Prólogo

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MINNESOTA, EUA - 16 DE MARÇO DE 2023

Lina, o que você fez?!

Antes que pudesse reagir, Annabelle Keenan sentiu uma mão mexer seu ombro freneticamente. O susto causado pelo sonho e pela realidade ao mesmo tempo fez a moça arregalar os olhos e quase ameaçar a mulher à sua frente, que tentou acalmá-la rapidamente, embora nem a própria estivesse assim.

― O que foi? ― Perguntou em um sussurro, imaginando que fosse de madrugada ainda.

Há três dias, dividia seu apartamento com Sylvia, uma antiga colega de trabalho, se é que poderia chamá-la assim. Não esperava encontrá-la, queria fugir de todo aquele passado que haviam a forçado a participar. Por anos conseguiu, mas sua esperança de que seria para sempre foi rapidamente jogada fora.

― Tem alguma coisa erra...

A explicação para o que Sylvia dizia não podia ter vindo de forma mais radical: antes que entendesse o que estava acontecendo, ouviu a janela da casa se quebrando um milésimo de segundo antes do corpo da americana à sua frente ser jogado levemente para frente, com a blusa verde manchando-se do mesmo sangue que espirrou no rosto de Annabelle, que começava a se sentar e se jogou de volta na cama, tentando impedir qualquer ferimento da forma que podia.

Sem tempo para agir, Annabelle escutou mais vários disparos serem feitos, e provavelmente um deles raspou em seu braço esquerdo, pois sentiu o ardor na região antes de ver o corpo da colega cair praticamente em cima dela, tendo que se segurar para não gritar. Seus olhos estavam fechados, não queria nem ver.

Se sentia aterrorizada. Eles haviam chegado... Demoraram, mas as acharam...

Ouviu passos entrando no quarto onde estava, vindo da porta. Provavelmente já haviam invadido a casa pela porta da frente também, e pelo horário, suspeitava que vizinho nenhum iria ver aquilo acontecendo.

Estão mortas?

Em toda sua vida, nunca se esforçou tanto para não reagir. Queria gritar de pavor, de raiva, de terror. Realmente acreditou que estava livre, e então...

Antes que alguém chegasse perto, fechou os olhos, sentindo Sylvia em cima de sua barriga, com sangue o suficiente para eles talvez acreditarem que as duas tivessem sido atingidas, e que uma delas havia morrido enquanto dormia.

Se forçou a controlar a respiração. Se respirasse rápido demais, eles perceberiam e dariam o tiro que precisavam. Depois de tantos anos trabalhando, precisava se lembrar de como se controlar. Precisava parecer morta.

Parece que sim... ― Ouviu outra voz dizer logo antes de escutar alguns passos se aproximando dela, que se controlava o máximo que podia para não entrar em desespero. ― Evergard estava de pé, Amalla deveria estar dormindo.

Ótimo. Eles realmente acreditavam que ela estava morta, aparentemente. Precisava se manter assim. Precisava sobreviver.

Tem muito sangue no lençol, provavelmente das duas.

Perfeito. ― Ouviu uma terceira voz responder. ― Se não morreram agora, vão morrer antes que alguém chegue.

Annabelle se obrigou a permanecer da forma mais neutra que podia, por mais que aquilo doesse dentro dela. Jurou que estava fora daquele inferno, que nunca mais teria qualquer envolvimento com a Hydra... Só queria ter uma vida normal, era pedir demais? O que eles queriam agora?! Por quê?!

Ainda de olhos fechados, escutou eles saindo do cômodo, a deixando naquele quarto com Sylvia, que provavelmente estava morta. Em cima de Annabelle.

Déjà Vu • Bucky BarnesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora