Starboy - Romanogers

Distração

[N/A: Sim! Eu ainda preciso responder os comentários do capítulo anterior, que inclusive me fizeram muuuuito feliz! Esse capítulo é mais para linkar as ideias, espero que gostem, porque vem chumbo pesado por aí logo, logo! Obrigada a todo mundo que dá engajamento para esta história, há muito tempo nada me empolgava assim! Amo vocês <3 ]

As duas fizeram um longo silêncio. Yelena desviou os olhos da câmera. Estava com uma camiseta amarela e o cabelo num coque para cima, parecendo ter sido pega de surpresa em casa. Nat não sabia o que dizer. Nenhuma das duas tinha sequer cogitado que aquilo pudesse acontecer até a mãe ficar doente.

"Ye, você sabe que não é certeza que vá ficar-"

"Ficar como?" a mais nova a interrompeu novamente. "Que nem a mamãe? Nesse final de semana, ela se esqueceu de onde estava umas quatro vezes, Natasha. O que quer que eu pense?"

O tom da irmã era cortante e impaciente. Nat se sentiu atingida por um tapa. A mãe estava piorando.

"A gente só descobriu o que a mamãe tinha quando ela já estava doente. Com você é diferente. Podemos prevenir, você não tem sintoma algum-"

"O que deu o seu?" Yelena a interrompeu pela terceira vez. Nat engoliu em seco. Não podia mentir.

"Não abri."

A mais nova olhou para a tela como quem não estava entendendo nada.

"Como assim? Por que não?"

Natasha deu de ombros, com medo do que ia dizer.

"Porque para mim não faz diferença."

Yelena a olhou impassível por um bom minuto.

"E toda a conversinha que acabou de me falar sobre tratar precocemente?"

Natasha ficou calada, sem olhar para a câmera. Yelena então riu, insatisfeita.

"Não acredita que isso funcione, não faz diferença, então por que vem com essa conversinha para cima de mim? Para eu me sentir melhor?" o tom dela era extremamente acusador, e Natasha se sentiu ferida.

"Não disse isso, só não quero viver com essa ansiedade, mas acredito sim que você nem vai ficar do-" Natasha tentou barganhar, mas novamente foi interrompida.

"Tanto faz. Não importa. Não precisa mentir só para fazer eu me sentir bem."

Ela desligou antes que Nat pudesse dizer mais alguma coisa. Instantaneamente, a sensação do coração ter escorregado para o estômago se apossou dela, e sentiu falta de ar.

Se levantando da cadeira do escritório, saiu em direção à cozinha. Tomou um enorme copo d'água, mas a sensação ruim não passou. Várias coisas passaram pela cabeça dela: a mãe estava piorando, quanto tempo levaria até ficar mal de uma vez? E se Yelena ficasse doente? E se ficasse doente antes do que qualquer uma delas estivesse esperando? E se Yelena e Melina ficassem doentes ao mesmo tempo? E se o resultado de Natasha fosse positivo? E se as pequenas falhas de memória que tinha devido ao cansaço fossem na verdade sintomas de que ela já estava doente? E se ficassem as três doentes? Quem ia cuidar de quem? Como ia ser, Natasha era só, não era mais casada, não tinha filhos. Filhos, nunca ia poder ter filhos? Mas ela queria ter filhos? E se quisesse?

Quando percebeu, estava chorando. O peito doía. Estava sendo hipócrita com Yelena, mas não aguentaria. Saber era pior. Passava a vida planejando tudo, a dela e a dos outros, mas o que poderia planejar com um resultado daqueles? Só queria viver normalmente...

As lágrimas caíam rápidas, desesperadas, e ela ofegava apoiada na pia. Liho olhou para Natasha com a carinha preta por entre as pernas da tutora, obviamente preocupada. Ela a pegou e deu um beijinho na cabeça do animal, como se não quisesse que ela se preocupasse, mas continuou chorando. Se estivesse doente, quem cuidaria da gatinha?