36- Ritual parte 2

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   Fui levada mais para dentro da floresta até chegar em uma cachoeira. Lá, todos vestiam roupas coloridas de cores lisas - Rieka, por exemplo, vestia cinza enquanto Sabella usava azul água - enquanto eu era a única de branco.

   - Esta noite uma nova despertada nascerá! Deixando sua antiga identidade para trás se unindo aos nossos pelo nome, significa o início de uma nova vida, mas para nós, é o início de uma nova era!

   - Novum era! Novum era! - os outros começaram a clamar em um coro. Parecia mais um grito de guerra do que uma prece religiosa, mas isso não importa agora, já está tarde demais para me preocupar com o que eles falam e para quem. Meu pescoço já está amarrado e esse batismo vai ser meu suspiro final como eu mesma. Nem mesmo o meu nome vão me deixar manter.

   - Irmãos! - Saphira falou e todos ficaram em silêncio. Seu nome significa "aquela que conta" em algumas línguas, ela escuta o que os outros não, isso a faz muito respeitada. - Juntem-se a mim! 

   Então eles a seguiram correndo como lunáticos pela floresta, todos na mesma direção: pra cima.

Devem estar me levando para onde o ritual será realizado. Ao subir algumas pessoas se transformaram em lobos, outros em raposas, alguns criaram asas e outros simplesmente correram, mas a semelhança é que todos pareciam alegres, como se algo extraordinário estivesse pra acontecer.

   Um impulso me fez correr com eles, não sei porque, só me pareceu o certo a fazer. Então eu corri. Corri o mais rápido que pude até meus pulmões ficarem sem ar e continuei correndo como se minha vida dependesse disso.

   Quando chegamos ao pé de uma outra montanha enorme e verde paramos, não tinha nenhuma piscina visível, talvez houvesse alguma no topo.

Saphira se ajoelhou e encostou as duas mãos na bela montanha de vegetação saudável.

   - Pedimos humildemente que nos guie. -ela sussurrou e seus olhos azul safira cintilaram. Olhei para cima e só então percebi, que não era uma montanha, era um vulcão, mas não um daqueles pretos que emana lava, ele era verde e amigável, parecia não conter nem um pingo de lava dentro de si. 

   - Eu lhe apresento a Sage. Ela é a que nos guia, seu espírito era tão puro que foi mantido dentro deste vulcão que hoje é composto de água sagrada. Sua alma. - continuou Saphira. - Suba e seja guiada, se sua alma for aceita, logo chegará, sem demora, mas se você relutar ela relutará em te aceitar. Que Sage esteja a te guardar.

   Me virei para o vulcão consternada em pisar nele - afinal, ela falou que já foi, ou ainda é uma pessoa - mas obedeci mesmo assim.

   O primeiro passo foi relutante, de início a grama fez cócegas sob meus pés, mas quanto mais andava mais fácil parecia. Quando cheguei no topo, perdi o fôlego diante da visão que me deixou completamente maravilhada. Dentro, onde haveria lava, estava uma piscina de água cintilante enorme, muitas plantas e flores boiavam ao seu redor sob a luz do luar. Tudo parecia perfeito.

   Então fiz a coisa mais lógica para se fazer em uma noite fria na parte mais alta de uma floresta rodeada de pessoas que não conheço e que querem me usar.

Eu pulei na água. 

   O sentimento dela tocando em minha pele deveria ser frio e como se agulhas fincassem minha pele, mas ela estava morna e gentil.

Abri os olhos e me vi afundando em um cenário muito familiar, eu estava de volta ao palácio, na época em que eu e Natty dividíamos o quarto, havia até uma poltrona de amamentação perto da janela, tudo estava como era naquela época, mas ondulando debaixo d'água. 

Uma Rainha Em ApurosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora