Elísios - Solangelo

VII - Will

Havia quanto tempo que Nico não aparecia pelos Elísios? Horas? Dias? Semanas? Meses? Will não sabia. A inexistência do tempo naquele lugar realmente era irritante. Mas o filho de Apolo estava ciente de que fazia muito tempo desde a última vez que ele viu Nico di Angelo.

Talvez o filho de Hades houvesse seguido o conselho de Will. Talvez agora Nico estivesse no acamapmento meio-sangue, rodeado de amigos vivos. Talvez estivesse finalmente tendo alguns resquícios de felicidade em meio à uma vida cheia de tristezas.

Will tentava se convencer de que era melhor dessa forma. Que, com Nico longe, eles não poderiam formar nenhum tipo de laço. E que, sem nenhum laço formado, ninguém sairia machucado. Realmente parecia ser melhor assim.

Mas ainda assim, Will estava triste. Ele gostaria de dizer que estava feliz por Nico finalmente estar vivendo na superfície como qualquer outro ser vivo deveria fazer, mas Will sentia falta de Di Angelo. Will sentia tanta falta de suas curtas conversas com Nico que, se já não estivesse morto, morreria agora mesmo.

Will sentiu una lágrima fantasmagórica escorrer por sua bochecha.

"Droga" – murmurou o filho de Apolo.

Por que Will sentia tanta falta de Nico se até pouco tempo atrás nem falava com o garoto? Como ele ousava ter saudades de um menino com quem não conversou mais do que três vezes?

Will sabia a resposta. Michael estava certo. Will gostava de Nico di Angelo, e isso o estava matando de dentro pra fora.

O filho de Apolo se deu conta de sua queda não tão pequena assim por Nico há algum tempo, talvez no máximo alguns dias ou semanas em medidas de tempo dos vivos. E desde que descobriu isso, Will voltou a ficar longe dos irmãos por dois principais motivos:

1. Evitar as provocações de Michael; Will realmente não queria admitir para seu irmão que ele estava certo. É melhor não dar motivos para um convencido se exibir.

2. Pensar; Will realmente precisava pensar sobre tudo isso. Não só sobre seus sentimentos por Nico, mas também sobre o que faria agora. Permaneceria nos elísios? Escolheria renascer? Esperaria para ver se Nico não voltaria a aparecer mesmo? Talvez devesse perguntar para o próprio Hades se Di Angelo estava bem...

Will balançou a cabeça para os lados, como uma forma de tentar afastar todos os pensamentos. Nem morto o filho de Apolo conseguiu se livrar das crises de ansiedade, que maravilha.

Dormir. A maior saída agora era dormir. Tudo bem que, técnicamente, mortos não precisam dormir. Na verdade, talvez nem fosse possível para Will tirar uma soneca. Mas ele tinha de tentar. Se dormir ajudasse o filho de Apolo a se livrar de toda a confusão de sua mente, mesmo que por apenas um momento, é justamente isso o que ele faria.

Então Will se deitou no gramado do campo no qual se encontrava, fechou os olhos, e tentou dormir.

Will virava para um lado e para o outro, usava as mãos como travesseiro e continuava tentando e tentando dormir, mas não foi possível. O filho de Apolo não sabia ao certo se eram os pensamentos compulsivos ou apenas a incapacidade dos mortos de tirar uma soneca.

O filho de Apolo suspirou, irritado.

—Mas que merda! – exclamou Will antes de abrir os olhos e voltar a se sentar na grama.

Assim que seus olhos voltaram a se acostumar com a claridade do ambiente, Will viu ali, de pé em sua frente, Nico di Angelo. O filho de Hades em pessoa estava parado, encarando-o e parecendo segurar uma risada.

—Oi? – Disse Nico.

Se Will estivesse vivo, com certeza estaria completamente vermelho agora. Mas agora não era hora para ficar envergonhado, Will tinha de dar um jeito de fugir daquela situação constrangedora.