Eu queria ter feito pior

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AVISO: Cenas de xenofobia no capítulo

Quando, novamente, ouviu a voz de sua mãe no telefone, agora começando a ficar estressada ainda por alguém ligar e nunca dizer nada pela segunda vez, Catalina se sentiu aliviada. Nada havia acontecido, e se desse sorte, continuaria daquela forma. Sabia que o azar parecia estar mais ao seu lado do que qualquer outra coisa, mas se apenas aquela situação se manteve estável, não iria reclamar.

― Não é nada grave, Sarah, eu prometo. ― Ouviu Sam falar no telefone. ― Não, tô só ajudando uns amigos!

Se sentou na cama, próxima a Bucky, que parecia distraído até a chegada da moça.

― Pelo visto, ganhei um novo amigo... ― Murmurou. Bucky franziu o cenho.

― Só um?

O encarou. Uma parte sua queria dizer que, se ele quisesse, poderia ser mais que uma amiga. A outra parte não gostava de arriscar, além de pensar que aquela era a pior situação possível para falar algo do tipo. Decidiu investigar um pouco para escolher qual lado levar em conta.

― Não sei, no começo você parecia me querer bem longe, e agora se preocupa... O que somos, Bucky?

Bucky não sabia se era impressão sua ou se Catalina realmente teve outra intenção ao fazer aquela pergunta. Algo em seus olhos o fazia pensar que não foi por acaso, sendo o suficiente para seu coração disparar. Não precisou pensar muito para respondê-la.

― O que você quer que a gente seja?

Catalina sorriu. Se estava tão disposto a não dar o braço a torcer, então talvez realmente houvesse algo a mais ali. O olhar que Bucky lançava em sua direção também a fazia acreditar nisso, envolvendo-os em uma certa tensão que a moça considerou maravilhosa.

Pensou como responder, em como poderia provocar um pouco mais, não querendo ser direta em excesso, afinal isso não era tão divertido. Contudo, para a infelicidade de ambos, a ligação de Sam encerrou-se e a atenção dele voltou aos dois.

― Eles estão todos bem, por sorte... Minha irmã ficou nervosa, mas... Tudo certo.

― Que bom, Sam... ― Bucky respondeu, olhando para o amigo enquanto sentia aquela excitação murchar.

Catalina assentiu com a cabeça, mantendo os olhos no herói por tempo demais. Por que ele não continuou no telefone? Perguntasse as notas dos sobrinhos, se necessário!

― E com a sua mãe?

Essa pergunta fez a irritação na moça se dissipar, sendo substituída pela consciência de que aquele não era mesmo o momento adequado para qualquer tipo de flerte.

― Tá bem, acho que quase me xingou por eu não falar nada, mas... Parece ótima.

― Não pensa em dizer alguma coisa? ― Sam perguntou, parecendo verdadeiramente interessado.

Catalina hesitou em responder, precisando pensar um pouco, enquanto curiosamente, Bucky já tinha uma ideia de qual seria a resposta. Tinha medo de aparecer, com certeza, e principalmente de contar tudo que já havia feito, mas... Sabia que esse tipo de coisa jamais deveria ser dita por telefone, e sua mãe iria querer respostas a partir do momento em que ouvisse sua voz.

― Pessoalmente... Mas, não agora.

Um dia. Só não sabia qual.

Bucky voltou a olhar para Catalina, desta vez se compadecendo pela moça. Afinal, ela não era a única que criava coragem para falar alguma coisa. E, assim como ela, não poderia dizer por telefone. Por Deus, Yori tinha dito que ele era como um filho... Como iria dizer "eu matei o seu filho biológico"?!

Déjà Vu • Bucky BarnesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora