XV -Will

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Will já estava há mais de 24 horas deitado em uma cama qualquer da enfermaria do acampamento, sem notícia alguma de Nico.

Para começar, o filho de Apolo não estava nada acostumado a se deitar naquelas camas, mas sim a cuidar daqueles que se deitavam nelas. Mas agora a situação estava invertida: Will não era mais o médico, mas sim o paciente; não era aquele que dava bronca nos campistas que se recusavam a ficar em repouso, mas sim o campista que se recusava a ficar em repouso.

Pelo que foi dito para Will, um sátiro o encontrou desmaiado na fronteira do acampamento e o levou para a casa grande. Em não muito tempo, todos os campistas do chalé de Apolo já estavam reunidos em volta da cama onde Solace repousava, espantados com a situação. Will acordou após uma ou duas horas de sua chegada e precisou de ambrosia e néctar para conseguir recuperar suas forças - aparentemente seu corpo voltou a vida com falta de nutrientes e vitaminas, o que não era nada surpreendente, já que o garoto não fazia uma refeição ao que pareciam eras.

Por sua toda a sua volta Solace ouvia os cochichos e murmurinhos: "como isso é possível!?"; "ele está realmente vivo?"; "eu disse que algo estranho estava acontecendo de uns tempos pra cá! Essa é a maior prova!". Mesmo tendo se passado um bom tempo desde o despertar de Will, todos ainda permaneciam descrentes e chocados com a situação.

Mas nada daquilo importava para o filho de Apolo agora.

Ele não ligava para a quantidade absurda de campistas que se instalava à sua volta e mal conseguia dar ouvido aos sons de suas vozes que inventavam mais e mais teorias sobre a suposta "ressurreição". Will não se importava com nada daquilo naquele momento pois toda sua atenção e pensamentos estavam em outro lugar...

Em outra pessoa.

Nico.

Will já não estava mais morto, mas começava a quase que morrer de preocupação. Dentre todos os campistas que entravam e saíam daquela enfermaria, nenhum era Nico di Angelo.

Solace agora começava a pensar que Nico talvez não tenha voltado para o acampamento, e então uma ansiedade enorme começou a se instalar em seu peito. "Onde está Nico? Ele está bem? Está seguro? Está... vivo?".

Todas essas perguntas rodavam numa espiral infinita na mente de Will, uma pergunta se sobrepunha à outra e então rodava, rodava e rodava... sem parar.

Onde...  – Will tentou falar, mas sua voz não saía. Estava completamente rouco.

Um sátiro, recostado ao pé de sua cama, lhe ofereceu um copo de água, que Will aceitou de bom grado e usou para limpar a garganta, logo em seguida agradecendo-o pela bebida.

—Onde está Quíron? – Perguntou Will, as questões sobre Nico ainda perambulando por sua mente. – Preciso falar com ele.

Como se tivesse ouvido seu nome, Quíron apareceu na porta da enfermaria, com um Austin ofegante logo atrás dele.

Todos os campistas que estavam na frente de Will saíram, deixando Quíron em seu campo de visão. O centauro estava ali, em sua cadeira de rodas, o que permitia que ele se movimentasse de forma mais fácil pelo recinto (enfermarias não costumavam ser arquitetadas para centauros.)

—Austin me chamou assim que te viu abrir os olhos. – Disse Quíron, com um sorriso tênue no rosto. – Bem vindo de volta ao Acampamento Meio-Sangue, Will Solace.

Will queria sorrir de volta para o centauro e dizer um "obrigado". Mas as preocupações na mente do garoto eram maiores do que tudo agora, e, por sorte, Quíron pareceu perceber isso pela sua expressão.

Elísios - SolangeloWhere stories live. Discover now