XIV -Nico

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A visão de Nico ainda estava meio turva e embaçada. "Talvez por conta do choro" - foi o que o filho de Hades pensou em um primeiro instante. Mas, na verdade, era mais provável que sua condição se desse devido ao seu mais recente desmaio.

Nico não se lembrava muito do que aconteceu após Will desaparecer no ar. Quer dizer, em um momento o garoto por quem ele estava apaixonado estava ali, ao seu lado, pegando em sua mão e lhe dando um beijo. E então, no momento seguinte... Ele simplesmente sumiu. Sumiu para sempre. Qualquer um que estivesse na posição de Nico também ficaria em choque, não é?

Tudo o que Nico sabia agora era a sequência de fatos que ocorrera após a partida de Will. Apesar disso, nenhuma de suas memórias do momento era vívida. Era mais como se aquilo houvesse ocorrido há muitos anos atrás, e não somente algumas horas.

Nico sabia que estava chorando no chão quando viu algumas pessoas se aproximando e falando algo; o oferecendo ajuda, talvez. As pessoas estavam um pouco longe, e graças a visão de Nico - embaçada por suas lágrimas - era impossível saber quem estava vindo. Nico imaginava que fossem os irmãos e amigos de Will, embora não tivesse como ter certeza.

Nico sabia também que não estava afim de conversar com ninguém naquele momento, então reuniu forças para se levantar e correr para longe, até a sombra de uma árvore. E ao se situar ali, com a sombra daquela árvore o filho de Hades tomou o impulso necessário para viajar pelas sombras.

Nico não pensou muito para onde iria. Naquele momento, tudo o que queria era sair dos Elísios. Não. Não queria sair dos Elísios. Nico queria fugir do mundo greco-romano como um todo. As lutas, as guerras, os monstros, os deveres, as missões suicidas e, principalmente, as mortes. Nico não aguentava mais nada daquilo. E ele não estava errado: nenhuma criança ou adolescente deveria passar por tudo o que ele e os demais semideuses passam diariamente.

Nico aparentemente havia desmaiado após a viagem nas sombras. Era de se esperar. Além de o filho de Hades não comer direito há alguns dias, o local onde ele se encontrava não se parecia muito com os Estados Unidos.

Nico piscou algumas vezes, tentando desembaçar a visão.

Ainda sem saber onde estava, mas agora com a visão menos bloqueada, Di Angelo deu uma olhada a sua volta, na esperança de identificar o local.

Nico estava jogado no chão do que parecia ser um beco. Haviam algumas casas simples e de aspecto antigo à sua volta: portas e janelas de madeira com flores coloridas enfeitando o parapeito das janelas e varandas. 

Nico se levantou, sem nem se importar com o curto momento no qual sua visão ficou turva e escureceu - estava tão acostumado com as quedas de pressão que isso já nem o incomodava, para Nico, era algo tão comum quanto piscar ou respirar.

O chão, no qual agora Nico estava em pé, era texturizado por paralelepípedos, que ganhavam um charme a mais graças às pequenas plantas crescendo nos vãos entre uma pedra e outra.

Nico deu alguns passos, reconhecendo o cenário aos poucos. Aquele com certeza era um beco italiano. O garoto havia, acidentalmente, viajado para o país onde nascera e crescera. Nico estava na Itália.

Isso não era tão chocante assim para Di Angelo. Após aprender a viajar nas sombras, o filho de Hades vivia indo para a Itália, o que não era de se estranhar, já que há algum tempo atrás Nico descobriu algumas coisas que despertaram seu interesse pelo local.

Mas seus interesses na Itália não eram importante no momento, Nico precisava pensar no que faria agora, e então se pôs a caminhar pelos paralelepípedos.

Elísios - SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora