Pra tentar sobreviver

794 84 8
                                    

A ferida no braço direito de Annabelle continuava sangrando e ardia cada vez mais. Mesmo assim, a moça pensou que, assim como Sam havia feito, seu inimigo poderia também ter utilizado rastreadores em algum deles, ou então nos objetos. Quando estavam à uma distância segura, Bucky parou o veículo e os três conferiram da forma mais meticulosa possível, não achando qualquer coisa estranha.

Após isso, continuaram o caminho para a casa de Sam, que saiu sozinho do carro para pegar seu notebook enquanto deixava Bucky e Annabelle sozinhos no veículo.

― Você está bem? ― Bucky perguntou, quebrando o silêncio.

― Até que sim, não foi nada tão grave... ― Annabelle respondeu, apoiando a cabeça no banco. ― E você? Acho que a despedida não foi da forma como gostaria...

Bucky balançou a cabeça negativamente. Por mais que não fosse culpa deles, a ideia de que ele levava o caos para onde quer que estivesse não conseguia deixar sua mente, e esperava que Steve o perdoasse por cada momento.

― Mas você foi, é isso que importa. ― A moça falou, se mexendo no banco como se procurasse por uma posição confortável.

Pelo retrovisor, Bucky a observou fazer uma careta, o que o fez se virar no banco.

― Como está a ferida?

Antes que obtivesse uma resposta, Sam voltou para o carro correndo com o notebook guardado em uma capa preta simples junto com outra mala, dizendo que demorou um pouco para achar. Por não precisarem de mais nada, Bucky ligou o carro e voltou a dirigir, porém deu uma rápida olhada para Annabelle pelo retrovisor, ato que não foi percebido pela moça, que encarava a rua distraidamente.

Annabelle não fazia a menor ideia de como estava a ferida, mas sentia a blusa grudando na pele ferida em seu braço, tendo que se ajeitar para não encostá-lo na porta do carro, visto que havia ficado com o lado direito. Tentava pensar em outra coisa, sabendo que dar atenção para dor só traria mais dor ainda, mas era difícil, ainda mais com a dor no peito após seu inimigo pisar nela, literalmente.

Não reconhecia o homem que a atacara, mas sentia que eles não eram totais desconhecidos, o que a trazia um pouco mais de certeza para a origem dele, não havia outro lugar para ele conhecê-la. Se viesse de antes da Hydra, saberia, mas ele não conheceria Bucky.

Seus olhos foram até o ex-agente no banco do motorista. O corpo dele parecia mais tenso do que nunca, e os dedos de Bucky estavam brancos enquanto segurava no volante. Não o conhecia tanto, mas sabia que ele não merecia nada do que estava acontecendo agora.

Havia acordado com ele gritando, algo que já parecia distante demais para ter sido naquele mesmo dia, mas o entendia muito bem. Ocasionalmente, sonhava com sua mãe, assustada ao ver o monstro que havia saído dela, e de forma muito mais rara, suas vítimas apareciam também. Era sempre assustador, mas agora não tinha ideia do que dizer a ele.

― Para onde vamos? ― Sam perguntou, quebrando o silêncio.

― Para o primeiro hotel que acharmos. ― Bucky respondeu antes de Annabelle, porém a moça decidiu completar.

― Tem que ser longe da casa dele e de onde estávamos antes, caso tenham nos descoberto lá.

Bucky assentiu com a cabeça. Annabelle era estratégica, mas ele também já havia pensado naquilo, o que de certa forma explicava. Eles foram ensinados a pensar dessa forma no mesmo lugar.

[...]

― Vem...

Demonstrando uma preocupação surpreendente, Bucky esperou por Annabelle quando ela terminou de pagar, desta vez utilizando seu último cartão com o nome de Mônica Kyle. Claro, havia o cartão com o nome que realmente utilizava, mas era mais seguro não usar.

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now