara cheia de lâmpadas e com um cheiro estranho, algo que me lembrava metal e bicho morto.
   Cambaleei para trás quando vi o resto do local. Um calafrio horrível percorreu minha espinha, o mundo começou a girar. Não podia acreditar no que estava vendo.
   Uma ânsia de vômito me invadiu mas Tommy a cortou me empurrado calmamente para dentro do ambiente.
   Meu olhos se encheram de lágrimas, queria gritar mas sabia que nada aconteceria. Então com toda aquela pressão e juntamente da cena horrível que eu estava presenciando desmaiei ali mesmo. No chão do açougueiro de gente.

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   Tenso? Bem vou deixar esse julgamento para vocês e até o próximo.

Uma Rainha Em ApurosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora