Só olhar pra trás, babaca

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Os passos eram apressados, firmes e violentos contra o concreto acinzentado. Antes que se aproximassem ainda mais dos três, Annabelle aproveitou o pouco tempo de vantagem, se é que poderia chamar dessa forma, para atirar em alguns poucos. Vendo quase todo o pátio, percebeu que não havia esconderijos, então teria que usar o próprio corpo para se safar, embora não soubesse exatamente o que deveria fazer. Iriam derrotar todos e seguir? Para onde? Vinham homens do segundo andar e do subsolo.

Logo, o foco se tornou o combate corpo a corpo. Annabelle lutava com destreza, desviando quando possível e às vezes utilizando um inimigo a seu favor, como escudo ou apenas distração. Claro, como nem tudo era felicidade, a moça também sofreu ataques, principalmente socos, porém isso não a derrubou. Havia estado na Hydra há mais tempo que a maioria deles, havia aprendido mais, participado de mais missões, tudo. E não seria qualquer um que a derrubaria.

O mesmo valia para Bucky. Odiava lutar, sentia que uma parte assustadora de si voltava a aparecer, e o soldado tinha certo receio de que ela tomasse conta, porém usava esse temor a seu favor. De forma totalmente contraditória, quando estava lutando pela sua sobrevivência e a de seus colegas, focava-se tanto que não dava tanto atenção ao seu medo. Porém, quando tudo acabava, tinha sempre que enfrentar outra briga: A para se convencer de que seu passado ficou para trás.

Sam, o mais tranquilo entre os três (o que não era tão difícil), empurrou um dos agentes com o pé, e este foi desacordado por Annabelle, que desferiu um soco em seu rosto antes de voltar a atenção para os que continuavam ali, aproximadamente uns 15.

5 para cada, Annabelle pensou enquanto se jogava no chão de joelhos, não é tão difícil. Passou por uma agente com quem lutava naquele momento e se levantou rapidamente, mal dando tempo para a adversária raciocinar antes de sentir um chute contra suas costas, caindo ajoelhada no chão quando, por fim, foi pega pelo cabelo e jogada contra o chão, não se levantando mais.

Por algum motivo que não soube dizer qual, acabou procurando Bucky com o olhar, encontrando-o bem mais afastado de si, lutando contra dois agentes de uma vez. Já estava começando a ir até ele quando sentiu alguém segurar seu braço direito com uma firmeza assustadora, o que a fez fechar sua mão esquerda segundos antes de se virar e acertar o rosto de quem quer que fosse com uma força considerável. Contudo, a dor que sentiu nos nós dos dedos assim que desferiu o golpe, além de sentir uma dureza fora do normal contra sua mão, como se estivesse socando concreto sob a pele do agente, com uma resistência extra fácil de ser sentida.

Isso atraiu a atenção de Annabelle, mas a mesma não pôde observar seu atual adversário, que ao cair no chão, a puxou pelo braço que segurava, a levando consigo, embora tivesse a soltado em algum momento. Surpresa, a Keenan usou a mão esquerda para se manter ajoelhada e não cair de cara no chão, porém a dor pelo impacto subiu por toda a extensão do seu braço, o que a fez grunhir antes de finalmente olhar para seu adversário.

Demorou um segundo para reconhecer a pessoa na sua frente, arregalando os olhos quando percebeu de quem se tratava. Os cabelos loiros na altura do ombro, tão claros como da última vez que a vira, suas íris azuis com uma malícia bem diferente da seriedade e impaciência que carregavam. Contudo, esse era o menor dos detalhes.

Annabelle a viu morrer dias atrás, em Minnesota, quando havia acabado de ser acordada pela própria mulher. Como?

Um certo desespero tomou conta da castanha, que permaneceu imóvel. Sylvia estava morta, disso ela tinha certeza... Mas como? Era ela, com certeza, o sorriso da moça deixava isso ainda mais claro, a sensação de vitória irradiava da russa, ou seria francesa? Annabelle tinha dúvidas. Sobre tudo, na verdade. Não tinha como aquilo ter sido fachada, mas não fazia o menor sentido...

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now