30: five years later...

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Abro os olhos devagar ao sentir uma luz me incomodando. Observo ao redor do quarto e posso notar uma pequena fresta de sol que passa pela cortina e alcança meu rosto. Suspiro e me levanto tentando não fazer barulho, já que Robert dormia serenamente como um anjo ao meu lado. Sigo para o banheiro, escovo meus dentes e dou um jeito na cortina, deixando assim o quarto com um ambiente mais escuro.

Deito novamente na cama, para que possa tirar mais um cochilo. Fecho os olhos com um pequeno sorriso no rosto, sabendo que hoje vou poder dormir até tarde.

Após alguns minutos, escuto o barulho de pezinhos correndo pela casa. Porém, não consigo saber se é real ou não. Minhas dúvidas são tiradas quando noto um peso a mais na cama, juntamente de pequenos gritos infantis e pulos animados.

Cassie...

— Mamãe, papai! Já está na hora de acordar! Hoje é Nataaal! — Ela cantarola a última palavra, enquanto faz nossa cama de pula-pula. Sorrio e viro meu corpo em uma posição que dá para ver o rosto da pestinha, e bem a tempo de pegá-la sorrindo maldosamente enquanto se abaixa devagar para tentar assustar Robert, que só falta começar a babar no travesseiro.

Fico observado a cena, até que Cassandra faz algum movimento mais forte, que resulta em um pulo do meu marido, seguido por dois pares de olhos arregalados.

Cassie cai na gargalhada ao observar as expressões do pai.

— Ah, então foi você quem me acordou? — Robert diz em um tom brincalhão, se aproximando da pequena bem devagar. — Agora você vai ver o que ganha em assustar o seu pobre pai dorminhoco! — Ele ri levemente e suas mãos alcançam o pequeno corpinho da filha, começando uma guerra de cócegas. Cassandra se contorce toda de tanto gargalhar e sempre tenta se levantar para sair correndo.

Fico observando os dois, sabendo que tenho uma sorte imensa de tê-los em minha vida. Só percebo que estou sorrindo toda boba quando a risada de Cassie cessa e ela fica me olhando com uma carinha animada.

— A mamãe está sorrindo assim porque hoje a vovó vai vir aqui para casa, papai? — Pergunta olhando diretamente para Robert, que a pega no colo e dá um beijo de bom dia em sua bochecha gordinha, enquanto confirma com a cabeça para pergunta feita.

Me levanto da cama e ando até o outro lado da mesma, onde ambos se encontravam. Sorrio para Cassie e a coloco no chão, segurando suas mãozinhas enquanto me abaixo e olho diretamente para seus olhinhos esverdeados.

— O que acha de irmos ver o que o Papai Noel deixou para você? — Pergunto com animação e a mesma balança várias vezes com a cabeça, confirmando e dando uma risadinha baixa. Ela pega na minha mão, e logo depois na mão de Robert, nos levando o mais rápido que consegue para sala, onde nossa árvore quase tomava conta do cômodo inteiro.

Assim que chegamos, ela rapidamente se abaixa, vasculhando várias caixas que estavam debaixo do enfeite. Assim que acha a que estava o seu presente, sorri feliz e se levanta, trazendo com um pouco de dificuldade o embrulho. Provavelmente pelo tamanho, já que ela havia pedido algo grande.

— Mamãe, pode me ajudar a abrir? — Ela pergunta me olhando enquanto coloca seu presente em cima da minha perna.

— Claro, meu amor. — Sorrio enquanto tiro o laço cor-de-rosa devagar e tento ao máximo não rasgar o papel decorativo em que seu presente estava embrulhado. Tiro tudo e abro a caixinha branca devagar, revelando a pequena câmera que ela havia pedido para que pudesse fotografar suas memórias.

Para falar a verdade, eu fiquei muito impressionada com o que Cassie pediu de Natal nesse ano. Sua cartinha dizia que ela queria muito ganhar uma mini câmera fotográfica, para poder guardar todas as fotos que a mesma tem vontade de tirar. Eu nunca vi uma criança de cinco anos tão inteligente quanto ela.

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