Falta

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[N/A: Mais um! Ou será que é menos um? Logo vou responder todos os comentários que ainda não respondi! Gostaria de agradecer o carinho de vocês e também avisar que estou com uma história nova - water under the bridge - quem gostar do que eu escrevo, vale a pena conferir! Obrigada pelo carinho de vocês! Um beijo <3]

Nat congelou com a escova dentro da boca. Sem responder, escovou os dentes sem demora. Steve sabia que tinha algo errado ali. Se não tivesse, Natasha teria dado risada, ou no mínimo, xingado ou dado alguma resposta espertinha.

Nada.

Lentamente, ela secou o rosto e evitou o olhar dele. Se dirigiu à porta do banheiro, mas ele não a deixou sair, segurando-a pelos cotovelos sem usar força.

"Não vai me dar o tratamento silencioso dessa vez, Natasha."

Os olhos verdes dela encontraram os dele, e ela desviou.

"Não estou dando tratamento nenhum, quero comer, estou enjoada e morrendo de fome, podemos?" ela rolou os olhos de leve.

Steve sorriu, sem deixá-la ver; tinha sentido saudades do mau humor dela.

"Podemos."

Ela foi andando na frente. Steve olhou admirado enquanto ela tomava um copo d'água que devia ter quase meio litro e atacava um pacote de... bolachas cream cracker?

Nat viu o olhar questionador dele e deu de ombros.

"É a única coisa que consigo comer quando estou assim. Ou as refeições de madrugada. Só."

Aquilo ainda não respondia à afirmação dele, então se sentou no banquinho ao lado dela.

"Então não é só vômito de nervoso... Certo?"

Ela parou de mastigar, e pareceu pensar por um segundo. Só fez que sim com a cabeça.

"Quando descobriu? Achei que usava DIU." ele disse, e ela olhou para ele com uma expressão entre assustada e pronta para a briga ao mesmo tempo. Steve ergueu as mãos. "Não estou reclamando. Só quero saber o que aconteceu."

Nat deu de ombros.

"Eu troquei e fui para a Rússia sem fazer os exames de sempre, para saber se estava tudo bem. Aconteceu que estava fora do lugar. Não sei se ficou fora do lugar logo ou se aconteceu depois. Eu não percebi, quem me alertou foi a stalker da Darcy." Natasha riu pelo nariz. "No dia seguinte, Yelena e Maria foram comigo até o hospital, fiz um ultrassom. Estava com sete semanas, já faz três."

O que significava que ela estava se aproximando do terceiro mês. Steve ficou parado, imóvel, pensando em várias coisas e em nada ao mesmo tempo.

"E o que achou? Como está a respeito de tudo isso?" conseguiu perguntar, depois de algum tempo.

"Não sei, sinceramente. Você não estava aqui, e também... Tive que pedir a cópia do teste genético que fiz para Alzheimer meses atrás. Quando chegou, eu não quis abrir. Quando descobri... Decidi que não ia querer levar adiante se fosse positivo." os olhos dela se encheram de lágrimas. "Eu não sabia se você ia voltar. Tinha medo de ficar doente e essa pessoinha não ter ninguém com quem contar. Mas não deu positivo, deu negativo, e agora você sabe, e a coisa toda é muito mais real do que antes." ela secou as lágrimas. "Ainda não sei como me sinto. Estou feliz, sinceramente, mas também estou apavorada, e não sei qual emoção é mais forte."

Steve ficou em silêncio. Pegou a mão de Natasha, que não protestou. Depois de alguns minutos, ela perguntou,

"E você?"

Steve tirou o cabelo do rosto, tentando clarear as ideias, mas não adiantou.

"Não sei. Eu nunca fiz esse tipo de plano. Você sabe que eu nunca tive uma relação maravilhosa com meu pai. Nunca me imaginei sendo um. Não estou triste, nem desesperado, pelo contrário. Afinal, não tem ninguém com quem eu prefira ou me imagine fazendo isso que não seja você. Só não sei como vai ser. Como eu vou ser."

Ela não respondeu, só apoiou a cabeça no ombro dele, contemplando.

Mais tarde, ambos estavam na sala. Tinham colocado um filme qualquer para assistir, mas Nat tinha dormido, a cabeça apoiada em uma almofada no colo de Steve. Ele passou a mão pelo cabelo dela, que respirava lento, não dando sinais de acordar nem tão cedo.

Tentou imaginar Natasha mãe. Teve um visual claro dela cuidando de um bebê, toda desajeitada; segurando uma criança aprendendo a andar; ensinando a ler; imaginou-a conversando com um adolescente sobre assuntos delicados. Conseguia vê-la; desastrada, amorosa, enérgica... Como com todo o resto.

E queria estar lá.

Mais tarde, estavam se preparando para dormir. Mesmo tendo dormido a tarde toda, Nat estava sonolenta, e ele achou adorável. Estava de frente para ela, que tinha os olhos semi abertos. Tirando uma mecha vermelha do rosto dela, se aproximou mais.

"Acho que você vai ser uma mãe incrível."

Os olhos dela se acenderam, todo resquício de sono sumido.

"E quero estar aqui para ver isso acontecer e tropeçar junto com você."

Nat ficou imóvel por uns cinco segundos. Steve temeu que talvez aquilo não fosse nada do que ela queria, que já tivesse decidido, mas então, ela deu um impulso e pôs uma perna de cada lado dos quadris dele, o beijando em seguida.

"Eu te amo." ele disse, mas ela não respondeu, tirando a blusa do próprio pijama ao invés disso e permitindo que Steve explorasse o corpo dela pela primeira vez em meses.

Não demorou quase nada para estarem se movendo juntos. Steve nunca deixava de se surpreender com como Natasha era realmente linda, e mais ainda em cima dele, como nunca deixava de lembrar.

Estava de olhos fechados quando sentiu uma lágrima quente caindo sobre o próprio abdômen. Ao olhar, Natasha, com o rosto vermelho pela excitação, tinha os olhos molhados. Não úmidos pela adrenalina e o tesão, mas como se estivesse chorando.

"O que foi?" ele esticou a mão para o rosto dela.

"Senti sua falta."

Ele a virou sob si, prolongando o momento a despeito do sono que Natasha estava sentindo...

~

Era sexta de manhã. Natasha tinha acabado de entrar no carro de Steve. O funeral da mãe começaria às nove, mas eles tinham conseguido uma consulta com a ginecologista que Natasha costumava se consultar. Já que tinham decidido seguir em frente com a gestação, era hora de acompanhar.

Ela teve uma longa conversa com a médica sobre tudo. Já tinha tirado o DIU duas semanas antes. Steve só escutava pacientemente, observando como Natasha estava ansiosa, respirando rápido, mas com os olhos brilhando e o sorriso dos lábios tremendo, mas sincero.

Ela estava feliz, apesar de todo o medo e toda a tristeza pela morte de Melina.

Depois de uma conversa longa sobre coisas que ele não entendia direito, era hora de ver como estavam as coisas.

Naquele momento, Steve não estava prestando atenção à conversa ou ao que a médica dizia. Observou Nat deitada na maca, a barriga levemente projetada do corpo mais magro do que de costume, os pés dela se curvando em reação ao gel frio; a tela mostrando formas arredondadas e um contorninho familiar de um mini ser humano.

Um barulho rítmico e rápido enchendo a sala e Natasha apertando a mão dele com força, olhando-o com os olhos verdes cheios de lágrimas, sorrindo.

Ele nunca tinha sentido nada igual.

E quando pegou a mão dela para irem ao velório de Melina, sentiu o verdadeiro simbolismo de tudo aquilo: estavam prontos para enfrentar as melhores e as piores situações juntos.

[N/A: Dava perfeitamente pra eu encerrar a fic aqui, mas não vou! Comentários?]

Starboy - RomanogersWhere stories live. Discover now