Seu nome do meio é Bucky?

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WASHINGTON D.C, EUA - 18 DE MARÇO DE 2023

― Parece acabado.

Bucky forçou um sorriso para Yori antes de erguer a xícara de café, tomando um gole minimamente satisfatório. Quando não dormia direito, muitas vezes por conta de pesadelos envolvendo  seu passado, o resto de seu dia era regado àquela bebida forte, e ele tomava constantemente.

Se Yori soubesse de tudo, diria que Bucky na verdade estava ótimo. Fisicamente, parecia muito bem para tudo que havia acontecido, mais do que achava merecer.

O homem abaixou o copo ao pensar nisso. Yori não podia saber. Não agora, pelo menos. Não tinha coragem de contar a ele. Era uma situação que simplesmente não havia maneira boa de revelar, mas Bucky tentava pensar na maneira menos pior para os dois... Caso isso realmente existisse. Talvez só fosse mais um medo seu, não seria novidade. Não era o único.

Parou de pensar nisso quando ouviu o pequeno sino que ficava acima da porta tocar, indicando que havia alguém entrando na lanchonete que Bucky costumava entrar com Yori quase todas as sextas-feiras. Pelo horário, o local estava praticamente vazio, então qualquer pessoa entrando chamava um pouco de atenção.

Olhou de forma quase distraída para a porta, mas enquanto a moça entrava, Bucky arregalou os olhos. Não sabia exatamente quem ela era, mas sentia uma grande familiaridade enquanto a observava. Ela não era dos Vingadores e nem estava na batalha contra Thanos, o que o preocupava. Só havia uma outra situação onde poderia conhecê-la que passava em sua cabeça, e esperava muito que não fosse.

Ela era mais baixa do que Bucky, o que sinceramente não era difícil, e tinha os cabelos castanhos até a altura do peito, mais ou menos. Seus olhos castanhos pareciam enxergar tudo ali dentro, observando cada detalhe e parando um pouco demais no antigo soldado, o que fez ter certeza de que ela o conhecia, para sua infelicidade.

A jovem disfarçou logo em seguida, desviando o olhar para frente e andando até uma mesa bem afastada deles, aproveitando para encostar as costas na parede, com a oportunidade de poder observar toda a lanchonete, ou talvez quisesse vigiar o local. Essa hipótese fez subir um frio na espinha de Bucky, que tomou mais um gole de seu café, dessa vez tentando reprimir seu nervosismo.

Não queria mais nada disso. Não queria contato com a Hydra mais, ou com qualquer um que o lembre daquilo... Só queria paz.

Olhou rapidamente para Yori, vendo que o senhor continuava agindo com normalidade, sem perceber nada estranho, e voltou a encará-la enquanto a atendente, uma moça muito gentil, foi atendê-la. O pedido foi breve, Bucky tinha quase certeza de que havia sido café também. O mais genérico possível, se é que tinha direito de falar isso, já que havia pedido o mesmo.

Seu olhar encontrou com o dela mais uma vez, e tudo que a moça fez foi erguer brevemente as sobrancelhas antes de voltar sua atenção para o resto do estabelecimento, quase que de forma inocente.

Quase. Bucky tinha a certeza de que era fingimento. Sua intuição gritava isso.

― Ela é bonita.

― Quê? ― Bucky perguntou, desviando o olhar para Yori, mas ainda sem prestar muita atenção no senhor ao seu lado, atento para qualquer coisa que pudesse dar mais um indício de problemas.

― A moça que você não para de olhar, ela é muito bonita.

Dessa vez, o rapaz deu atenção ao amigo, percebendo que a situação toda deveria estar parecendo outra coisa. Claro, a moça realmente era bonita, e tinha uma determinação no olhar que Bucky não ignoraria em circunstâncias normais, mas ela definitivamente não parecia confiável.

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now