A gente vai dar um jeito de consertar isso...

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Oh, garota, é com você que eu me deito
Enquanto a bomba atômica se aproxima
Oh, é com você que eu assisto TV
Enquanto o mundo, enquanto o mundo acaba
(As The World Caves In - Matt Maltese)

Algumas horas depois, Catalina disse que iria dormir. Sam e Bucky insistiram para que ela ficasse mais um pouco com eles, a moça suspeitava que fosse claro que não estava bem e queriam ela por perto para garantir que não iria piorar, mas precisava ficar sozinha um pouco, colocar as ideias no lugar, mesmo que nada parecesse se encaixar onde deveria.

Diziam que passar por situações ruins deixavam a pessoa mais forte. Catalina se sentia mais fraca, porque nunca em sua vida anterior a Hydra ela havia tido medo de sua mãe, de conversar com ela.

Mas então se lembrou de seu pai, um belo cidadão americano nos olhos de muitos, e um desgraçado dentro da própria casa. Havia morrido com problemas no pulmão, o que não chegou a ser surpreendente quando Catalina ficou sabendo, gastava mais em álcool do que um carro e soltava mais fumaça do que uma chaminé. Dele, Catalina teve medo. Medo dos tapas, dos empurrões, da violência que assistia e ocasionalmente sofria... E então fugiu, disposta a conseguir um futuro melhor.

E então foi direto pro inferno...

Quando entrou no seu quarto, trancou a porta e foi direto para a cama, se aconchegando nos cobertores.

Sua mãe estava bem, isso valia mais do que qualquer coisa, mas ainda não acabava com o incômodo dentro da filha. Um dia, teria de voltar. Não poderia se esconder pra sempre, mas essa ideia a assustava, porque com seu julgamento baseado em uma mísera palavra, Amélia Amalla parecia muito bem. Mesmo depois de ter um casamento abusivo e uma filha desaparecida, ela parecia ter superado tudo isso, e não queria levar problemas a ela, já havia passado por muita coisa.

Talvez fosse melhor se não aparecesse. Talvez seja melhor ter uma filha morta do que uma assassina.

Fazia muito tempo que não se sentia dessa maneira, porque de certa forma, havia escondido tudo isso de si mesma, trancando a sete chaves. Então chegou Saxon e arrombou cada cadeado, e agora parecia segurar seu rosto para que não conseguisse desviar o olhar do que tanto temia: seu próprio passado.

Talvez essa fosse outra boa solução para parte do que estava vivendo: encarar por si mesma, por vontade própria. Bucky estava fazendo isso, não estava? Talvez num ponto extremo demais, já que seu amigo era o pai de uma vítima sua, mas... Poderia se inspirar um pouco.

E se sua mãe não quisesse lidar com uma filha homicida, bom... Não a obrigaria, afinal ela própria tinha dificuldades com isso.

[...]

Como já imaginava que iria acontecer, Catalina não dormiu naquele resto de madrugada, não conseguia acalmar seus pensamentos o suficiente para pegar no sono, sempre voltando a pensar nos diversos assuntos, quase todos incluíam pelo menos uma dentre três pessoas.

A primeira, logicamente, era sua mãe. Continuava em dúvidas sobre o que seria certo a se fazer, e não sentia que estava perto de respondê-las, pelo contrário. A segunda, para sua infelicidade, porém necessidade, era Saxon. Não tinha a menor ideia de quais eram os planos dele exatamente, além de ser obcecado pela ideia de que a Hydra era sua família, e que agora traria os "antigos membros" de volta, só que menos humanos. E ela pensando que era um monstro...

A terceira e última, porém, era a única que não lhe deixava agoniada. Pelo contrário, conseguiu acalmá-la quando a própria não estava conseguindo, e isso a preocupava. Bucky Barnes, o antigo Soldado Invernal, que um dia ela julgou como assustador, agora causava o sentimento oposto. Não sabia o que pensar disso, não sabia se era algo bom ou não. Diante de tudo que estavam enfrentando, provavelmente era péssimo, mas estava sendo difícil evitar...

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now