28- Sentimentos (narrativa por Tobias)

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   - ONDE ELA ESTÁ?! CADÊ MINHA ESPOSA? - gritei atravessando o salão de baile empurrando todos que estavam no caminho.

   Uma dor descomunal se apoderara de meu peito e minhas pernas tremem. Sinto lágrimas de desespero se formarem em meus olhos, mas não posso deixá-las rolar. Chorar pelo sumiço de minha amada não a traria de volta apenas atrasaria mais o processo de busca.

   - Tranquem todas as saídas. - falei quase sem folego me direcionando a um dos guardas que aguardava comandos. - NINGUÉM ENTRA E NINGUÉM SAI! 

   Onde ela está? ONDE ELA ESTÁ?  Preciso encontrá-la! Mas como? Se controle Tobias, não faça nada de estúpido.

   - Ei, você! - apontei para a mulher que havia nos ajudado com as roupas mais cedo,ela conversava com a fotógrafa que nos prendeu por um tempo depois da cerimonia matrimonial. - Quantas pessoas estraram neste salão? - ela me olhou em choque mas rapidamente se recuperou.

   - Mil e novecentos majestade.

   - E quantas são agora? - não obtive resposta dessa vez. - QUANTAS?

   - E...Eu não sei ao certo...

   - Pois então descubra! -acho que vou enlouquecer. Enquanto ela se vai passo as mãos nos fios desarrumados de meu cabelo quase arrancando-os pela raiz.

   Olho ao meu redor tentando encontrar algo para fazer, mas uma tontura toma conta de mim e tudo embaça.

   - Não faça isso, você precisa ser forte. - escuto uma voz familiar e firme enquanto cambaleio para trás.

   - Nicolly? -cedi ao meu próprio peso batendo as costas no chão e chocando a cabeça com força contra o mármore polido.

   - Majestade? Alguém? Ajuda! O rei desmaiou! - um homem ao meu lado gritou.

   A última coisa que vi antes de finalmente apagar foi um tumulto de rostos embaçados vindo em minha direção e os olhos azuis de minha esposa de desfazendo em fumaça.


***

   Uma terrível enxaqueca se apoderou de minha cabeça e meu corpo latejava como se eu pudesse sentir cada um dos milhares de glóbulos vermelhos circulando em minhas veias como correntes elétricas circundando meu corpo.

   - Ele está acordando,chamem o rei e a rainha. - uma voz doce e familiar de adolescente falou ao fundo.

   - Quais deles alteza? - uma outra voz se dirigiu a primeira.

   - Os dois, mas primeiro chame meus pais, por gentileza.

   Logo soube do que se tratava. Minha irmã estava sentada em uma poltrona ao meu lado com seu caderno de desenhos sobre o colo falando com uma criada.

   Me ergui nos cotovelos sentindo uma dor latejante me invadir triplicando minha dor anterior.

   Olhei ao redor tentando me localizar.

   - Onde...

   - Aqui é a ala hospitalar do Palácio de sua esposa,bem, agora é seu Palácio também. - me interrompeu Sofia prevendo minha confusão antes que eu a declarasse.

   - E onde...

   - Ainda não sabemos, estão fazendo buscas inesgotáveis atrás dela, mas estamos sem resposta. - sua voz falou nesta última parte e percebi que ela estava se segurando para não chorar.

   Como ela pode estar tão comovida sendo que Nicolly é minha esposa e não sua? Será que é assim com todas as amizades? Não compreendo como duas pessoas podem se amar de forma que não se apaixonem, isso é loucura, não é?

   Meu tutor sempre me dizia que amor é para os fracos e que a raiva e o ódio deveriam nos mover, e foi por isso que me envolvi nisso tudo. Por raiva de Nicolly. 

   Raiva daqueles olhos azuis que não me deixavam dormir à noite, raiva de seus lábios que invadiam minha mente em todo momento me induzindo a querer tê-los juntos aos meus independentemente do que fosse necessário. Ao menos é o que eu pensava.

   Mas será que esses sentimentos eram mesmo de ódio? 

   Nicolly tem me ensinado tanto e tenho percebido que sei de tão pouco.Esses sentimentos que tomam conta de mim são muito belos para serem considerados como raiva e ódio.

   Mas talvez seja isso mesmo. Toda vez que me envolvi com alguém essa pessoa saía morta ou destruída, e com Nick não está sendo diferente. No dia em que nos casamos minha esposa é sequestrada... Ou será que não?

   O céus! Agora tudo faz sentido. E se ela simplesmente fugiu com medo de ter que passar o resto de seus dias ligada a mim? Ela pode estar ao lado de uma outra pessoa agora. Feliz. Confiante. Livre.

   O aperto que senti em meu peito cresceu e nunca tive que ser tão forte para segurar as lágrimas que teimavam em sair e para engolir o nó em minha garganta do tamanho de uma bola de beisebol.

   - Fique tranquilo Tommy, nós vamos encontrá-la. - minha irmã estendeu a mão para alcançar a minha, mas recusei seu toque. Seus olhos se estreitaram e sua expressão mudou de compreensão para raiva em questão de segundos. - Como ousa ser tão repugnante em uma situação como esta? Você não pode ao menos fingir ser uma pessoa legal por pelo menos cinco minutos?!

   Não liguei para nada do que ela disse, estava focado demais em um pensamento: Nicolly querendo ou não, me amando ou não. Eu irei encontrá-la, e não há nada no mundo pela qual eu tenha tanta certeza como agora.

   - Você não vai falar nada seu idiota? - explodiu Sofia mais uma vez me olhando com ódio.

   - Vamos encontrar minha esposa, nem que seja a última coisa que eu faça.


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   Booom gente esse foi o capítulo de hoje e vou tentar não me prolongar muito, só quero agradecer muuuito pelos 1K de leituras!!! Vocês são incríveis, muito obrigada por acompanhar o meu trabalho. S2 

   Ah! E antes de eu encerrar gostaria de saber: Vocês querem mais capítulos narrados pelo Tommy dentre outros?   

Até o próximo...

   

Uma Rainha Em ApurosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora