Mas não sozinha

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Pegue suas armas, a batalha começou
Você é um santo ou um pecador?
Se o amor é uma briga, então eu vou morrer
Com meu coração em um gatilho
(Angel With a Shotgun - The Cab) 

Após a conversa com Sam, não tiveram muito o que fazer, e acabaram voltando para seus próprios quartos. Considerou voltar para o de Bucky e terminar o que haviam começado, mas Catalina sabia que o momento era o mais inadequado possível. Porém, antes de pensar no que fariam nos dias seguintes, se viu obrigada a se aliviar, e embora nenhum dos dois soubesse, Bucky acabaria fazendo o mesmo mais tarde.

Um pouco mais calma, embora não da forma como gostaria, a moça deitou na cama silenciosamente e encarou o teto branco. Se não estivessem em uma situação tão perigosa, teria dado um jeito de mandar Sam embora dali. Se bem que, se a situação não fosse perigosa, sequer teria conhecido Bucky.

Respirou fundo. Vinha o desejando a dias, mas quando o beijou... Não imaginou que seria daquela forma. Era muito desejo, sim, vindo de ambas as partes. Mas também se sentiu extasiada de outras formas, de um jeito muito mais íntimo...

Bucky a entendia melhor do que qualquer outra pessoa, tinha consciência disso, mas não imaginou que beijá-lo seria tão bom, superando mil vezes o que tinha como expectativa. Ele sabia o que fazia, e fazia com vontade, com... Com sentimentos.

E sabia que ele não era o único.

Uma parte sua queria brigar consigo mesma por ter criado sentimentos no pior momento possível, mas outra grande parte não se arrependia. Se tudo desse certo, se saíssem vivos daquela situação... Teria algo muito bom em suas mãos, e de certa forma, precioso.

Isso era novidade para si. Talvez fosse um sinal de que as coisas iriam mudar, quem sabe... Esperava muito que sim.

[...]

Quando finalmente havia chegado o dia 24, os três se encontravam em um misto de sentimentos. Catalina e Bucky compartilhavam o nervosismo e o desejo, este acalmado na medida do possível com beijos e algumas mãos bobas, enquanto Sam se forçava a continuar calmo, embora os três estivessem cada vez mais tensos, ao ponto de ocasionalmente ouvirem respostas ríspidas ou até mesmo discussões.

E foi nesse momento, lutando contra um de seus maiores medos, que Catalina pegou o próprio telefone e fez uma ligação. Talvez morresse naquele dia, e se tivesse um pouquinho de sorte ao seu favor, teria um corpo para enterrarem, ou então não seria tratada como uma indigente. Mas ainda assim, se acontecesse dali a poucas horas, haveria uma coisa que nunca havia sido concluída.

Então, enquanto respirava de forma irregular, sentindo o coração prestes a sair pela boca, Catalina foi surpreendida pela mensagem de que a ligação estava indo para a caixa de mensagens... Sentiu uma breve decepção, mas talvez fosse mais fácil dessa forma.

― Oi, mãe... ― Respirou fundo. Chegou a pensar se estaria fazendo a coisa certa, mas se forçou a continuar. ― Sou eu, Lina... Faz tempo, eu... Sinto muito por isso. Algumas coisas bem ruins aconteceram, eu prefiro não entrar em detalhes, mas... Tô bem, na medida do possível. E espero que você também...

Fechou os olhos, sentindo que estava prestes a chorar. Quando os abriu, estavam marejados.

― Eu queria te ver e explicar tudo, mas... Eu vou ter que fazer uma coisa, você vai ver depois, e... Talvez isso não aconteça. ― Respirou fundo antes de continuar. ― De qualquer forma... Amo você. Como sempre.

Desligou rapidamente, sentindo um peso no peito. Sentia que havia piorado tudo, que sua mãe provavelmente iria surtar quando ouvisse aquela mensagem... Mas se não sobrevivesse, queria que ela soubesse que estava viva e a amando durante cada um daqueles dias.

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now