Ela não me vê a anos...

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Mamãe, venha aqui
Aproxime-se, apareça
Papai, eu estou sozinho
Porque esta casa não parece com um lar
Se você me ama, não deixe ir
(Unsteady - X Ambassadors)


― Que foi? ― Bucky perguntou. Seu modo despreocupado, mesmo depois do que havia escutado através da porta, fez Sam franzir o cenho.

Por que diabos ele havia ficado todo nervoso antes e agora não dava a mínima para Annabelle?!

― É, que foi?

Sam virou o rosto para que pudesse enxergar um pouco atrás de Bucky, vendo a moça se levantar da poltrona onde estava, aparentemente despreocupada.

― Ah... Ela tá aqui.

Annabelle deu uma risada baixa e fez sinal para ele entrar no quarto do Barnes, que abriu mais ainda a porta, deixando-o passar. A jovem se sentou em uma poltrona que havia no quarto, enquanto os dois observavam em silêncio.

― Eu fui ver se estava bem, mas... Ninguém abriu a porta. Achei que poderia ter acontecido alguma coisa, mas você parece ótima. ― Sam rapidamente explicou, tentando disfarçar o quanto havia estranhado ela estar ali.

― Na medida do possível... ― Ela respondeu. ― Vim conversar um pouco.

Bucky ficou em silêncio. Catalina não havia mentido, mas percebeu que ela não estava disposta a falar sobre o assunto de sua conversa, e ele também não iria contar nada a Sam.

― Entendo... E você, cara?

― Oh, nunca estive melhor. ― Bucky respondeu, irônico.

Contudo, se sentia culpado em pensar que, na verdade, mesmo após a morte de seu melhor amigo, já se sentira com a corda um pouco mais enrolada no pescoço. O mundo inteiro praticamente esteve procurando por ele, pronto para matá-lo, e embora essa situação fosse mesmo tensa... Não se sentia tão sozinho, mesmo que Steve não estivesse por perto. Isso não fazia a dor sumir, com certeza não, mas era um pequeno conforto que recebia, algo que com certeza não estava acostumado a ter.

― Então... Vamos ver os papéis? ― Sam quebrou o silêncio.

― Claro... ― Catalina concordou, se levantando da poltrona com certa dificuldade, sentindo a dor espalhar-se pelo corpo. ― Já vou pegar...

― Quer ajuda? ― Bucky perguntou, verdadeiramente preocupado.

Sam, sem disfarçar bem, franziu o cenho. Pra quem era um cavalo, Bucky estava educado demais... Já Annabelle parecia não pensar nisso, pelo contrário, ela deu um sorriso que o Wilson também considerou fora do comum antes de responder.

― Eu consigo sozinha, mas valeu...

Enquanto ela saia do quarto do Barnes, Sam começou a pensar sobre o que poderia estar acontecendo e logo chegou em uma alternativa bem óbvia, que o fez virar seu rosto em direção a Bucky com um sorriso praticamente diabólico.

― O que exatamente está acontecendo por aqui, meu amigo?

Bucky desviou o olhar da porta e voltou a olhar para Sam, percebendo o sorriso do amigo.

― Não sei do que tá falando...

― Ah, sabe sim... Sabe muito bem! ― Sam respondeu, dando um risinho. ― Chama ela pra sair!

Já era a segunda pessoa que sugeria isso a Bucky, mas pela primeira vez, ele chegou a considerar a ideia por alguns segundos antes de se dar conta de que era totalmente inviável.

― É, que tal... "Podem nos matar a qualquer momento, mas quer ir jantar comigo?" ― Bucky respondeu, tentando fazer com que Sam compreendesse.

― Primeiro: isso não vai durar pra sempre. ― o Wilson fez questão de continuar, indicando o número dois com as mãos. ― Segundo: Você não negou! E terceiro... Leva pra um cinema, ela tem cara de quem gosta.

Déjà Vu • Bucky BarnesWhere stories live. Discover now