X - Nico

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Nico se sentia como um quebrador de promessas profissional. Dia após dia, o filho de Hades prometia para si mesmo que - para o seu próprio bem estar - pararia de ir aos Elísios em busca de Will Solace. Mas o problema é que Nico nunca conseguia cumprir essa promessa, embora soubesse que não deveria ir até lá, era como se seus pés simplesmente não concordassem com sua mente.

Nico agora saia de sua visita mais recente a Will Solace, da qual seu coração saiu levemente danificado.

O coração de Nico estava batendo rápido, muito mais rápido do que o normal para um ser humano comum. Além disso, a cada batida surgia uma dor e um aperto que aumentavam mais e mais, sem parar.

Will Solace havia dito que gostava de Nico. O sentimento de Nico por Will era recíproco. Di Angelo deveria estar feliz, não é? Mas esse não era o caso. Esse não seria o caso enquanto Will estivesse morto.

Enquanto atravessa os Campos de Asfódelos segurando suas lágrimas, Nico relembrava daquela sensação. Aquele que vinha toda vez que ele e Will tentavam ter contato físico.

Um arrepio percorria seu corpo toda vez que Will tentava tocá-lo. Todas as vezes que o filho de Apolo transpassava a mão na sua, Nico sentia um frio imenso, como se o inverno houvesse chegado mais cedo. Além disso, junto desse frio e dos arrepios sempre vinham os pensamentos: a lembrança de que Will não estava vivo, de que eles nunca ficariam juntos... E então Nico não tinha vontade de fazer nada além de chorar.

Agora, o filho de Hades se perguntava se não deveria ter feito mais esforço para evitar Will Solace. Talvez assim ele estivesse menos machucado agora, ou, quem sabe se Nico parasse de visitar Will a partir desse momento ele conseguisse poupar o sofrimento futuro.

Nico balançou a cabeça, tentando desviar esses pensamentos. Ele não desistiria de tudo tão fácil assim.

Já havia alguns meses que Nico estava tentando dar algum jeito para, quem sabe, trazer Will de volta à vida no mundo de cima.

"Os mortos devem permanecer mortos." - Nico ouvia a voz de sua irmã mais velha, Bianca, murmurar em sua cabeça.

Ela tinha razão. Essa era como uma regra básica do submundo. "Os mortos devem continuar mortos". É a lei natural da vida, afinal.

Nico sabia disso tudo. Além de ser filho do deus dos mortos, a experiência que teve com Bianca não havia sido em vão, após aquilo ele deveria estar ciente de que qualquer tentativa seria falha.

Apesar de tudo isso, dessa vez Nico sentia que as coisas poderiam se desenrolar de uma forma um pouco diferente.

Em primeiro lugar, Nico pensava na situação em que mundo se encontrava nesse exato momento.

Hades havia explicado tudo de forma mais detalhada para Nico: Tânatos, o deus da morte, havia sido sequestrado. Com isso, os portões da morte haviam sido abertos. Almas estavam escapando,  voltando à vida com facilidade mesmo após serem ceifadas.

Em segundo lugar, havia a questão de Hazel.

Nico havia conseguido levá-la de volta à vida, então porque não daria certo fazer a mesma coisa com Will?

A questão é que, apesar de em teoria parecer fácil, as coisas eram um pouco mais complicadas do que isso.

Quanto a Tânatos, os portões da morte e as almas fugitivas, havia um porém: somente almas recém-ceifadas estavam conseguindo achar seu caminho de volta para o mundo terrestre. Will não era uma dessas pessoas, ele estava morto há mais de um ano. Fugir com uma das baixas da batalha de Manhattan sem que Hades percebesse seria difícil.

Elísios - SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora