Elísios - Solangelo

III - Will

Will ainda estava refletindo sobre sua conversa com Nico di Angelo, o filho de Apolo não conseguia parar de pensar em tudo aquilo.

Mesmo depois de Percy ter conseguido espaço no acampamento para os filhos de deuses menores e também de Hades, Nico ainda assim persistia em dizer que o acampamento não era seu lugar.

Francamente, Will estava irritado. E então chamou Nico de idiota. O que não era mentira, Nico realmente parecia bem idiota por persistir em fugir de tudo e todos. Mas então o filho de Hades disse a Will que - ao contrário do que o loiro pensava - os Campos Elísios são o lugar dele. E então Will percebeu que também é um idiota. William Andrew Solace e Nico di Angelo: dois idiotas que se sentem deslocados mesmo estando no local ao qual pertencem.

Agora que pensava sobre tudo isso, Will percebeu a hipocrisia em sua fala ao dizer para Nico permanecer no acampamento e fazer amigos. Will não estava seguindo seu próprio conselho. Haviam semanas que tudo o que o filho de Apolo fazia era se isolar de todos os outros mortos e ficar sozinho em um canto, se lamentando sem parar pelas atitudes que tomou quando estava ainda em vida.

E foi após aquela conversa com Nico que Will tomou uma importante decisão: iria parar de se lamentar e começar procurar por pessoas com quem conversar. Talvez encontrasse seus irmãos Michael e Lee ou outros dos campistas que morreram durante a batalha.

Além disso, o filho de Apolo estava curioso para saber o que ocorreu após sua morte. Ele estava ciente de que o exército de Cronos havia caído, mas não sabia exatamente como tudo aconteceu. Ansiava por mais detalhes.

E foi assim que Will se levantou daquele campo isolado e se pôs a caminhar, indo em direção a um local com uma maior concentração de heróis.

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Will andou, andou e andou pelo que pareceram décadas. Francamente, aquele lugar tinha de ser tão grande? E ele, mesmo com toda a sua teimosia e determinação de se afastar de todos, tinha mesmo de ir tão longe? Durante toda a trilha, Will não parava de se xingar internamente por ser tão estúpido. Tudo bem que - já que estava morto - Will não sentia nenhum tipo de dor física, mesmo após andar tanto. Mas ainda assim era uma chatice sem fim. Caminhar, caminhar e caminhar ainda mais, sem nenhuma música para ouvir, sem ninguém para com quem conversar. Completamente entediante.

Após o que pareceu uma eternidade, Will finalmente avistou algo no horizonte. Não muito longe do campo onde o filho de Apolo se localizava estavam algumas construções, réplicas exatas - ou se não bem parecidas - de templos de inúmeros deuses e deusas greco-romanos.

Will ia aos poucos se aproximando, agora sem muita pressa. Quanto mais perto chegava, mais pessoas podia ver. Alguns andavam em grupo, conversando. Outros entravam nos templos para fazer preces pela sua próxima vida ou a de seus entes queridos que ainda estavam perambulando vivos pelo planeta.

A maioria daquelas pessoas eram heróis, filhos e filhas de deuses olimpianos. Mas nem todos eram meios-sangues. Algumas pessoas sem parentesco divino conseguiam atingir os Campos Elísios vez ou outra. Esses normalmente eram sacerdotes, poetas ou outros dos que fossem abençoados pelos deuses.

Ao se aproximar mais um pouco, Will avistou ali perto um grupo de semideuses. Os rostos eram familiares, costumava vê-los todos os dias no acampamento. Havia comido na mesma mesa que alguns deles diversas vezes. Tinha tido algumas aulas com outros. E ainda haviam aqueles que Will havia ajudado a curar após jogos de caça a bandeira ou qualquer treinamento ou batalha que deixaram feridos.

Will havia lutado lado a lado com aquelas crianças e adolescentes, e agora todos eles se encontravam no mesmo lugar, na vida pós-morte.

O filho de Apolo fez uma pausa. Antes que alguém do grupo o reconhecesse, Will tomou um tempo para fechar os olhos e respirar. A voz de Nico ecoou em sua mente, dizendo-o que aquele era o seu lugar, que ele lutou muito em vida e é merecedor dos Elísios.